SECA NO NORDESTE DO BRASIL - 5 ANOS SEM CHUVA



Seca extrema desafia sobrevivência no semiárido do Nordeste
14 NOV2016
Cinco anos de chuvas escassas deixam estados nordestinos em alerta.
Crise atinge também cidades grandes, que aguardam transposição do rio São Francisco, afetado pela seca. Projeto só deve ser concluído em 2018.
Em Irecê, na Bahia, a hora mais aguardada da semana é a entrevista dada pelo meteorologista na rádio.
É quando os moradores esperam ouvir notícias sobre a chegada da chuva, tão aguardada no semiárido para amenizar a severa seca que assola o Nordeste há cinco anos.
O produtor rural Edinaldo Campos nem sempre entende a linguagem do especialista.
Neste ano, ele perdeu toda sua produção de milho e não para de furar poços atrás de água para irrigar o único hectare de beterraba que tenta cultivar.
"Nunca furei tanto poço na minha vida. Quando encontramos água, é a 200 metros de profundidade, e a gente nunca sabe quanto tempo ela vai durar", conta Campos.
Irecê, localizada no polígono da seca, vive um fenômeno que chama a atenção dos técnicos: a cidade está afundando.
O motivo é a quantidade de poços perfurados, feitos sem planejamento integrado por produtores desesperados por causa da escassez.
Em todos os estados do Nordeste, a seca não se restringiu às zonas rurais mais vulneráveis, mas também avançou para grandes centros urbanos.
Em Campina Grande, na Paraíba, um dos principais polos industriais da região, a crise impôs um racionamento há meses.
O açude Epitácio Pessoa, que leva água à cidade e a outros 18 municípios, está com 5% de sua capacidade. Esse é o pior nível registrado desde a sua construção, no fim da década de 1950.

"Se não chover, não haverá água a partir de março", admite Paulo Varella, presidente da Agência Nacional de Águas (ANA).
"Acompanhamos o cenário em tempo real da nossa sala de situação e atuamos junto aos estados na gestão da crise", complementa.

Açudes e cisternas vazias
No sertão e agreste de Pernambuco, dados apontam para o aumento da área de escassez hídrica e temperaturas até 6 °C acima da média. O Monitor de Secas, ferramenta administrada pela ANA que acompanha a evolução do fenômeno no Nordeste, mostra o aumento da mancha vermelha mais escura no mapa, que indica "seca excepcional".
Mesmo no Ceará, que se destaca pela maior capacidade dentre os demais estados nordestinos para reservar água em açudes, a situação é crítica.
"Cortamos a irrigação para garantir o abastecimento humano", diz Francisco José Coelho Teixeira, secretário estadual de Recursos Hídricos.
Mais de 2 mil poços foram perfurados desde 2012, além de 200 mil cisternas construídas na última década para aumentar a resiliência da população.
A infraestrutura não afastou a crise: "Em meio a esse cenário, o que está garantindo o sustento das comunidades é o Bolsa Família", acrescenta Teixeira, lembrando que a única fonte de renda dessas famílias era a agricultura.


"Largado à própria sorte"
Campos diz que os pequenos produtores se sentem abandonados. "O Estado é ausente.
É por isso que nós, na base, sofremos tanto", opina. "Se já sabiam que viria uma seca tremenda, por que não falaram pra gente antes?
Por que não deram um aviso, falando pra gente poupar ainda mais água, ração, semente?", questiona.
Nos tempos áureos, Irecê já foi a maior produtora de feijão da região, com 200 mil hectares de área plantada. Com a escassez de água, as lavouras também desapareceram. Para manter a produção familiar, agricultores locais recorrem a uma figura tradicional caçadora de águas subterrâneas, que eles chamam de "varólogo".
Com duas varas na mão, ele circula pelos terrenos em busca do local apropriado para perfuração do poço. Quando as varas se movimentam, é sinal de que há água correndo debaixo da terra. "É um conhecimento passado por gerações, poucos têm esse dom. Não sei explicar como funciona, mas funciona", conta Campos.
Em muitos casos, a pouca água é salobra, inapropriada para consumo humano. Paulo Varella, da ANA, é a favor de tecnologias de dessalinização. "Não é nada excepcionalmente caro diante da escassez", afirma.
Em alguns estados, projetos-piloto usam a energia solar para abastecer o equipamento. Segundo Varella, o custo pode chegar a 0,50 dólar por metro cúbico de água - o equivalente a mil litros. Segundo a Organização das Nações Unidas, 110 litros diários são suficientes para atender às necessidades básicas de uma pessoa.
"Muito mais caro que projetos de dessalinização são os custos com caminhão-pipa", argumenta Varella. Para centenas de cidades do Nordeste, esta é a única fonte de água no momento, e estima-se que o custo com o serviço chegue a 80 milhões de reais por mês.


