A Farsa de Aparecida, a Padroeira do Brasil.
Isaías 45:20 - Congregai-vos, e vinde; chegai-vos juntos, os que
escapastes das nações; nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens
de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.
A idolatria tem um nome especialmente destacado no Brasil, a dita “Senhora
de Aparecida”.
Eu sempre fui muito combativo quanto à idolatria em todos os seus
aspectos e em todas as suas formas.
Aos poucos as pessoas acabam entendendo que idolatria não é coisa de Deus, que adorar ídolos e imagens se torna abominação para Deus e traz maldição sobre a vida de quem a pratica.
Porém, quando nos deparamos com os católicos fanáticos por esta
"santa", não há argumento que consiga mover seus corações endurecidos
pela crença que os faz inacessíveis à palavra de Deus.
Abaixo transcrevo, ou melhor, compilo um artigo publicado por um
ex-padre, o qual foi muito devoto da dita Santa, até que a realidade
demonstrou-lhe o vazio existencial desta crença insana.
É tão esclarecedor que eu apenas concluo dizendo, leiam e releiam e
meditem no tamanho da farsa que a igreja montou em torno desta mina de ouro.
Leiam com atenção, é algo muito esclarecedor.
A História
da Aparição de N. Sª Aparecida
A História da Aparição de Nossa Senhora Aparecida
Desde muito
criança, aprendi a ser devoto ardente da Senhora Aparecida, padroeira do
Brasil.
Como bons católicos, meus pais enviaram-me, aos seis anos
de idade, ao catecismo paroquial na igreja matriz de São Joaquim da Barra
(Estado de São Paulo), minha terra natal...
Lembro-me perfeitamente. Foi no último domingo do mês de
maio de 1931. Nossa aula de catecismo precisou terminar mais cedo, antes das
três horas, por causa da procissão do encerramento de maio, o mês de Nossa
Senhora. As naves do templo reboavam com a celeuma da azáfama enorme. As filhas
de Maria davam os retoques finais nos andores. O da Imaculada Conceição estava
sendo ornamentado na casa de Dona Sara, a presidente da Pia União das Filhas de
Maria. Iríamos vê-lo na hora da procissão sair. Reinava irriquieta curiosidade
na expectativa de uma grande e agradável surpresa. A imagem precisava ser mesmo
um deslumbramento porque seria coroada ao final da procissão, sob a chuva
intensa dos multicoloridos fogos de artifício.
Rarissimamente nosso vigário, o padre Eugênio, aparecia no
catecismo. Nos domingos à tarde, o seu grande compromisso se resumia em,
cervejando, jogar baralho no bar do Paulo Trombini, ao lado do cinema
local.
Naquele domingo ele foi. Insofrido, depois de haver
explicado que cada país, cada estado, cada cidade tem um santo protetor,
contou-nos que o papa declarara Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.
Elucidou, ainda, que Maria Santíssima é uma só e que as diversas e muitas denominações
a ela atribuídas não supõem diversas "nossas senhoras". É uma só!
Tendo, porém, se manifestado em Lourdes, é chamada "Nossa Senhora de
Lourdes"; tendo aparecido em Fátima é dita "Nossa Senhora de
Fátima"; etc. Relatou-nos, também, como apareceu "Nossa Senhora
Aparecida" no Rio Paraíba. Explicou que o Rio Paraíba não ficava no Estado
desse mesmo nome, porém, sim no Estado de São Paulo. Informou-nos, ainda na sua
pressa, que no dia 31 daquele mesmo mês de maio, no Rio de Janeiro, a então
Capital da República, haveria uma grande festa, com a presença de todos os
bispos do país, para coroar rainha do Brasil a Senhora Aparecida.
Lembro-me, outrossim, do meu encantamento quando, na
procissão, vi o andor, o mais lindo de todos: Todo iluminado, ornamentado de
lantejoulas e ladeado de duas bandeiras brasileiras, e a imagem sobre o globo
terrestre onde apareciam os contornos do mapa de nossa Pátria.
No sermão, o padre convidou os fiéis para assistirem à
missa do dia 31 em regozijo pelas solenidades a se darem no Rio de Janeiro,
oportunidade em que, a propósito, informou, contaria os fatos relacionados com
a aparição da miraculosa santa.
Com efeito, nesse dia, relatou: Certa ocasião, o
Governador da Capitania de São Paulo, Conde de Assumar, em viagem para Minas
Gerais, pernoitou em Guaratinguetá, no Norte do nosso Estado. Então a Câmara
local decidiu oferecer-lhe um banquete com uma grande variedade de pratos à
base de peixe. Os três pescadores, Domingos Martins Garcia, João Alves e Felipe
Pedroso foram ao Rio Paraíba (Em cuja margem direita se localiza a Cidade de
Guaratinguetá). Principiaram a lançar suas redes no Porto de José Correia
Leite, descendo até o Porto de Itaguassu, onde João Alves, ao lançar sua rede,
de rasto, tirou o corpo de uma imagem, sem cabeça, e, lançando mais abaixo
outra vez a rede, tirou a cabeça da mesma estátua. Os esforços, antes
improfícuos, tornaram-se recompensados de êxito com pescaria abundante. A
cabeça ajustou-se exatamente ao corpo da imagem e, maravilhados, os pescadores
viram ambas as partes colarem-se fixamente, apenas encostadas. Foram os dois
primeiros milagres da Senhora Aparecida no Rio Paraíba, aos 13 de outubro de
1717.
E prosseguiu o vigário no seu conto: Felipe Pedroso,
piedosamente, levou o achado para sua casa, onde o conservou pelo espaço de
seis anos. Muita gente da redondeza ia, especialmente aos sábados, rezar diante
do oratório.
Em 1743, construiu-se uma capela. Em 1846, iniciaram-se as
obras de ocnstrução de um templo mais vasto, concluídas em dezembro de 1888 e
permanecem na atual basílica.
Após o relato do seu conto, o nosso vigário perorou a sua
prédica, conclamando aos presentes que se postassem de joelhos, para, em
uníssono, repetirem uma reza à Senhora Aparecida coroada, naquela hora, lá no
Rio de Janeiro, padroeira e rainha do Brasil: "Escolhendo por essencial
padroeira e advogada da nossa Pátria, nós queremos que ela seja inteiramente
Vossa. Vossa a sua natureza sem par, Vossas as suas riquezas, Vossos os campos
e as montanhas, os lares e os rios, Vossa a sociedade, Vossos os lares e seus
habitantes, com seus corações e tudo o que eles têm e possuem; Vosso, enfim, é
todo o Brasil... Por Vossa intercessão, temos recebido todos os bens das mãos
de Deus e todos os bens esperamos ainda e sempre, por Vossa
intercessão...".
Durante os anos do meu curso primário, sempre assisti e
participei de comemorações de nossas datas nacionais, em cujos programas sempre
se acentuou a Nossa Senhora Aparecida. Para mim, ser devoto da Senhora
Aparecida era condição indispensável para ser bom brasileiro.
Concluído o curso ginasial, fui para Campinas (Estado de
São Paulo) estudar no Seminário Diocesano Nossa Senhora Aparecida, onde não se
ouvia um sermão sem que ela fosse mencionada. A jaculatória: "Nossa
Senhora Aparecida, rogai por nós!" repetia-se ao final de cada dezena do
rosário. No altar-mor da capela, encontrava-se a sua imagem.
Aconteceu, em setembro de 1942, o Quarto Congresso
Eucarístico Nacional, em São Paulo. A Senhora Aparecida foi intitulada
"Peregrina do Congresso". Programou-se o comparecimento da verdadeira
imagem. Então, certa noite, o diretor do Seminário foi à capela pedir que
rezássemos para que ela ficasse mesmo em São Paulo durante os dias do
congresso. E, depois de haver eu ouvido pela centésima vez o relato de sua
aparição, o padre destacou esta particularidade: "Depois de haver
aparecido, os pescadores levaram a imagem para a casa de um deles, Felipe
Pedroso, onde ficou alguns anos. Numa manhã, a família espantada deu pela falta
da santa. Ansiosos, todos foram procura-la. Encontrara-na, depois de tanta
angústia, no alto da colina. Levaram-na, de novo, para o seu altarzinho antigo,
na casa do pescador. Poucas noites seguintes, ocorreu o mesmo incidente.
Desconfiaram os devotos que Nossa Senhora Aparecida queria ficar numa igreja
construída no alto do morro. Vieram as contribuições, a capelinha foi edificada
e a imagem entronizada em seu altar, donde saíra uma única vez, em maio de
1931, quando fora levada ao Rio de Janeiro para ser coroada Rainha e Padroeira
do Brasil."
Receava-se agora, esclarecia o padre, que Nossa Senhora,
durante à noite, voasse de São Paulo para a sua basílica em Aparecida do
Norte.
Pedia-nos rezas e mortificações para que a Santa Peregrina
se dignasse permanecer na Capital Paulista durante os dias do Congresso
Eucarístico.
