OS REIS MAGOS
MATEUS 2 : 1 E, tendo nascido Jesus em Belém de Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém,
2 : 9E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino.
2 : 10, vendo eles a estrela, regozijaram-se muito com grande alegria.
Amigos do blog,
Em Mateus 2:1 e versos seguintes temos a narrativa da visita de magos que vieram do longínquo oriente para visitar o menino Jesus, Yeshua, ainda em Belém onde nascera algum tempo antes.
Entretanto nada se sabe de detalhes sobre tais visitantes, pois em nenhuma das escrituras há citação deles, exceto neste livro do Novo Testamento.
Nada se sabe a mais do assunto, fica então o mistério no ar.
Então, foi tecido todo um emaranhado de fatos fictícios criando um romance com cunho cristão, mas recheado de magia e ocultismo, digno das melhores novelas de mistério e aventura.
REIS QUE REVERENCIAM
Amigos do blog,
Em Mateus 2:1 e versos seguintes temos a narrativa da visita de magos que vieram do longínquo oriente para visitar o menino Jesus, Yeshua, ainda em Belém onde nascera algum tempo antes.
Entretanto nada se sabe de detalhes sobre tais visitantes, pois em nenhuma das escrituras há citação deles, exceto neste livro do Novo Testamento.
Nada se sabe a mais do assunto, fica então o mistério no ar.
Então, foi tecido todo um emaranhado de fatos fictícios criando um romance com cunho cristão, mas recheado de magia e ocultismo, digno das melhores novelas de mistério e aventura.
REIS QUE REVERENCIAM
Este conto começa assim, uma comitiva de camelos negros
chega a Belém e avançam pelas ruelas e becos até uma casinha singela sobre a
qual a luz esbranquiçada da estrela guia estacionou.
Baltazar avança à frente do séquito, montado em seu garboso
camelo negro com rédeas trançadas de crina de cavalo e fios de ouro, enquanto o
capitão de seus guerreiros desmonta, avança até a porta da frente da pequena
moradia e bate na porta depois de ouvir a confirmação de seu chefe dizendo: “É
ali!”.
REIS QUE REVERENCIAM COPILADO DO ORIGINAL DO AUTOR
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REIS QUE REVERENCIAM COPILADO DO ORIGINAL DO AUTOR
III- PRÓLOGO
__ É ali! – disse taxativo Baltazar, apontando o dedo
indicador da mão esquerda, enquanto com a direita segurava elegantemente as
rédeas trançadas com pelo de crina de cavalo e fios de ouro.
Seu camelo negro
destacava-se dentre os demais da caravana, por ser mais alto, esguio e
garboso, mais ricamente ornado com muito ouro, prata e gemas multicoloridas.
Era início do anoitecer e a estrela-guia brilhava, como
uma grande bola de luz alva, luz esta que se refletia sobre um casebre simples
e humilde, envolvendo-o, e destacando-o
das trevas que se instalavam.
Localizava-se no fim de um beco comum, igual a tantos
outros, naquele pequeno povoado chamado Belém, ou Bayt Lehem, que curiosamente,
significava “casa do pão”.
A moradia fechada estava silenciosa, mas a fumaça que
pairava sobre seu teto, indicava estar habitada, e que lá dentro havia vida.
__ Afinal encontramos o pequeno grande rei, a quem
devemos reverenciar. - Falou Gaspar, enigmático, fazendo trejeitos com as mãos.
Belchior olhou-o com reprovação, pois tinha muito
respeito pelo rei Baltazar, seu vizinho, aliado e protetor. Se ele dizia que ali estava o maior de todos
os reis, um grande libertador, então ele exigia respeito, não só pelo recém-nascido,
mas por seu parceiro. Por isto, imaginando-o
sarcástico, repreendeu Gaspar com rispidez:
__ Mais uma demonstração de desrespeito ao amigo Baltazar,
e seu trono precisará de outro feiticeiro para ocupá-lo. – Vociferou entre
dentes, ameaçador.
Gaspar encolheu-se sobre seu camelo, assustado. Ele, melhor que ninguém, sabia que ali estava
um terrível guerreiro, agora um grande aliado, mas que poderia tornar-se mais
feroz inimigo. Implacável. No entanto, ele ansiava pelo desfecho dos
acontecimentos. Não tivera a intenção de faltar com o respeito ao
pequeno rei. No entanto, entendia que seu passado o condenava.
