CRIME ORGANIZADO, ESTADO DESORGANIZADO



CRIME ORGANIZADO - PCC

O Norte e o Nordeste do país são as mais novas fronteiras da expansão do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Brasil. As duas regiões, onde três grandes rebeliões já causaram a morte mais de cem presos nos primeiros dias deste ano, têm hoje cerca de 6 mil criminosos ligados à facção de origem paulista. Isso corresponde a cerca de 33% de todos os filiados à organização.

O Sudeste tem cerca de 43% dos membros do PCC. O Sul tem quase 16%; e os Estados do Centro-Oeste, 7% dos filiados à organização.

Os dados foram levantados em agosto do ano passado pelo Centro de Segurança Institucional e Inteligência do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) e abrangem integrantes presos e em liberdade. Não são oficiais já que o PCC opera na ilegalidade e, portanto, é impossível a realização de uma contagem exata.



Mesmo assim, segundo o promotor Lincoln Gakiya, que há anos investiga o crescimento da facção, os números dão uma noção sobre como o PCC atua com força em diversas regiões do país. "No Estado de São Paulo [onde o PCC surgiu há cerca de 30 anos], estimamos que existam 7.000 pessoas filiadas à facção. No Ceará, já são cerca de 1.400", afirmou o promotor. "Ou seja, para cada cinco criminosos 'batizados' pelo PCC em São Paulo, já temos um 'batizado' no Ceará."
De acordo com o MP-SP, os noves Estados do Nordeste juntos têm 3.818 criminosos filiados ao PCC. Depois do Ceará, Alagoas é o Estado com mais 'batizados': são 970. O Rio Grande do Norte vem em seguida, com 446 membros.

Justamente no Rio Grande do Norte, na Penitenciária de Alcaçuz, uma rebelião matou 26 presos no sábado (14). Desde então, detentos permanecem fora das celas provocando seguidos tumultos.

Segundo autoridades, o motim é motivado por disputas entre o PCC e o Sindicato do Crime do RN, uma facção local. "Estão as duas facções de frente, uma para a outra, tentando se enfrentar ", descreveu o vice-diretor da Penitenciária Alcaçuz, Jocélio Barbosa, ainda durante os confrontos desta semana.

Confrontos entre facções no Norte
Disputas entre o PCC e outra facção, a FDN (Família do Norte), motivaram outras duas rebeliões ocorridas na região Norte: em Roraima e Amazonas. No dia 6, 31 presos morreram na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista (RR). Dias antes, 56 internos morreram no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em Manaus (AM).

Investigações do MP-SP apontam que Roraima tem 782 criminosos ligados ao PCC. Já o Amazonas tem 116. Toda a região Norte possui mais de 6 mil filiados (13% do total do país).

"O PCC está em campanha em busca da supremacia no crime organizado no país", disse Gakiya ao UOL. "Esses confrontos estão ligados a esse processo. "

Estados monitoram expansão
Promotorias de outros Estados confirmam a chegada do PCC em diferentes regiões do país. Na Bahia, onde a facção tem 216 membros, ela atua como fornecedora de drogas para quadrilhas locais. Esse papel já foi identificado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MP-BA (Ministério Público do Estado).

Por causa dessa relação comercial, o MP-BA informou que o risco de confronto entre grupos de criminosos contra o PCC é menor. Mesmo assim, os filiados à facção paulista são separados em presídios.

O Gaeco do MP-CE (Ministério Público do Ceará) também confirma a presença do PCC no Estado. O órgão informou, porém, que não tem estimativas sobre o número de membros da quadrilha.

Para os membros do MP ouvidos pelo UOL –seus nomes foram preservados por questões de segurança--, o método de atuação do PCC facilita sua expansão. "Eles são muito organizados. Aproveitaram-se de divisões dentro de outras facções e ganharam espaço", disse um promotor baiano.

Procurado para comentar a atuação do PCC, o Ministério da Justiça informou que "só acompanha a presença de integrantes de facções nos presídios federais".

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ENFRENTAMENTO DA BANDIDAGEM CONTRA O ESTADO DESPREPARADO

Tráfico manda fechar comércio de bairro boêmio do Rio por 2 dias consecutivos.

Os estabelecimentos comerciais da Lapa, na região central do Rio de Janeiro, encerraram o expediente mais cedo e fecharam as portas no meio da tarde de segunda (17) e terça-feira (18) após ordens de traficantes da região.
Pelas redes sociais, moradores relataram o clima de tensão no bairro: "Toque de recolher na Lapa. Todas as lojas fechadas, do Cores da Lapa até o Bairro de Fátima", escreveu um internauta.
Uma academia do bairro chegou a colar um cartaz pedindo desculpas pelo inconveniente. "O tráfico da região mandou fechar todos os comércios e por medidas de segurança acatamos a ordem dada. Pedimos desculpas e agradecemos a compreensão", diz o cartaz em frente a uma das lojas da rede SmartFit.