À espera da transposição

Na visão de Francisco José Coelho Teixeira, secretário de Recursos Hídricos do Ceará, a seca atual comprovou a necessidade da transposição do rio São Francisco. Dois grandes canais irão levar água pelo Eixo Norte, que vai do município de Cabrobó (PE), passando por cidades do Ceará, até Cajazeiras (PB), e pelo Eixo Leste, que começa em Floresta (PE) e vai até Monteiro (PB).
O São Francisco percorre 2.800 quilômetros, é fonte importante para irrigação (77% de seu uso), abastece grandes cidades e gera energia elétrica em usinas. A seca, porém, também impacta a região da bacia.
A conclusão do Eixo Norte, que aliviaria a situação em Campina Grande, só deve ocorrer em 2018. A empreiteira responsável pelas obras, Mendes Júnior, abandonou o projeto, e uma nova licitação deve ser aberta até o fim do ano, garante o Ministério da Integração Nacional. O Eixo Leste deve ser finalizado na virada do ano, mas ainda não se sabe como será sua operação em detalhes.


Escassez e mudanças climáticas

O pescador Antônio Gomes dos Santos, de 84 anos, desconfia que a seca que assola a região onde vive, no estado de Alagoas, não seja um comportamento normal da natureza. "O clima está mudando, e o homem é o culpado. Já não chove como antes quando tem que chover, e vejo o rio secar", diz sobre o São Francisco, que banha o povoado onde cresceu.
Modelos climáticos feitos por cientistas preveem uma redução de 30% de chuvas na região, afirma Paulo Artaxo, pesquisador da Universidade de São Paulo.
"É bem documentado que as mudanças climáticas vão intensificar e acelerar a ocorrência de secas, inundações, furacões. Estamos observando um aumento na frequência e intensidade dos fenômenos extremos, como essa seca no Nordeste", diz. "Daqui a pouco, será provável atribuir com mais certeza esses fenômenos às mudanças climáticas."
Vencedor de um concurso de poemas entre pescadores, Santos arrisca versos críticos questionando quem serão os beneficiados pela transposição do São Francisco: "Fazer transposição para abastecer até Ceará. E o povo da bacia, morrendo na seca está. O rio passando na porta, desse jeito é que não dá."

Historicamente, a distribuição de mensal de chuva no mês de outubro, apresenta os maiores índices pluviométricos,
valores acima de 75 mm, na faixa litorânea e oeste da Bahia (BA), no sudoeste do Piauí
(PI) e no sul e sudoeste do Maranhão (MA). As demais áreas da região Nordeste do
Brasil (NEB), apresentam valores inferiores a 75 mm. É possível observar também que
em algumas áreas do NEB como no norte do MA, centro-norte do PI, Ceará (CE), Rio
Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Alagoas (AL), Sergipe (SE) e
no extremo norte da BA os índices pluviométricos são inferiores a 25 mm.
Ao longo do mês de outubro de 2016, os índices
pluviométricos mais significativos foram observados no litoral sul e centro da BA e no
extremo oeste do MA, com valores superiores a 150mm. No sul dos estados do PI e MA
e uma área no oeste da BA também registrou valores de precipitação entre 75 e 100mm.
Nas demais áreas do NEB foram em algumas áreas. Nas demais áreas nordestinas, a
chuva observada não ultrapassou os 50 mm e em uma ampla área da região do NEB os
índices pluviométricos foram inferiores a 25 mm.
Em grande parte do território nordestino, anomalia de precipitação, a chuva observada ficou próximo ou abaixo da climatologia,
exceto em algumas áreas como no litoral sul e centro da BA onde a chuva observada
contribuiu para anomalias positiva de precipitação


Informações completas,  clique no link abaixo
http://monitordesecas.ana.gov.br/


CONCLUINDO

VAMOS OLHAR PARA NOSSOS IRMÃOS BRASILEIROS QUE MORAM NO NORDESTE. ELES ESTÃO SEM UM MÍNIMO DE CONDIÇÃO DE SOBREVIVÊNCIA.  ONDE ESTÃO OS ÓRGÃOS DO GOVERNO QUE CUIDAM DE AMENIZAR OS EFEITOS DAS GRANDES SECAS? ONDE ESTÁ A AJUDA AOS DESFAVORECIDOS?  ONDE ESTÃO OS PATRULHEIROS QUE VIGIAM TUDO O QUE SE POSTA NA INTERNET?
VAMOS AGIR EM FAVOR DOS NOSSOS IRMÃOS NORDESTINOS!
VAMOS GRITAR, VAMOS COMPARTILHAR PEDINDO PROVIDÊNCIAS DO GOVERNO FEDERAL.

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