Uma das festividades mais pomposas daquele congresso foi a
recepção da padroeira que fora conduzida para a catedral da Praça da Sé, donde
sai, processionalmente, para o Vale do Anhangabaú, com o fim de presidir as
sessões solenes do certame. Retornava, em seguida, para receber as homenagens
das multidões que se revezavam dia e noite. O povo devoto permanecia ali, aos
pés da Santa Peregrina, no desígnio de venerá-la condignamente porque –
supunha-se – satisfeita permaneceria em São Paulo até o fim das solenidades.
A imagem ficou. Foi exaltada em extremo. Dom José Gaspar
de Afonseca e Silva foi cognominado o arcebispo de Nossa Senhora Aparecida,
que, para confirmar o mérito desta alcunha, erigiu, na Várzea do Ipiranga, uma
nova paróquia dedicada à Nossa Senhora Aparecida.
Mas, qual não foi o nosso desapontamento ao sabermos que a
verdadeira imagem não viera a São Paulo. Recebêramos apenas um fac-símile!
Encerradas as festividades do congresso, fôra entregue a recém-instalada
paróquia. Alguns seminaristas se revoltaram e se julgaram vítimas de um
ludíbrio.
-
"Rezamos tanto diante daquela imagem, supondo-a
verdadeira..."
Conformei-me
por estar convicto de que o povo não merecia sua augusta presença... E porque
as autoridades eclesiásticas agiram com prudência...
Afinal,
todas essas circunstâncias suscitaram em minha alma um afeto entranhado à
Padroeira do Brasil...
Ao ser
ordenado padre, em 1949, senti-me no dever de ir à sua basílica cantar uma
missa, por sinal a segunda, porque cantara a primeira em minha terra natal.
Nesse ensejo, adquiri uma sua imagem, fac-símile, benta pelo padre superior do
convento, destinada por mim para me servir de companhia e penhor constante das
bênçãos celestiais em favor do meu sacerdócio.
Completados
dez anos de sacerdócio, recebi como uma verdadeira promoção, minha
transferência para Guaratinguetá (Localizada à margem direita do Rio Paraíba,
no Estado de São Paulo. Dista, pela Via Dultra, aproximadamente, 220 Km do Rio
de Janeiro, 185 Km de São Paulo e 8 Km de Aparecida do Norte.), a cidade mais
próxima de Aparecida do Norte.
Fui nomeado
pároco da novel Paróquia de Nossa Senhora da Glória, no Bairro do Pedregulho.
Sua igreja, que, de tão pequena, o povo a cognominava de "igrejinha",
não oferecia condições para, realmente, ser uma matriz paroquial. Decidi, por
isso, construir um vasto templo. Constituía-se, a mim, uma imensa prerrogativa
edificar essa obra consagrada à Virgem Maria, e sonhava com um templo majestoso
erguido naquele outeiro do Pedregulho a olhar a Basílica Nacional da Padroeira,
plantada na colina de Aparecida do Norte. Lá do alto da torre da minha matriz,
fiquei muitas vezes contemplando a Basílica da Rainha do Brasil.
Eu
odiava os evangélicos, aos quais chamava de hereges.
Nesse tempo,
apareceu lá em Guaratinguetá, um pastor. Nos seu desejo de esclarecer o povo,
contratou, numa das emissoras radiofônicas locais, um horário para um programa
evangélico.
Descontentaram-se,
com as explicações, muitos católicos.
Um meu
colega decidiu responder ao pastor por meio de um programa seu, numa outra
emissora.
Estabelecida
a polêmica, a cidade inteira se transformou em estádio para assistir a
contenda.
O coitado do
padre pediu água em menos de uma semana.
Evidentemente,
qualquer jovem das Escolas Bíblicas Dominicais, com a Bíblia na mão, põe
qualquer padre a correr.
Nós os
padres em Guaratinguetá, estávamos acuados, arrasados, com o fracasso do
colega. E na certeza absoluta de que, se qualquer um de nós fosse responder ao
pastor, cairíamos no mesmo ridículo.
O pastor
João de Deus prosseguia dando os seus esclarecimentos bíblicos. Nessas alturas,
o assunto girava em torno de Maria.
Naquela
oportunidade, encerrara eu, com uma retumbante procissão, as festividades da
padroeira da minha paróquia. O pastor evangélico botou água na fervura do meu
entusiasmo, criticando o meu desfile mariano e citando Isaías 45:20.
Fiquei
fulo!
Noutro dia,
o Pastor resolveu apresentar aos seus radiouvintes os pontos coincidentes entre
a Diana dos efésios e a Aparecida dos brasileiros - Atos 19:23-41.
Nós não
tínhamos força de argumento. E o jeito foi apelar para o argumento da
força!
A mentira, a
calúnia, o achincalhe são os melhores argumentos para os covardes sem argumento.
Incubiram-me
de resolver o problema.
Apelei para
a violência, comandando um batalhão de fanáticos. E, em menos de uma hora, num
domingo à noite, foi destruído, inteiramente, o templo do Pastor João de Deus,
lotado de gente que assistia a um culto.
No dia
imediato, no programa "Marreta na Bigorna", da Rádio Aparecida, o
padre Galvão, desatou uma gargalhada satânica e parabenizou os católicos de
Guaratinguetá pela façanha...
Um bispo
congratulou-se vivamente comigo e, hora após ao nosso encontro, declarou, por
um grande jornal de São Paulo, que lamentava os fatos ocorridos em
Guraratinguetá!?
Estreitíssimas
mais ainda se tornaram minhas relações com os padres responsáveis pela Basílica
de Aparecida, em cujo convento se fabrica, exclusivamente para o consumo
interno, cerveja mui apreciada entre os reverendos.
No trato com
os clérigos seculares, constatei a falta de amor fraterno entre eles. Supunha,
todavia, que houvesse amor entre os regulares ou conventuais, como os
franciscanos, jesuítas, dominicanos, salesianos, redentoristas. Engano!
Entre estes
últimos, que são os responsáveis pela Basílica e de quem mais me aproximei,
acontece a mesma carência, senão pior.
Lá dentro do
seu convento, ao lado da Rainha do Brasil, os padres se estracinham com ódio
extremado. Os apelidos são os mais humilhantes. Havia lá o "padre
Tortinho", o "padre Marreta", o "padre Aventura", o
"padre Zoroaide", o "Madame Fifi"... E de cada um havia um
motivo especial indicado pelo próprio vocábulo...
Sentia,
outrossim, a frieza espiritual naquele ambiente de embatinados. Sempre os vi
tratando das coisas de sua religião com ganância sórdida. Só lhes interessa o
que dá lucro.
A respeito
de qualquer assunto, a pergunta é sempre esta: -"Quanto rende?" –
acompanhada do sinal característico de se friccionar as pontas dos dedos
polegar e indicador.
E fazem
praça disso até na sua emissora. Certa feita, chegou uma carta perguntando
sobre as riquezas da Senhora Aparecida. Respondeu-a o padre Tortinho no seu
programa radiofônico: -" Sim, Nossa Senhora é muito rica. Rica mesmo! Ela
tem hotéis, restaurantes, bares, casas de aluguel – muitas casas de aluguel! –
Kombi, peruas... Ela tem muito dinheiro... Dinheiro que os seus fiéis mandam e
trazem... Ela tem muitas jóias, anéis, braceletes, colares. Ela tem muito ouro
e pedras preciosas... Quem tem ouro e pedras preciosas, mande para Nossa
Senhora..."
A cupidez é
tamanha que as suas lojas não respeitam sequer o domingo cerrando suas
portas.
O devoto
chega para cumprir uma promessa. Compra um vela na loja pertencente aos padres
e, a propósito situada ao lado da Basílica e anexa à porta da entrada da
emissora. Ao entrar no templo, porém, depara com a proibição terminante de
acender velas. Apresenta-se-lhe, outrossim, a solução: -"Deixar o brandão
numa caixa adrede colocada ao lado do altar da Padroeira. O pagador de promessa
sai na doce ilusão de que o padre vai, em sala adequada, queimar a sua vela em
honra da santa. Engana-se porque um dos sacristãos recolhe todas lá
depositadas, levando-as novamente para a loja. E a vela do devoto caiu no
círculo rendoso dos clérigos. Sai da loja, vai para a caixa da Basílica, volta
à loja, de novo, na Basílica... e o dinheiro cresce na caixa
registradora.
Tudo lá é
comercializado! E os redentoristas não admitem concorrência, nem por parte dos
seus colegas de outras igrejas. Num fim de não, um sacerdote da Guanabara, com
o objetivo de angariar fundos para a construção de um templo, instalou, num
terreno alugado, um presépio mecanizado e movido a eletricidade, cobrando dos
interessados o ingresso ao local. Pois, os padres da Basílica protestaram e
obrigaram o coitado a "arrumar a trouxa e dar o fora". Todo o mundo
só pode ver o presépio deles para lhes deixar o dinheiro. Em Aparecida, a
arrecadação de esmolas é direito reservado... De todas as partes afluem
contribuições para os seus cofres. Mas, ninguém pode ir lá colher uma
migalha...