Academia pede desculpas ao público e culpa tráfico
A região, onde está situada a 5ª Delegacia de Polícia (Lapa), teve o policiamento reforçado por policiais militares do 5º batalhão. "A situação no local é tranquila, porém alguns comerciantes fecharam suas lojas", informou a PM. Segundo a corporação, a situação foi normalizada nesta quinta (19).
Um homem foi preso no fim desta quarta, apontado como o responsável por ordenar o fechamento do comércio. Segundo a PM, Carlos Jesse de Souza Vilazio, 23, foi identificado por testemunhas e pelas câmeras de segurança dos estabelecimentos e detido acusado de associação ao tráfico de drogas.
De acordo com a Polícia Civil, que investiga o caso, a ordem seria uma represália à morte de um chefe de um ponto de venda de drogas na rua André Cavalcanti, no bairro. Ele foi morto no começo da semana em uma operação da PM na favela Morro do Fallet, em Santa Teresa.
Apesar de contar com uma Unidade de Polícia Pacificadora desde 2011, a região tem sofrido com tiroteios constantes. No fim de dezembro um turista italiano morreu ao entrar por engano de moto na favela.
DIA 19-01-2017
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Bandidagem parece tirar militares para dançar

Josias de Souza 19/01/2017 04:04
Em reunião com um grupo de nove governadores, Michel Temer Temer oscilou entre o realismo e o otimismo ao comentar, nesta quarta-feira (18), o papel dos militares na crise das prisões. Soou realista ao admitir que as inspeções das Forças Armadas, sozinhas, não resolverão a encrenca. Soou otimista ao dizer que os militares ateariam medo nas facções criminosas. “É fator de atemorização para aqueles que estão nos presídios. E fora também.”
Horas depois, o Sindicato do Crime, facção majoritária no Rio Grande do Norte, promoveu nova rebelião dentro de um presídio,  dessa vez na cidade de Caicó. E ordenou às suas falanges que tocassem o terror do lado de fora das penitenciárias —em Caicó e também na capital, Natal. Tudo isso no dia em que o governador Robinson Faria requisitou formalmente a Temer as inspeções fardadas nas prisões.
Foi como se a bandidagem potiguar, numa coreografia ilógica, que desafia até a estabilidade dos negócios da facção, tirasse o Exército, a Marinha e a Aeronáutica para dançar. Foi como se o Sindicato do Crime, aliado local do Comando Vermelho carioca e inimigo de uma franquia nordestina do PCC paulista, estivesse encantado com as aparições na Globo, no noticiário vizinho da novela.
Produziu-se pelo menos mais uma morte dentro da cadeia. Incendiou-se a cozinha da prisão de Caicó. Queimaram-se carros do governo e ônibus em Caicó e na capital. Depois de molhar a camisa o dia inteiro, a população trabalhadora de Natal ficou sem transporte público à noite. As empresas recolheram os veículos.
Em Brasília, no encontro com os governadores, Temer dissera que é preciso liquidar o quanto antes com “esse drama infernal” que produz massacres em série nas prisões. Referindo-se ao extermínio de pelo menos 138 presos, muitos deles decapitados e amputados, Temer comentou:
“Quando as imagens chegam à TV e, mais drasticamente, por WhatsApp e internet, são cenas pavorosas, muitas vezes inimagináveis, muitas vezes difíceis de olhar. Recebi muitos depoimentos dessa natureza. Precisamos minimizar, acabar com isso, liquidar com esse assunto.” Hã, hã…
Construída com método durante décadas de descaso, a tragédia dos presídios não será resolvida do dia para a noite. Se o Estado começasse a fazer tudo certo hoje, talvez começasse a enxergar algum resultado em 30 anos. Por ora, Temer precisa rezar para que as inspeções dos militares não descambem para o fiasco. Ou para a tragédia. Depois dessa aposta, só mesmo chamando o Batman. Ou o Super-Homem.

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CONCLUINDO

O enfrentamento do crime organizado contra as instituições brasileiras é palpável e acentua a perplexidade  dos homens públicos incompetentes que ocupam cargos acima de suas capacidades.
Num país onde os políticos só se preocupam em roubar e corromper, o crime organizado parece mais um concorrente que um inimigo.
Fica para nós, o povo, o medo e a incerteza.
Até quando?

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