__ Não tive a intenção... – Sussurrou Gaspar, de forma
dúbia.
Baltazar nada ouviu do diálogo entre seus dois
companheiros de jornada. Parou sua montaria em frente à casa banhada de luz
esbranquiçada da estrela-guia, e desmontou.
Ruídos abafados de curiosos observando, por frestas de
portas e janelas entreabertas, não desviaram o foco de seu objetivo.
O capitão da guarda do rei Baltazar aproximou-se e chamou em alta voz, em sua língua síria,
enquanto batia, firmemente, na porta.
Então saímos do prólogo e viramos a página onde começa o
capítulo seguinte denominado “caravana”. Temos a narração em primeira pessoa de
um viajante que fazia questão de permanecer no anonimato. Ele é um dos
caravaneiros que chegam ao sultanato de Haydzin e nos descreve o que vê e o que
sente: a caravana imensa como uma anaconda descomunal avançando deserto a
dentro por um lado e penetrando no pátio exterior do palácio do sultão pelo
outro, o sol forte mas que ali naquele reino não castiga o povo. Alguma
poderosa magia negra faz a temperatura ficar amena mesmo sob o sol abrasador.
Ele também nos descreve a excessiva quantidade e variedade de ídolos em forma de seres disformes e monstruosos...
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REIS QUE REVERENCIAM COPILADO DO ORIGINAL DO AUTOR
IV- CARAVANA
Aqui e por todo este imenso reino o sol domina, é
ele o ente supremo.
Por tão imensurável poder
os povos desta região adoram-no
como o maior dos seus muitos
deuses.
Acreditam convictamente que ele é o grande criador, o que criou os deuses e deusas menores, os quais, segundo suas atribuições, criaram tudo o que podem ver e sentir.
Mirem as imponentes torres do palácio do poderoso sultão
Ham-Heindard, estruturas milenares que se elevam até quase tocar as nuvens. Torres resplandecentes e bojudas, recobertas com
camadas e camadas de ouro puro.
Ao viajante desavisado que as avista de longe pelo
deserto, parece haver um sol no céu e
outro emergindo das tórridas areias. Um
sublime espetáculo que causa pasmo, reverência e temor. Ao se aproximar da colossal construção pode-se observar que são
sete torres, sendo uma elevada acima de todas as outras . Maior, mais
brilhante, tendo em sua parte posterior certa inscrição
feita em alto relevo em ouro negro, onde se lê: Heind, heindart oumutzh. Traduzindo seria: Sol, Criador
supremo.
Eu, como viajante e explorador, estou chegando agora próximo `a colina sobre a qual se ergue
orgulhoso o palácio do sultão Ham-Heindard.
A caravana na qual estou viajando através do deserto é
composta de quase quinhentos camelos, além de algumas dúzias de elefantes
negros, sendo que enquanto estou ainda ao pé da colina, o batedor já está no portão pedindo autorização para entrarmos no pátio exterior. O calor e o brilho do sol é muito forte, mas aqui parece que estamos no inverno, chega
a fazer frio. Eu já ouvira falar que a magia dos adoradores do sol rouba dele o
calor, mas é extremamente incrível viver
esta experiência, de estar sob o sol abrasador e sentir na pele a brisa suave do amanhecer.
Olho para trás, a caravana se perde no meio das dunas,
fazendo curvas como uma cobra gigantesca. São mercadores trazendo todo tipo de
coisas, desde alimentos até tecidos, joias,
animais de estimação, animais silvestres, artesãos, curandeiros, aventureiros e
até mesmo uma trupe de meretrizes, que viajam de reino em reino vendendo o
próprio corpo. Nossa travessia desde o porto onde desembarquei e me uni à
caravana, já dura cinquenta e sete dias, sendo este o primeiro dos reinos de
Heind por onde a caravana vai passar.
São sete grandes reinos ou sultanatos e mais
de cem sub-reinos, governados pelos
vizires nomeados a dedo pelos sultões, mas o reino de Heindzyn é o maior e mais esplendoroso deles... O mais
rico.
Agora a caravana se movimenta e vamos penetrar no palácio
majestoso da torre do deus Sol.
Eu, particularmente, sinto náuseas quando o assunto é
idolatria.
A agitação, o burburinho, ruídos de gente, camelos,
cavalos, cacarejar de galináceos, odores perfumados mesclando-se ao fedor das fezes dos animais... Caos
generalizado.