A ganância
atinge os paroxismos da usura! Enquanto os governos retiram o pedágio das
estradas, em Aparecida é instalado para cobrar taxas exorbitantes dos
automobilistas que lá entram.
Fui
convidado para celebrar um casamento de pessoas amigas e muito ricas. Por ser
sábado à tarde, havia muitos outros. Os noivos, meus amigos, pagaram todas as
elevadas propinas estabelecidas pela direção do santuário aparecidano. Na
conformidade em que os noivos adentravam no templo, ao som da marcha nupcial,
um servente da Basílica enrolava o grosso tapete de veludo grená. É que logo
atrás, entrava um para de nubentes pobres. Não lhes permitiram as posses, pagar
a taxa referente ao tapete e tiveram de passar sob os olhares maternais da
incomparável protetora dos brasileiros, por essa humilhação. O pior ainda
aconteceu depois! Chegados junto dos degraus do altar da Senhora Padroeira,
foram embargados seus passos pelo referido servente, que os encaminhou para um
altar lateral. A noiva, desconsolada, explicou ao sacerdote celebrante de suas
núpcias... que viera do Paraná precisamente para casar-se no altar da Rainha em
cumprimento de uma promessa. Inúteis seus rogos e vãs suas lágrimas... O padre
irritado alegou que essa promessa não tinha valor algum e "mastigou",
em cinco minutos, a fórmula do ritual.
Tudo isso me
indignava. Mas, tudo isso consolidava ainda mais minha devoção à Senhora
Aparecida. Tornava-me compadecido dela por vê-la cercada desse deboche e
explorada por essa chusma de crápulas.
Um bispo do
Interior Paulista tem carradas de razão ao afirmar que a Aparecida do Norte é a
vergonha do catolicismo no Brasil!
Quase todos
os dias freqüentava a Basílica, onde permanecia muito tempo rezando, de
joelhos, o rosário diante da imagem.
Desde tenra
infância ansiei por certeza da minha salvação eterna. Procurei-a em inúmeras
devoções que me foram sugeridas. Busquei-a no exercício do ministério
sacerdotal católico. Vali-me da prática da caridade, criando e dirigindo obras
sociais. Tudo em vão...
Tomei-me de
esperanças quando cheguei em Guaratinguetá. Imensa era minha expectativa de
encontrar na Senhora Aparecida a bênção da certeza da vida eterna.
Por isso, ia
amiúde à sua igreja rezar longos rosários defronte da sua imagem, no aguardo de
uma resposta celestial...
Numa tarde
de quarta-feira, no começo do ano de 1961, em seguida às funções rituais da
Novena Perpétua, a que eu assistira, um sacerdote – com um psiu! – tirou-me do
meu recolhimento devoto.
Aproximei-me
dele.
Peguntou-me
à queima-roupa:
-
O que você vem fazer aqui quase todos os dias? -
Rezar à Nossa Senhora Aparecida, respondi-lhe. E, ante o
sorriso gracejador do padre, esclareci:
-
Sou muito devoto de Nossa Rainha e espero dela todas as
graças necessárias para minha salvação eterna...
Não pude
mais falar porque o padre me interceptou com vivacidade:
-
Você parece um beato vulgar. Que lhe poderá dar essa
estátua de barro? Ela não tem valor algum. Nós gostamos dela porque nos traz
muito dinheiro.
E, levando
as duas mãos aos bolsos, fez o gesto significativo de quem carreia vultosas
somas.
Pávido,
arrisquei a pergunta:
-
Mas... E os padres não crêem em Nossa Senhora
Aparecida?
Um
retumbante NÃO abafou as últimas sílabas da minha interrogação.
Saí da
Basílica atordoado.
Passei a
noite seguinte em claro, rememorando fatos e tirando conclusões.
Aterrorizado,
sentia esboroarem-se as restantes ilusões da minha vida religiosa.
Encorajado
pelo propósito de servir a Deus desvencilhado de todos os embustes, decidi
levar, até às conseqüências extremas a minha investigação sobre o
assunto.
Não me foi
muito difícil. Aproveitei a deixa daquele sacerdote e, noutro dia, abordei-o
novamente.
Relatou-me
ele os verdadeiros fatos relacionados com a imagem da Senhora Aparecida. Relato
esse confirmado ulteriormente, por outros sacerdotes, seus confrades
conventuais.
Compadeço-me
do brasileiro...
Povo de
excepcionais qualidades. Inteligente e dotado de sentimentos primorosos. Capaz
de heroísmos e tão paciente...
Haverá,
porventura, povo mais paciente que o brasileiro? Quanta esperança ele vem
revelando em tanto sofrimento... em tanta exploração a que é submetido.
Muitas vezes
ludibriado em sua boa fé, porém, sempre confiante.
É um crime
de lesa-humanidade explorar-se esse povo. Por isso, estou revelando estas
informações. Desejo ardentemente cooperar com esse povo excepcional em sua
libertação dos embusteiros. Eu sei perfeitamente que recrudescerão as
perseguições movidas pelo clero contra mim. Mas, vale a pena sofrer pela
emancipação espiritual do Brasil.
Brasileiros,
a Senhora Aparecida é uma falcatrua! É um conto do vigário!!!
Você que se
supõe seu devoto está sendo enganado!
Você que tem
em casa a sua imagem e lhe acende velas, está sendo ludibriado!
Você que lhe
manda esmolas está sendo esbulhado!
Você que
vai, em romarias, à sua Basílica, está sendo ridicularizado!
Sim,
senhores! Eu vi os padres zombarem e pilhariarem dos romeiros... Vi-os
praguejar os devotos romeiros que colocam no "sagrado cofre" notas
velhas e rotas a lhes exigirem consumo de adesivos...
Vou relatar
os fatos verídicos referentes à imagem dessa "senhora".
Localiza-se
o início de sua "história" no período da Colonização
Brasileira.
Corriam
muitas lendas sobre descobertas de jazidas riquíssimas de ouro e outras
preciosidades. O contágio do entusiasmo atingia as vascas do fascínio. O
povo-paulista, sobretudo, ardia numa febre desvairada provocada pelas lendas
das esmeraldas, as valiosíssimas pedras verdes, cujas montanhas se encravavam
quais seios úberes em plena selva.
Este sonho
acutilante é que produziu as maiores epopéias das nossas Bandeiras, uma das
mais empolgantes páginas da História-Pátria. Se não descobriram as montanhas
verdes das esmeraldas, os bandeirantes plantaram cidades e dilataram o
território nacional apertado na faixa estabelecida pelo Tratado de Tordezilhas,
imposto pelo papa Alexandre VI aos descobridores espanhóis e portugueses.
Sim! Essas
Entradas é que desbravaram o sertão, devassando e conquistando, com sua audácia
o imenso território do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, de Mato Grosso, do
Paraná, de Goiás e de grande parte de Minas Gerais. Porque a "bota de sete
léguas" dos bandeirantes chutou os limites de Tordezilhas...
A miragem
das montanhas de pedras verdes ardeu por várias décadas, na mente de muitos
brasileiros do Planalto de Piratininga. Fulgurou, sobretudo, no espírito do
indômito Fernão Dias Paes Leme, o bandeirante por autonomásia, cuja morte, em
plena selva, transferiu para Sebastião Raposo Tavares o fascínio de desvendar o
segredo daquela descoberta alucinante.
O fim
desastrado da jornada de Raposo Tavares, em 1713, entanto, assinalou o último
sonho das esmeraldas, que deixou, em São Paulo, qual cicatriz, um profundo
sentimento de frustração.
É de se
notar que, à exceção de uma ou outra, todas as Bandeiras iniciaram sua jornada
saindo do Planalto Piratiningano pelo Rio Paraíba, em cujo Vale deixavam, como
rastro, uma enorme expectativa na alma do povo.
Se as
esmeraldas, porém, foram uma quimera que não se transubstanciou em realidade,
não aconteceu o mesmo com o ouro explorado em Minas Gerais, o causador do
incêndio de cobiça irresistível, origem de muitos crimes e inomináveis
traições.
Naquela
época em que o Brasil era Colônia de Portugal, não se repartia ele em
Províncias ou Estados como hoje. Mas, em Capitanias, dirigida cada qual por um
Governador nomeado por El Rei português e vindo diretamente de Além Mar.
O governador
Dom Braz Baltazar da Silveira não conseguiu mais por cobro às desordens
reinantes na Capitania de São Paulo e Minas Gerais, de sua jurisdição, nem
reprimir o contrabando do ouro e, muito menos, coletar os impostos
estabelecidos pela Coroa real.
El Rei Dom
João V houve por bem, nessa conjuntura, chamar o inábil Governador e
substituí-lo. E, em junho de 1717, o Capitão General, Dom Pedro de Almeida
Conde de Assumar, aportou no Rio de Janeiro, donde via Santos, se encaminhou,
incontinenti, para São Paulo, sede da Capitania.