Ao penetrar no pátio exterior, senti enjôo, vieram-me
ânsias de vômito... Terrível força da
idolatria demoníaca cria uma aura pestilenta que toca minha alma e me faz estremecer. Com certeza aqui é o epicentro da idolatria
no mundo. Nunca havia visto tantas
estátuas, tantos ídolos e tantos obeliscos num mesmo espaço.
Existe uma extensa avenida cuidadosamente ladeada de flores de todas as
matizes, que se estende desde a ponte sobre o poço junto à ponte levadiça, até os portões
internos do palácio do sultão. E na parte posterior de cada arbusto, flor ou
outeiro, projeta-se uma estátua, um
obelisco... Uma monstruosidade. São deuses e deusas, com formas humanas,
animalescas: monstruosas, disformes,
adornadas com chifres e rabos enormes. Conjurei
um encantamento e me resguardei dos maus fluidos. Suporto a presença dos gênios
das trevas somente enquanto me servem, enquanto obedecem aos meus propósitos e
executam as ordens que lhes dou, mas jamais imaginei adorá-los como
deuses. E, sempre que possível, ponho
bastante distância entre eles e eu.
Fico tentando entender como uma pessoa, por mais
ignorante e desinformada que seja, pode se ajoelhar e orar para artefatos tão horrorosos, sem
vida, petrificados, inertes. “Há um só
Criador, um só Deus” – pensei inconformado.
__ “Baltazar, o grande rei precisa de ouro...” , – Ouvi a frase , olhei em volta, rostos desconhecidos
por todos os lados.
Segui meu trajeto até a aconchegante estalagem, onde eu e meus camelos descansaríamos.
Novo recuo no tempo, iniciando o capítulo denominado “cicatrizes”.
Baltazar rememora acontecimentos de quinze anos atrás, quando ainda era um
adolescente vivendo como escravo num estábulo onde cuidava de muitos camelos,
onde era espicaçado e maltratado por um eunuco persa grandalhão e cruel...
REIS QUE REVERENCIAM COPILADO DO ORIGINAL DO AUTOR
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Em seguida vemos o capítulo VI - SERVO E APRENDIZ
REIS QUE REVERENCIAM COPILADO DO ORIGINAL DO AUTOR
V - CICATRIZES
Tomei um
refrescante banho e deitei-me sobre minha esteira de dormir. Mesmo estando num quarto, numa estalagem, não me dou com camas. Como
quando estou ao relento, prefiro a esteira dura sobre o solo.
Meu turbante de pele de camelo enrolado em minha capa de
mestre da magia serve como anteparo à minha cabeça. Relaxo meu corpo, navego
num mar de pensamentos desconexos. Lá
fora o sol arde sobre a areia e beija as torres de Heindzyn. Aqui dentro da estalagem, num quarto com
cortinas de tapeçaria, a penumbra causa-me sonolência. Caí num sono pesado, agitado por pesadelos há
muito deixados para trás.
Acordei, mas ainda me sinto cansado, devo ter dormido por
algumas horas. Lá fora já está escurecendo, eu me deixo ficar deitado sobre
minha esteira, repassando os fatos que marcaram minha vida e que me causam
certo desconforto.
Relembro aquela
voz, a que me chamou pelo nome algumas horas antes, quando cheguei ao
pátio do palácio. É a mesma voz que ouvi há muitos anos atrás, quando tinha quinze
anos de idade, naquele curral de camelos onde eu vivia. Naquela primeira vez,
foi como um sussurro, como uma brisa
suave murmurando dentro de minha mente: “Baltazar, o grande rei precisa de
ouro...”
Levantei-me, o sono fugiu. Sim, a mesma voz, sem dúvida , agora, doze anos depois.
Fiquei a remoer os fatos e as recordações
vieram-me, como peças soltas que se encaixavam.
Com quinze anos de idade
eu era escravo na antiga cidade de Ur, dos caldeus. Órfão de pais cativos de origem desconhecida,
minha sina era cuidar dos camelos do meu amo, homem muito poderoso e temido, por ser versado nas artes do ocultismo. Na época eu não sabia, mas ele era um grande
feiticeiro. Eu cuidava de seu rebanho de
camelos. Se os animais iam bem,
saudáveis, lustrosos, eu recebia um castigo leve. Se algum apresentava doença ou feridas
causadas por carrapatos e bicheiras, então eu era açoitado até sangrar. Desta
forma, por força maior, tornei-me exímio
tratador de camelos.
Eram parte de mim.
Eu vivia e dormia ali mesmo, no grande curral, no meio da forragem
. Até cheirava como um deles. Meu amo,
eu via só de longe quando partia ou
regressava de suas constantes viagens.
Meu carrasco
era um enorme eunuco persa, de olhos
malignos, frios, que sentia grande prazer em açoitar-me como a um cão danado. Mas um dia as coisas
mudam.
Lembro-me bem daquela manhã. Eu dormia sossegado quando
senti o ardor da chibata em minhas
pernas. Acordei uma vez mais sendo
açoitado. E o sol nem havia saído,
estava ainda meio escuro. Como sempre
fazia, sem outro recurso, fui rolando pelo chão, me arrastando, levando
lambadas pelo corpo, até conseguir me abrigar embaixo dos camelos que haviam se
levantado devido ao barulho da chibata e de minhas imprecações.
Fazia bastante tempo que eu já não chorava ao ser espancado. Praguejava.
E isto fazia o eunuco ficar bastante zangado.
Como acontecia
sempre, a surra acabava quando eu escapava entre o rebanho e o maldito gargalhava
de prazer enquanto eu continuava a erguer os punhos e dizer todo tipo de
palavrões. Cheio de ódio, eu gritava:
“ainda vou te matar, eunuco desgraçado,
ainda vou te matar!!!”
Eu transbordava ódio por cada poro de minha pele suja, recortada de cicatrizes e mau cheirosa. Eu vociferava entre dentes: “mas vai ser uma
morte lenta, bem devagar e doída. Uma
dor por cada cicatriz que cobre meu corpo, seu maldito...”
Ele continuava com a chibata erguida, gargalhando de puro
prazer.
Repentinamente, para meu espanto e também do persa,
saindo da penumbra surgiu ali, bem à
nossa frente nosso poderoso amo. Imaginei
que ele esteve ali todo o tempo assistindo
à cena. Maldito ele também, - eu
pensei.
_ Eunuco, - ele gritou -, aqui na
minha frente, agora!
Surpreso, o persa se arrastou lentamente até bem próximo dele. Ficou ali parado, sem saber
se abaixava o braço, ou se mantinha a chibata erguida... Abobalhado.
-- De joelhos! -Gritou o amo, irritado - De joelhos, bastardo!
Surpreendeu-me.
Pensei que ele ordenava as constantes surras pelo fato de eu ser um
cativo, um maldito escravo. Sempre me senti como o esterco que eu ajuntava no
curral e retirava em grandes sacos. Na verdade, me achava abaixo do esterco,
porque este era vendido, gerando ouro para meu amo. Eu não, eu era um nada, sem qualquer valor, sem qualquer futuro. Será
que o amo não aprovava o açoite constante? E eu que sempre sentia asco ao ver
meu amo chegar e partir.
Agora, apontou para minha direção e me chamou com voz
indiferente:
_ Venha aqui, guardador dos camelos. – Ordenou sem
qualquer emoção na voz.
Embora pasmo de surpresa, rapidamente me acheguei a ele. Parei à sua frente, de pé, firme, a expressão
ainda irada.
- Tire estes trapos. Mostre-nos seu corpo marcado! – Ordenou
com aquela mesma indiferença no tom.
O eunuco estava ali ao lado, aflito, ajoelhado,
cabisbaixo, murmurando frases sem sentido, buscando justificativas.
-- Cale-se, seu inútil! – Ordenou entre dentes o amo.
Me despi daqueles
andrajos que mal me cobriam a virilha e os ombros. Ele então ordenou ao eunuco:
- Levanta-te, inútil, faça a contagem das cicatrizes de
chibata que colocaste neste infeliz!
Trêmulo, o persa ergueu-se, aproximou-se e pôs-se a marcar com pedrinhas de
cálculo. Para cada cicatriz depositava
uma pedrinha sobre minhas vestes jogadas no chão. Algum tempo depois, quando
ele encerrou a tarefa, havia uma pilha de pedrinhas que daria para encher uma
bolsa lateral de arreios dos camelos. Daquelas nas quais os viajantes levavam
mantimentos para uma estação de viagem
nas caravanas . Era muito mais que eu supunha existir. O amo falou:
-- Veja Eunuco, este é o resultado de toda tortura tua, de
chibatadas tuas sobre a carcaça deste infeliz. – Seu tom era estranho, frio e
ao mesmo tempo terrível, cortante. Continuou a falar enquanto tocava-me as
cicatrizes no dorso e no rosto:
-- Tantas cicatrizes, tanta dor... Tanto ódio
acumulado! Foi este ódio
empesteando o ar que me atraiu até aqui. - Mudando o tom, falou-me com certa condescendência
na voz:
_ Cubra seu corpo, jovem guardador dos camelos. Vou fazer justiça. Tirou a chibata da mão do
persa e entregou-a para mim.