Num ambiente
tranqüilo e, ainda, oprimido pelas frustrações da Bandeira de Raposo Tavares, o
novo Governador, aos 4 de setembro de 1717, foi empossado no seu cargo.
Ao contrário
de Piratininga, nas Minas Gerais, o clima era de exaltação incendiada pela
ganância de ouro, cuja mineração provocava os mais pacatos.
Competia ao
Governador recém-empossado restabelecer a justiça, recolher os tributos e
exigir o retorno da ordem.
O Conde de
Assumar toparia com uma barreira formidável a lhe embargar a consumação dos
seus propósitos.
É que os
frades eram "dos elementos mais perniciosos entre os que tinham entrado e
continuavam a entrar com as avalanches, que enchiam aqueles distritos, e não só
porque se entregavam desenfreadamente ao ganho como todo aquele mundo, mas
ainda porque, valendo-se do seu ascendente sobre o espírito da massa, eram
quase sempre os promotores de todas desordens". Desgraçadamente os
compêndios de História do Brasil das nossas escolas aureolam os padres e os
frades do tempo da nossa Colonização com as glórias de heróis. Os seus autores
sabem q eu se disserem a verdade, os seus livros não
terão guarida nos ginásios, em grande parte, dirigidos, maquiavelicamente, por
padres e freiras.
Aquelas
nossas informações, acima entre-aspas, são de Rocha Pombo, em sua História do
Brasil (Rio de Janeiro – 1905 – Pág. 245), cuja primeira edição deveria ser
lida por todo o intelectual brasileiro (Salientei a primeira edição porque as
subseqüentes foram resumidas e mutiladas.).
A maioria
dos patrícios supõe que naqueles tempos Portugal açambarcava todo o ouro
bateado pelos lavageiros ou garimpado nos veios das rochas. Supõe, também, que,
em tempos posteriores, a Inglaterra usurpou-o das bruacas lusitanas. Verdade é
que o Reino estabelecia impostos, arrecadados pela quintagem, com o fim de
beneficiar o seu erário.
Os frades,
porém, não vieram para o Brasil com a missão de catequizar. O historiador Rocha
Pombo, no mesmo espaço referido, informa-nos de que o Conde de Assumar, dentre
as questões a enfrentar, tinha de se haver com a da "expulsão de todos os
religiosos regulares" (Frades na conceituação clerical católica.) que não
tivessem naquela província do seu domínio uma função certa, própria do seu
apostolado".
Tinham esses
religiosos outra incumbência bem diversa da apregoada e que causou graves
prejuízos ao Brasil. Vieram carrear ouro para o papa e para os seus conventos
na Europa!
O ouro do
Brasil em grande parte, encontra-se ainda hoje, em poder do Vaticano, que o faz
ocupar o segundo lugar mundial no mercado desse valor precioso, cujas reservas
o papa deposita no Federal Reserve Bank, em Washington. O papado não ocupa o
primeiro lugar no mundo nesse mercado porque preferiu trocar uma parte do seu
ouro com outros valores, como dólares, que atingem a cifra astronômica de 15
bilhões, e em títulos de sociedades italianas avaliados em 1 trilhão de liras e
de sociedades de outros países cotados em 2 bilhões de libras esterlinas. E
essa riqueza fabulosa e atual do Vaticano o faz no maior acionário do
mundo!
Enquanto os
brasileiros lutam desesperados para escaparem dessa situação de sub-
desenvolvimento, estrangulante de nossas energias, o Ali-Babá do Vaticano se
enriquece cada vez mais à custa dos investimentos do ouro e outra riquezas que
os seus padres levaram do Brasil.
Convencido
da gravidade da situação em Minas Gerais e da sua responsabilidade no termo da
mesma, o conde de Assumar decidiu interferir pessoalmente.
Deixando
como seu substituto em São Paulo, o oficial de grande patente, Manuel Bueno da
Fonseca, partiu em fins do mesmo mês de sua posse (setembro de 1717), com
destino a Ribeirão do Carmo (hoje Mariana), em Minas Gerais.
Naqueles
remotos tempos essa viagem só podia ser feita via Vale do Paraíba (Norte do
Estado de São Paulo).
Guaratinguetá
é uma das cidades desse Vale. Foi fundada à margem direita do Rio Paraíba, em
1641, pelo Capitão-Mor Dionísio da Costa, lugar-tenente do donatário e, por
isso, gozava de grande prestígio até os fins do regime das Capitanias.
O Conde
Assumar chegou, com sua comitiva, nessa cidade, aos 12 de outubro. Prontamente,
as autoridades locais, que o aguardavam, promoveram-lhe toda sorte de
homenagens e repeitos.
Por ser o
catolicismo a religião oficial do Reino, o vigário destacava-se nas cidades
como a autoridade mais importante. O "batizado" pelo padre equivalia
ao registro civil. O casamento era só no religioso. Quem não era católico era
considerado como um criminoso de lesa-pátria, não podia casar-se e nem
registrar os filhos...
Esta posição
do catolicismo outorgava aos vigários, o ensejo de serem ótimos arrecadadores
de riquezas para o pontífice de Roma.
Em
Guaratinguetá, encontrava-se, como vigário, o jovem padre José Alves
Vilela.
Como todo
clérigo, conhecia perfeitamente a arte de bajular.
Pelo próprio
fato de ser o catolicismo romano a religião oficial do Reino de Portugal, a
nomeação dos bispos dependia inteiramente da indicação feita pelo Rei.
O padre
Vilela sofria de "bispite" aguda. Do desejo desenfreado de ser bispo!
Percebeu na passagem do Conde de Assumar por sua paróquia, uma extraordinária
oportunidade de, sabujando, credenciar-se às boas graças do Governador, que o
apontaria a El Rei como candidato à mitra.
E mãos à
obra! A par das demonstrações cívicas de respeito ao Governador promovidas pela
Câmara, o padre Alves Vilela, como autoridade mais importante do lugar,
programou festas religiosas de grande aparato para impressionar o homenageado.
Desde sempre
o clero gostou de se valer de sue ritualismo litúrgico para engodar as
autoridades civis com o objetivo de sugar-lhes subvenções ou propiciar clima
para se manter prestigiado. Num dos nossos Estados, os bispos condenaram a
candidatura de certo cidadão à governança. Feridas as eleições e vitorioso o
candidato anatematizado, os "amantíssimos ordinários" (Ordinário é o
termo canônico designativo de bispo diocesano.) promoveram-lhe demonstrações de
"afeto e deferência", culminando a sabujice, no dia de sua
investidura, com uma missa de "ação de graças" mui solene.
Para se
colocar bem diante do Conde Governador, preocupado e zangado com os clérigos
baderneiros de Minas Gerais, "promotores de todas as desordens"
(Rocha Pombo – loc. cit.), o padre Vilela tomou atitude oposta aos seus
colegas. Reconheceu na sua subserviência ao chefe da Capitania uma
oportuníssima manobra para conquistar-lhe a simpatia.
Entre o
clero há traidores dos padres traidores!
Enquanto os
frades de Minas traíam sua posição aparentemente de catequistas, causando
baderna, o padre Vilela manifestava-se servil.
Nas águas
turvas da situação de descrédito em que se imergiam os frades, o padre Vilela
quis pescar um peixe gordo. O peixe de uma posição perante o Governador
favorabilíssima às suas pretensões "bispais".
E como o
peixe se pega pela boca, alvitrou oferecer ao Conde um opíparo banquete.
Mas, um
desses banquetes de assinalar marco na história da culinária!
Notabilizara-se
o Rio Paraíba pelas suas águas piscosas. Por isso, os pratos em peixe
distinguiam a cozinha vale-paraibana. O banquete oferecido pela comunidade
guaratinguetaense ao ilustre viajante, pois na programação estabelecida pelo
incensador padre Vilela, se revelaria por grande fartura de peixes nas mais
diversas modalidades de temperos.
O jovem e
pretensioso vigário divisou no ambiente uma circusntância especialíssima para
ser aproveitada naquele acontecimento. E decidiu capitalizar a seu favor a
frustração do povo do Vale pelos insucessos das últimas Bandeiras, cujas
miragens de esmeraldas se esboroarem.
Decepcionado,
todavia, não se descoroçoara o povo. Esperava encontrar alguma coisa de
notável.
Desde o
princípio do seu paroquiato travara o padre Vilela conhecimento com os pescadores
de sua freguesia e da região. Deles, e somente deles, é que esperava a mais
decidida cooperação nas suas festividades religiosas porque a pesca, naqueles
tempos, acima mesmo da agricultura incipiente, se estabelecia como a mais
importante fonte de riquezas do Norte da Capitania.
E dentre os
pescadores seus conhecidos, três se distinguiam pela espontaneidade em
auxiliar, pela singeleza de usa fé e, sobretudo, pelo seu acatamento às
solicitações do vigário. Domingos Martins Garcia, João Alves e Felipe Pedroso,
os seus nomes!
Procurou-os,
então, o padre Vilela, incumbindo-lhes da pesca para o banquete-
homenagem.
Nem
estranharam a dedicação e o interesse do seu vigário por aquela pesca.
Supunham-no desejoso realmente de exaltar à visita do Governador as qualidades
da cozinha da Vila, de lhe demonstrar respeito e, certamente, creditar a região
a favores futuros.
Admirados,
contudo, receberam no dia do banquete (13 de outubro de 1717), manhã cedo, as
ordens do vigário no sentido de que lançassem suas redes no Porto de Itaguassu,
próximo do morro dos Coqueiros. Como ativos pescadores, sabiam que os peixes
permanecem mais nas partes clamas do rio e não é possível pesca alguma junto de
um porto, onde há tanta movimentação.
Toda aquela
zona dispunha do Rio Paraíba como principal via de comunicações e transportes.
E, dentre os portos, o de Itaguassu se destacava por servir vasta
extensão.
Em vista da
sua própria profissão, entendêramos pescadores a ineficácia da ordem
extravagante do vigário. Mas, ingênuos e submissos, obedeceram. Não lhes
convinha desacatar o sacerdote ameaçador e capaz de pragueja-los e
amaldiçoa-los.
Lançaram a
rede na convicção de nada apanhar. Surpresos, porém, retiraram das águas uma
imagenzinha, de 0,30 m de altura, talhada, em terra cota escura, nos moldes da
Madona de Murilo, que o clero se utiliza como símbolo da "Imaculada
Conceição" de Maria.
Decidiram
guardar a imagem aparecida nas águas dentro do embornal e prosseguir além sua
tarefa.
Obtida a
quantidade de pescado exigida pelo clérigo anfitrião, foram à sua residência
fazer-lhe a entrega.
E, jubilosos
e na sua crença ingênua, mostraram ao padre, misturado na comitiva do
Governador, a imagem aparecida.
Enternecido
o vigário pelo sucesso do seu empreendimento, pois ninguém soubera e nem desconfiara
de sua ida durante a madrugada ao Porto de Itaguassu para deixar nas águas
aquela imagem, despejava suas expressões religiosas e deslambidas acentuando o
"fator milagre" daquela descoberta.
Todo o povo
daquela região, presente em Guaratinguetá, para conhecer o Governador, Conde de
Assumar, ludibriado em sua credulidade, exultou com o "milagre"
sucedido, vinculando-o à santidade do seu vigário e divulgou a notícia à
distância.
-
Arre! Se falharam as aventuras em busca de esmeraldas, o "milagre"
interveio para dar ao povo desiludido uma preciosidade muito maior!!!" -
Parafusava o padre, que, de propósito, havia colocado a imagem nas águas do
Porto de Itaguassu.
Na intenção
de valorizar o enredo do seu estratagema religioso achou melhor entregar a
estátua a um dos pescadores, Felipe Pedroso, residente no sopé do morro dos
Coqueiros.
Retirando-se
o Conde de Assumar no seguimento de sua viagem, os fiéis, em procissão,
acompnharam o felizardo pescador, que, piedosamente, colocou, sob a emoção dos
circunstantes, a imagem aparecida entre os "santos" do seu tosco
oratório.
Inglórios os
esforços do padre Vilela junto ao Governador! Tão assoberbado de problemas em
sua curta estadia no Brasil à testa da Capitania São Paulo, não teve sequer a
lembrança de sugerir a El Rei o nome do clérigo Vilela como candidato a bispo
de alguma diocese do Reino.
Não se
desesperançou o padre. Decidiu incentivar a devoção da senhora aparecida,
promovendo atos religiosos na casa de Felipe Pedroso. Quem sabe se o seu nome
assim ligado à estátua aparecida "milagrosamente", se encheria de
fama e repercutiria nos ouvidos do supersticiosíssimo El Rei Dom João V, que
ouvia missas sobre missas, distribuía dinheiro a rodo a quantos santos
figuravam no calendário, enchia de ouro os conventos e, enlevado por violenta
paixão à sua amante, a freira Paula, do convento de Odivelas, alcançou do papa
o título de Rei Fidelíssimo.
As esmolas
lançadas, em grande cópia, no oratório da santa, permitiram ao vigário sonhador
da mitra episcopal, repartir com o devoto Felipe Pedroso, que pode obter
numerário para comprar uma pequena fazenda e construir casa nova em Ponte Alta,
também nas proximidades do Porto de Itaguassu, onde entronizou, em oratório
novo, a imagem de terra cota aparecida.
A devoção
mais importante e mais concorrida nesse local acontecia aos sábados à
noite.
Sucedeu a
Felipe Pedroso, após a sua morte, na incumbência religiosa, o seu filho
Atanásio. Um pouco arredio a essas beatices, este herdeiro achou melhor
construir fora de sua casa uma capelinha para se ver livre das importunações
dos devotos e transferiu à Silvana da Rocha o mister de puxar as rezas e os
cânticos. Primava a rezadeira-mor, Silvana, em dirigir o rosário dos sábados,
incrementando a afluência dos humildes com animados bailes regados à pinga após
a reza na intenção de alegrar os devotos caboclos desprovidos de outros
divertimentos.
Os anos se
passaram e o nome do padre Alves Vilela, sem ser sugerido nas eleições dos
bispos!
Em 1742, Dom
João V foi acometido de uma paralisia que o imobilizou para sempre apesar de
suas treze jornadas às Caldas da Rainha (Nas proximidades de Leiria, ainda é
das mais importantes estações termais de Portugal), escoltado por um exército
de freiras e padres interesseiros.
O vigário de
Guaratinguetá, agora já encanecido, porém esperançoso, mantinha-se ao par de
todas as notícias vindas de Além Atlântico.
Conhecedor
da carolice de El Rei e sua magnanimidade em proveito dos clérigos, urdiu outra
investida com o objetivo de atrair as atenções "majestáticas" sobre
si.
Certo
sábado, em 1743, quando os devotos chegaram à capela, surpresos, deram pela
falta da santa aparecida. Atônitos ficaram quando Silvana Rocha desconhecia
também o seu paradeiro mesmo depois de se informar com Atanásio. Desesperados,
correram falar com o vigário que se fingiu surpreendido. Aconselhou-os, porém,
a que dessem uma batida nas redondezas e que não se esquecessem de ir até o
alto do morro dos Coqueiros. Dóceis à orientação do padre, vasculharam todos os
recantos, e, por fim, subiram os rapazes ao morro, onde, para alívio geral,
encontraram a imagem encostada em uma pedra. Nessa noite, o rosário foi rezado
com mias fervor, os hinos mias vibrantes e o baile mais animado com pinga
distribuída abundantemente na algazarra do reencontro da Senhora
Aparecida.
Noutros
sábados, o fato misterioso se repetiu sem que os pobres devotos percebessem a
mão do vigário atrás de tudo.
O padre
Vilela, ao sentir-se seguro do êxito de seu plano, num sábado, foi até Ponte
Alta puxar ele a reza. Desta feita, ainda outra vez, a busca da imagem fugidiça
precedeu o ato religioso, porque o padre mandara ainda outra vez, retira-la às
ocultas e leva-la para o cume do morro. Então, na qualidade de vigário e
ministro de Deus, aconselhou o povo devoto que se construísse lá no alto do
morro um templo para a santa.
De imediato,
foram abundantes os donativos. Todos queriam concorrer a fim de contentar os
desejos da santa aparecida no sentido de que lhe construíssem um templo no alto
do Morro dos Coqueiros, conforme havia interpretado o vigário aquelas fugas
constantes.
Em
cumprimento de exigências eclesiásticas, o padre José Alves Vilela valeu-se do
bispado do Rio de Janeiro (O bispado de São Paulo, a cuja jurisdição
pertenceram Aparecida do Norte e Guaratinguetá, somente foi criado em 1745.) ,
a cuja jurisdição canônica se submetia para requerer a devida licença a fim de
erigir o templo. Na esperança de divulgar nas altas rodas clericais, o valor
sobrenatural da sua santa aparecida, o que lhe poderia render prestígio junto a
El Rei, salientou em seu requerimento:"...que pelos muitos milagres que
tem feito a dita Senhora, a todos aqueles moradores, desejam erigir uma capela
com o título da mesma Senhora da Conceição Aparecida, no distrito da dita
freguesia em lugar decente e público por concorrerem muitos romeiros a visitar
a dita Senhora que se acha até agora em lugar pouco decente..."
A provisão de
licença foi passada na chancelaria do bispado do Rio de Janeiro, em 5 de maio
de 1743. E tudo se tornou mui fácil, porquanto, Dona Margarida Nunes Rangel,
proprietária do Morro dos Coqueiros, houve por magnanimidade, fazer doação de
toda a colina.
Afluíram
donativos abundantes e, a 26 de julho de 1745, o padre Vilela benzeu o templo e
rezou nele a primeira missa, suspirando para que El Rei, o beato sonso Dom João
V, se lembrasse dele nas escolhas dos bispos.
Já
alquebrado pela idade avançada, morreu como simples vigário de Guaratinguetá, o
padre ambicioso, e a Aparecida caiu na vala comum das pequenas capelas do
Interior brasileiro.
Em fins do
século passado, Aparecida foi tirada da sua insignificância, onde permanecera
por mais de cem anos após a morte do seu criador, Padre José Alves
Vilela.
Em 8 de
dezembro de 1888, o bispo de São Paulo, Dom Lino Deodato de Carvalho, benzeu um
novo templo construído em substituição do anterior erigido pelo sacerdote
inventor da "santa" e resolveu entrega-lo à administração de alguma
ordem ou congregação religiosa.
A
congregação dos padres redentoristas gozava, na época, de grande nomeada nos
círculos romanistas, pois o seu fundador, o italiano Afonso de Liguori, além de
ser canonizado santo, em 1839, havia sido, em 1781, proclamado pelo papa Pio
IX, "doutor da igreja". Dentre as sua diversas obras literárias,
destacam-se a "Teologia Moral" e as "Instruções e Método para os
Confessores", pelo seu conteúdo referto de normas utilizáveis com grande
resultado no confessionário, o instrumento infernal da escravização das
consciências.
Por causa da
"importância" de Liguori, cresceu a influência de sua ordem
religiosa, e também em razão de sua finalidade, que consiste em dispor os
padres,k seus membros, a pregar missões populares. Distinguem-se estas por uma
série de pregações retumbantes e fantasmagóricas como arremates de procissões
imbecilizadoras.
Liguori
estabeleceu a sua congregação para a Itália Meridional do seu tempo, com uma
população rural ignorante e de sangue quente. Referindo-se a esses italianos, o
padre redentorista Hitz, observa: "...gostam das manifestações fortes...
São superficiais, levianos, desmazelados, supersticiosos, e apegam-se sobretudo
às práticas exteriores da religião (P. Hitz, sacerdote redentorista – "A
pregação Missionária do Evangelho" – Livraria Agir Editora – Rio de
Janeiro – 1962 – pág. 181. Seria de ótimos resultados para os padres da
Aparecida do Norte a leitura desse livro, máxime do seu capítulo III). Foi para
conservar esse povo agrilhoado às superstições romanistas, assim considerado
pelos seus líderes religiosos, que Liguori determinou, com minúcias, os temas e
os esquemas dos sermões das "santas missões" as serem pregadas por
seus padres. No plano do fundador dos padres redentoristas, os fiéis devem, ao
final desse trabalho, ser encaminhados ao confessionário para que se consume o
seu cativeiro espiritual.
As
"santas missões" dos redentoristas fundam-se num moralismo
antropocêntrico, infinitamente distante do cristianismo. Aliás, servem bem ao
romanismo, cujo ritual coloca o endeusamento da criatura acima de tudo.
O bispo de
São Paulo, Dom Lino Deodato de Carvalho, julgou os brasileiros semelhantes aos
depreciados italianos meridionais por estarem também, os nossos patrícios, seus
contemporâneos, encharcados das superstições católicas. E entregou o templo da
Senhora Aparecida à direção dos padres redentoristas, em fins de 1894.
Esses
padres, incontineti, começaram suas incursões fanatizadoras pelo Interior dos
Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro, por meio das
missões populares, quando divulgaram profusamente as lendas referentes à
Senhora Aparecida. O nosso povo, humilde e distante das fontes puras da Bíblia,
aceitou ingenuamente es em qualquer exame, essa fábula, que, também eu, em
criança ouvi.
Pelo
confessionário, os redentoristas impunham aos fiéis, narcotizados pelas suas
mentiras e modelados aos seus caprichos, penitências de rezar fórmulas
especiais à Aparecida e de ir ao seu santuário em romarias.
O povo
desprovido dos recursos essenciais a uma sub-existência condigna e imerso nas
trevas do analfabetismo é sempre presa fácil dos embusteiros, máxime quando se
apresentam revestidos de roupagens exóticas e com a voz repassada de acentos
ameaçadores.
Os
pregoeiros do "aparecidismo" espalharam entre o nosso pobre e
abandonado povo, no intuito de fanatiza-lo e escraviza-lo mais, aquela
deslambida "Oração a Nossa Senhora Aparecida para pedir a Sua
Proteção", que começa assim: "Ó Incomparável Senhora Conceição
Aparecida, Mãe de Deus, rainha dos anjos, advogada dos pecadores..." Em
seguida a esta relação de tantas heresias, o pobre brasileiro suplica-lhe que o
livre "da peste, fome, guerra, trovões, raios, tempestades e outros
perigos e males que nos possam flagelar".
Aconselhado
pelo missionário, o simplório cola o papel dessa reza atrás das portas de sua
casa e se supõe imunizado, protegido e livre de todas as desgraças.
Quando eu
era pároco em Guaratinguetá, num domingo, fui rezar missa numa capela da zona
rural. Desabara durante a noite precedente, um horrendo temporal. E a notícia
lúgubre enchia de tristeza todos os moradores da região! Um raio penetrara numa
choça e fulminara todos os seus moradores. Encaminhei-me para lá. Entrei no
casebre. Olhos esgazeados de pavor, encontrei três corpos esturricados no chão.
E atrás das portas toscas a protetora reza da
"incomparável...".
As primeiras
"santas missões" populares produziram os frutos esperados. Já em 1900
começaram as romarias. O novo bispo de São Paulo, Dom Antonio Cândido de Alvarenga,
continuou o interesse de seu antecessor, Dom Lino, pela Aparecida do Norte,
pois previa os seus resultados financeiros como comércio da credulidade das
massas. Em conseqüência, não só incentivou os vigários das paróquias a
promoverem romarias,k mas, ele pessoalmente organizou uma.
A
comercialização e a traficância da devoção à Senhora Aparecida tornaram-se
rendosas, além de todas as estimativas, que o bispo de São Paulo não admitiu se
tornasse ela paróquia da Diocese de Taubaté.
Com efeito,
em junho de 1908, o papa Pio X desmembrou da Diocese de São Paulo, que abrangia
todo o território do Estado, as dioceses de Botucatu, Campinas, São Carlos,
Ribeirão Preto e Taubaté. Esta incluía todo o Norte do Estado de São Paulo,
desde o Município de Jacareí, inclusive, até o limite do Estado Fluminense, à
exceção de Aparecida do Norte que , apesar de encravada bem no centro do
bispado de Taubaté, continuava pertencendo à jurisdição eclesiástica do
arcebispado de São Paulo. Ocorreu esta anomalia escandalosa como resultado da
ganância do arcebispo, ávido de se locupletar com as fortunas continuamente
depositadas nos cofres da Senhora Aparecida.
Em 1931,
conforme já referimos, vieram sua proclamação e coroação como padroeira e
rainha do Brasil, em execução de uma astúcia política.
Antes, o
padroeiro do Brasil era São Pedro de Alcântara, que por haver sido membro de
ilustre e principesca família espanhola, durante o domínio da Espanha sobre o
Reino de Portugal, obtivera de Roma esse "padroado".
Os tempos
eram outros e o povo brasileiro não se tornara fã do frade espanhol. Então, os
ordinários brasileiros decidiram aposentá-lo e arranjar do papa um outro
padroeiro.
Afora o
prestígio popular, o candidato, por certo, precisaria satisfazer injunções políticas
e ter a sua Meca localizada onde houvesse maior concentração demográfica.
A paraense
Senhora de Nazaré, a capixaba Senhora da Penha e o baiano Senhor do Bonfim, se
bem que prestigiados popularmente em suas regiões, careciam satisfazer as
outras condições.
Cumprindo-as
todas, a Senhora Aparecida foi a eleita.
Mais
recentemente, em 1958, o papa Pio XII criou a Arquidiocese de Aparecida, com o
território da paróquia do mesmo nome desmembrando da Arquidiocese de São Paulo
e de outras paróquias retirando da Diocese de Taubaté.
Em ritmo
acelerado, prosseguem as obras de construção da nova basílica no sopé do Morro,
antigamente cognominado dos Coqueiros.
Na falcatrua
da Senhora Aparecida há a lenda de sua mudança "invisível" de capela
em Ponte Alta para a cumiada da colina. Por isso mesmo é que foi erigido o
templo no alto. A crer-se nas informações clericais, essa imagem saiu do lugar
escolhido por ela própria, apenas duas vezes: - 0 quando de sua coroação no Rio
de Janeiro e, em 14 de julho de 1945, quando, em São Paulo, esteve numa
manifestação político-católica. Efetivamente, se os padres acreditassem no
"milagre" de haver ela própria escolhido o seu trono no alto da
colina, como pregam, a nova basílica seria construída lá encima mesmo. Se a
estão construindo embaixo, atestam sua descrença daquele "fato".
Outra demonstração de sua impostura!
Os padres
redentoristas, hoje em dia, por considerarem antiquado o método, não se
utilizam tanto das missões populares inculcadas pelo seu fundador nos estatutos
da congregação. Prevalecem-se de meios mecânicos de divulgação como o jornal e
o rádio. A sua emissora é potente em alcance e seria capaz de conservar o povo
brasileiro na masmorra espiritual de suas superstições se não estivesse abrindo
os olhos.
Já rareiam
os fanáticos que chegam à Aparecida e pedem às oficinas de consertos de rádio
que lacrem seus receptores na "estação de Nossa Senhora".
Aliás, outro
sintoma desfavorável para os padres é o decréscimo do número de peregrinos em
proporção do aumento populacional do País e da propaganda imensa, desfraldada
até com larga distribuição de imagens fac-símiles. Inclusive, ainda não
conseguiram fixar uma data para a celebração do dia da padroeira em que as
multidões acorressem como desejam os reverendos. Sem o êxito desejado, já
mudaram a data por várias vezes.
Não obstante
todas as promoções em torno da divulgação dos "fatos" relacionados
com a Aparecida, das demonstrações de fé na mesma, das romarias, de suas
imensas riquezas... Não obstante os padres afirmarem – da boca p'ra fora! – que
crêem na aparição prodigiosa da Senhora Aparecida, até hoje o Vaticano não se
pronunciou a respeito.
Desafio a
qualquer padre da Aparecida a que me apresente um documento do pontífice romano
pelo qual haja se pronunciado sobre a autenticidade dos "acontecimentos
prodigiosos" que divulgam entre o povo.
Eles não
aceitam o desafio porque nem o papa crê nesse "prodígio". Bem ao
contrário! Ele sabe que tudo é falcatrua. E falcatrua tão mal engendrada que
nem é capaz de forjar documentos, tática de sua índole.
A fim de dar
aos padres reptados uma colher de chá de malva, que é clamante, apresento-lhes
o parecer do monge beneditino, Estevão Bitencourt: "As autoridades
eclesiásticas não se empenham por definir a autenticidade de tais portentos,
nem mesmo a dos episódios concernentes à aparição da Senhora Imaculada no Porto
de Itaguassu em 1717... A santa igreja, de modo nenhum, entende fazer de tais
relatos matéria de fé... (Pergunte e Responderemos – 71/1963, qu. 5).
Católico!
Não continue enganado! Use sua cabeça para raciocinar e não vá mais no conto do
vigário! O próprio monge Estevão Bettencourt declara que aquilo tudo não é
"matéria de fé". Ele não crê! Nem o papa e nem os padres prestam fé
aos seus relatos sobre a Senhora Aparecida!
O melhor
processo criado pelo inferno para enganar os inadvertidos, anestesiar a
consciência do pecador e confundir a pureza límpida do Evangelho foi a dos
"prodígios miraculosos".
O milagre
autêntico só pode ser realizado pelo poder de Deus, pois se trata de um
fenômeno que se dá além ou acima das leis da natureza, mudando o seu curso
normal num caso particular.
Jesus ao
praticar muitos milagres tinha em mira patentear a Sua Divindade. Nicodemos
mesmo reconheceu-a por isso (João 3:2).
O cristão
aceita o milagre; porém, dentro das normas da Bíblia, a sua Única e Exclusiva
Regra de Fé e Prática.
Portanto,
todo o prodígio contrário às normas e aos ensinamentos da Revelação Divina
contida na Bíblia, não procede de Deus. Com efeito, Deus ameaça com terríveis
castigos aqueles que acrescentarem ou retirarem dela qualquer coisa (Apoc.
22:18 e 19). Ninguém tem o direito de acrescentar nada à Palavra de Deus e quem
o fizer é mentiroso (Prov. 30:6).
Em matéria
religiosa, tudo o que estiver fora da Bíblia é um acervo de mentiras.
Satanás tem
muito interesse em perverter as almas, apresentando-lhes doutrinas espúrias,
contrárias à Revelação de Deus. Os seus sequazes andam soltos, fazendo
prodígios até em Nome de Deus!
Relativamente
a estes é que Jesus advertiu: "Muitos me dirão naquele dia: Senhor,
Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos
demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi
claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a
iniquidade." (Mateus 7:22 E 23)
Esses
prodígios são iniquidades!!! Mesmo feitos em Nome de Deus, mas contra a Sua
Santíssima Vontade revelada na Bíblia!
É uma
iniquidade o que o clero pratica no Brasil, ludibriando o povo!
A Bíblia é
categórica em proclamar: "Porque há um só Deus, e um só Mediador entre
Deus e os homens, Cristo Jesus, homem," (I Timóteo 2:5)
A Bíblia é
peremptória ao proclamar: "De tanto melhor concerto Jesus foi feito
fiador... Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por Ele se
chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles." (Hebreus 7:22 a
25)
A Bíblia,
repito, é explícita em anunciar: "... se alguém pecar, temos um Advogado
para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E Ele é a propiciação pelos nossos
pecados..." (I João 2:1 e 2).
Todo o Novo
Testamento revela a Total-Suficiência de Jesus Cristo, como Salvador, Mediador
e Advogado.
Enganaram-se
muitos evangélicos ao supor que o romanismo com seu Concílio Ecumênico Vaticano
II estaria disposto a reformar suas doutrinas nefastas, aproximando-se da
Palavra de Deus e aceitando Jesus como Único e Todo-Suficiente Salvador,
Mediador, Intercessor e Advogado.
O romanismo,
porém, confirmou os seus velhos dogmas, contrários à Bíblia, e engendrou
outros...
Negando ao
Nosso Bendito Salvador a exclusividade restrita e conseqüente de todos aqueles
atributos, em discrepância absurda da Bíblia, exalta Maria como Advogada,
Auxiliadora, Protetora, Medianeira... (Constituição Dogmática "Lumen
Gentium", (§ 62), o mais importante documento do Vaticano II, promulgado
em 21 de novembro de 1964), aberrando dos ensinamentos claros de Deus.
Engajada
nesse mesmo torvelinho de heresias está a Senhora Aparecida sobre quem o
cardeal Vasconcelos Mota, arcebispo de sua arquidiocese, escreveu, em 1º de
janeiro de 1967, para comemorar o 250º aniversário da falcatrua, uma carta
pastoral, classificada pelo chaleirismo do órgão católico: "O São
Paulo" (22 de janeiro de 1967), como "um tesouro de
magistério".
Nesse
"tesouro de magistério" – magistério do inferno porque absolutamente
contrário à Revelação Divina e, ignominiosamente, depreciador de Jesus Cristo!
– nesse "tesouro de magistério", repito, falando da Senhora
Aparecida, como Medianeira, Advogada e Intercessora, saiu-se o cardeal
aparicipolitano com esta heresia blasfêmia: "Ora, intercedendo por nós,
embora pecadores, a maior santidade, o maior nome e a maior dignidade
(refere-se à Senhora Aparecida, isto é, à sua Padroeira), como poderá resistir
a Justiça Divina ou negar a Sua Misericórdia a uma tão forte, suave e poderosa
intercessão? Intercessão é o meio entre dois extremos; para ser poderosa e
eficaz, há de tocar a ambos: Deus, a quem intercede, e os pecadores, por quem
intercede. E a Senhora posta entre Deus e os pecadores, quão chegada é a um e a
outro extremo? É tão chegada a Deus, que só lhe falta ser Deus; é tão chegada
aos pecadores que só lhe falta o pecado".
Confrontem-se
essas expressões pós-conciliares com a doutrina de Deus demonstrada nos
versículos bíblicos acima citados (Apoc. 22:18 e 19; Prov. 30:6; I Timóteo 2:5;
Hebreus 7:22 a 25; I João 2:1 e 2). São incompatíveis!
Torna-se
evidente que os "milagres" da Aparecida não procedem do poder de Deus
porque não são consentâneos com Sua Vontade expressa em Sua Revelação, a Bíblia
Sagrada.
As
afirmações que não encontram evidência na Bíblia procedem, sim, do inferno para
perverter as almas! Constituem-se na marca da apostasia!!!
Os seus
pregoeiros e divulgadores se aliam com os falsos profetas referidos por Jesus
Cristo (Mateus 24:24).
A religião
dos crendeiros aparicidanos consiste em fazer promessas e esperar
milagres.
Anestesiados
pelas mentiras ridículas com que os padres ludibriam, por qualquer pretexto,
fazem seus votos à santa pescada em Itaguassu.
A excêntrica
"sala de milagres" revela como são entorpecidos na prática de uma
religião de fábulas e embustes.
O devoto faz
a sua promessinha de mandar uma fotografia para ser exposta na "sala de
milagres", mas, ao mesmo tempo, coloca na pereba a pomada que o
"doutor" receitou. Quando sara, foi milagre da Aparecida. Se não
melhora, o médico é que não presta!
A moça se
apavora com a possibilidade de ficar solteira e embarca, para se livrar dessa
conjuntura, no primeiro bonde que aparece; e manda as tranças dos seus cabelos,
como ex-votos, para serem dependuradas na "sala dos milagres".
Um time de
futebol sagra-se campeão de qualquer torneio, os seus jogadores vão em romaria,
levar à santa aparecida, as esmolas de promessa.
No concurso
de miss-Brasil, em 1956, ouvi pelo rádio o General Profírio da Paz, devotíssimo
aparicidano, invocar as bênçãos da Senhora Aparecida em favor das beldades
semi-nual.
Durante três
anos freqüentei assiduamente a basílica e jamais vi um milagre...
Milagre,
milagre mesmo, isto é, ressuscitar um morto sepultado, como Lázaro, dar vista a
um cego de nascimento, fazer aparecer um braço no lugar do amputado, colocar um
pulmão novo no lugar do extraído... ela nunca fez!
A Senhora
Aparecida é tão incapaz em matéria de milagre que é uma coitada! Garnato que,
se cair do seu nicho, espatifar-se-á no chão!!!
A sua cidade
está cheia de aleijados, estropiados e cegos a mendigar esmolas pelas ruas. Se
o padres abastados de ouro e dinheiro não os socorre porque são avarentos, a
Senhora Aparecida, de sua parte, nem lhes dá atenção aos gemidos.
Ela é tão
coitada que não tem poder nem de retirar as lombrigas das crianças dos seus
devotos. Por isso, a sua emissora faz propaganda de vermífugos.
Frusta-se o
diabético que se socorreu de sua valia... Os padres da basílica, então,
reconhecem-na tão fraquinha que, por meio do seu jornal, lhe recomenda o
"copo medicinal".
Reconhecem-na
tão ineficiente que, aos devotos alcoólatras, aconselham produtos
farmacêuticos.
O
"Santuário de Aparecida", órgão "oficial da basílica nacional de
N. Senhora da Aparecida," desapontou-se tanto com a impotência da
incomparável milagrenta que, a par da propaganda de produtos farmacêuticos,
veiculada em suas poucas e desengonçadas páginas, abriu um "Consultório de
Medicina Caseira", sob a responsabilidade do Frei Esculápio.
Ainda mais
desapontados devem estar os seus devotos com a recentíssima demonstração de
impotência da "incomparável senhora" verificada na oportunidade da
fuga do urso "Negrito" de sua jaula.
Os
supersticiosos cismam com o dia 13 e pior ainda quando cai na sexta-feira. Para
aumento do medo deles o fato ocorreu no último dia 13 de setembro, sexta-feira.
Durante 3 horas o urso "Negrito", foragido das grades, roncou pelas
ruas centrais da "capital marina" do Brasil, levando o pânico às
autoridades. E porque ninguém confia mesmo na "santa" Cidoca,
apelou-se para o Corpo de Bombeiros de São Paulo, convocaram-se os elementos da
Força Pública sediados em Taubaté e mobilizaram-se os recursos da Escola de
Especialistas de Aeronáutica de Guaratinguetá. Quando se conjecturava lançar
bombas de gás lacrimogênio para apanhar a fera, um domador entrou em cena e
encurralou-o. A população ficou aliviada do susto, enquanto a padroeira foi
desmoralizada com as manchetes de alguns jornais: "Diabo esteve à solta 3
horas em Aparecida do Norte".
A santa
aparecida no Porto de Itaguassu, em 13 de outubro de 1717, foi um estratagema
do falsário e ambicioso padre José Alves Vilela. A sua trapaça, porém, foi tão
mal feita que o clero, nesse legado de abusões, não encontrou ainda elementos
para transformar a fraude em matéria de fé. Até mesmo para esconder a estátua
disforme, cobrem-na, de alto a baixo, com um manto azul, preso com a coroa de
ouro, o que lhe dá o formato de um triângulo.
Apesar de
tudo, porém, vão os padres enganando o povo credeiro.
A atitude
favorável a essa devoção, por parte do clero visa exclusivamente a exploração
comercial dos supersticiosos.
O
monge beneditino, Estevão Bettencourt, sócio dessa empresa de especulação da
credulidade pública, afirma que "a bem da verdade, deve-se notar que tal
atitude favorável é independente de qualquer pronunciamento da autoridade
eclesiástica sobre a genuinidade dos prodígios que se narram em torno da Virgem
e do santuário de Aparecida" (Pergunte e Responderemos – 71/1963, qu.
5).
"A bem
da verdade..." Leia de novo as declarações do monge Bettencourt!
Que coisa!!!
Os reverendos proclamam tanta a eficácia da devoção à virgem aparecida,
divulgam os seus "milagres" e expõem, em sala adequada, tantos
ex-votos e não podem sair desta: Nem esses "milagres" merecem
qualquer pronunciamento oficial sobre a sua genuinidade...
É mesmo uma
trapaça essa aparecida!
Desde
menino, ouvi muitas vezes o milagre da libertação de um escravo na hora de ser,
preso ao tronco, retalhado com chicote em estilo de sua fuga.
Foi mentira!
Isso não aconteceu.
Se quem nega
a veracidade desse fato, fosse um evangélico, longo sofreria insultos dos
carolas fanáticos. Mas, quem diz ser isso uma mentira, uma lenda fantasiosa é o
devoto Fred Jorge, em seu livro: "Aparição e Milagres de N. S.
Aparecida" (Editora Prelúdio Ltda. – São Paulo – 1954 – pág. 20), que
recebeu o "Imprimatur" do cônego J. Lafayette (hoje bispo auxiliar na
Capital paulista), por delegação do cardeal e sob a chancela da cúria
metropolitana de São Paulo.
Esse mesmo
livro, sacramentado, indulgenciado e "águabentado", por um solene
"Imprimatur" do ordinário paulista, diz que "para enumerar todas
as graças concedidas seria preciso milhares de páginas e muitos
volumes..." Propõe-se Fred Jorge colher alguns dentre aquela quantidade
enorme, a fim de apresenta-los aos leitores. Contudo, por falta de
autenticidade e seriedade nesses tantos, apresenta, uns poucos apenas,
esclarecendo a sua necessidade de usar de fantasia (Pág. 22).
Teve razão
aquele padre da basílica que, em princípios do ano de 1961 me disse,
referindo-se à Aparecida: "Ela não tem valor algum. Nós gostamos dela
porque nos traz muito dinheiro".
LIVRO: A
SENHORA APARECIDA – OUTRO CONTO DO VIGÁRIO AUTOR: EX-PADRE CATÓLICO ROMANO
ANÍBAL PEREIRA DOS REIS
APÊNDICE:
Deixei definitivamente o sacerdócio romanista no dia 12 de maio de 1965, depois
de exercê-lo durante quinze anos. Prestei-lhe, nesse período, larga folha de
serviços.
Em minha
biografia: " Um Padre Liberto da Escravidão do Papa" relaciono farta
documentação a fim de demonstrar meu devotamento e integridade moral como
padre.
Deixei a
batina por uma única razão. É que me converti a Jesus Cristo, aceitando-O como
Único e Todo-Suficiente Salvador. Em resultado, decidi pautar minha vida,
exclusivamente, pela Vontade de Deus, exarada em Sua Bíblia.
Com crente
em Jesus Cristo – é evidente! – não poderia permanecer no labirinto das superstições
católicas, incompatíveis com a Bíblia.
Se até o
último dia que servi à seita do papa fui sempre considerado um sacerdote
exemplar, recebendo constantes elogios, não aconteceu o mesmo depois de a haver
abandonado.
Os vassalos
de Roma desencadearam sobre mim infernal perseguição, sobretudo pelo seu método
comum, isto é, a calúnia, a aleivosia e o achincalhe.
Poderão
mobilizar todas as suas hostes satânicas que não me arredarão do propósito de
continuar, Bíblia em punho, por todo o Brasil, proclamando Cristo, a Única
Esperança.
Ao invés,
suas diatribes mais me estimulam...
Mais me
enchem de gozo, consoante as palavras do meu, Bendito Salvador: "Bem-
aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem
todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos porque é grade o
vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes
de vós". Mateus 5:11 e 12:26
DR. ANÍBAL PEREIRA DOS REIS
(Edições " CAMINHOS DE
DAMASCO" – 1968 – 2ª EDIÇÃO)
Isaías 45:20 - Congregai-vos, e vinde; chegai-vos juntos, os que escapastes das nações; nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.
CONCLUINDO
Mais cego é aquele que não quer ver.
Idolatria é pecado e abominação para Deus.
Somente Jesus é intercessor entre Deus e a humanidade.
O evangelho de Cristo é o guia para a salvação das almas, não há outro caminho.
Jesus iniciou sua pregação dizendo,
Mateus 4:17 - Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
Então, arrependei-vos enquanto é tempo.
Jesus está voltando.
Missionário Virtual Geraldo de Deus (2019fevereiro,04 adendo)
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