__Eunuco, pode se
defender; e você, garoto, pode
descarregar esse seu ódio, bata nele o quanto puder!
Foi dizendo isto enquanto virava as costas e saia do
curral, fechando os portões e amarrando a trava por fora.
Agora era entre eu e o persa.
Ao ver nosso amo virar as costas o eunuco recobrou seu ar
de poder. Atirou-se em minha direção, tomou-me a chibata e reiniciou o castigo
esperando que eu fugisse, me arrastando até os camelos a fim de me safar como
sempre.
Mas não hoje. O
amo me elevou, me igualou ao persa ao
rebaixar a autoridade dele reduzindo-a
àquele monte de pedrinhas de cálculo. Ignorei
o cortar da chibata, ignorei o sangrar na pele e agarrei o eunuco pelo pescoço
com ambas as mãos. Olhei bem dentro de seus olhos e vi o medo que ele sentiu ao
se surpreender por eu estar bem mais alto que ele. Eu havia crescido, me tornado forte no serviço braçal
incessante. Ele, no entanto, apesar de grandalhão, devido à vida de mordomias
que levava engordou, ficou flácido.
-- Seu inútil! – Repeti com gosto a frase do amo bem naquela
sua cara gorda .
-I nuu tilll ! -
Gritei enquanto o enforcava, sustentando-o no ar como fazia com os sacos
de esterco.
O eunuco parou de bater, soltou a chibata e tentava em
desespero soltar minhas mãos que o
sufocavam, tentava também atingir-me com os joelhos e as pernas. Tudo inútil. Nada do que fazia conseguia
afrouxar minhas garras de ódio em torno de sua garganta. Eu o olhava de cima
para baixo, bem nos olhos. Aqueles olhos
tão temíveis agora eram suplicantes, avermelhados, injetados de sangue e dor.
Então eu senti pena. Já não havia em mim mais ódio e ele
já não se debatia, estava paralisado, sufocado, em agonia moribunda. Decerto sentia a morte acariciá-lo com seu
toque gelado. Soltei-o. Ele caiu no solo como um trapo, meio torto, em
estertores, parecendo um ganso
depois de ter seu pescoço torcido pela cozinheira.
Naquele momento veio em minha mente a voz suave,
sussurrante:
-“Baltazar, o grande rei precisa de ouro”.
Em seguida vemos o capítulo VI - SERVO E APRENDIZ
Onde ele se recorda de como saiu da condição de escravo para a de
protegido do amo, que descobriu ser um poderoso mago, na verdade o MESTRE DOS
MAGOS DA BABILÔNIA.
REIS QUE REVERENCIAM COPILADO DO ORIGINAL DO AUTOR
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ENTÃO ACONTECE A TRAIÇÃO...
Acima demonstração de alguns capítulos narrando o início da vida de uma das personagens, o mago Baltazar, o pagão que foi escravo, depois aprendiz de mago, em seguida se tornou o sucessor de seu amo angariando para si o título de Mestre dos magos da Babilônia, tendo ganhado com o título um sem número de perigosíssimos inimigos, ou seja, todos os demais magos, que não aceitavam um rapaz tão jovem se tornar seu líder.
REIS QUE REVERENCIAM COPILADO DO ORIGINAL DO AUTOR
O amo voltou e abriu o grande portão do abrigo dos
camelos. Sorriu um sorriso largo ao ver
que eu dominara o eunuco. Encontrou-me de pé, tendo o persa ajoelhado a
minha frente, implorando clemência.
__ Já chega! – Gritou ele.
Em seguida disse:
– Jovem, acompanhe-me...
Qual é mesmo seu nome?
Eu o segui, levando comigo um saco no qual eu guardara o
monte de pedrinhas que representavam a quantidade de minhas cicatrizes contadas pelo meu agressor. Senti ventos
de mudança, daquele dia em diante
minha vida mudaria por inteiro, com
certeza.
__ Baltazar, senhor meu amo. – Respondi.
Pela primeira vez
em minha vida entrei naquela casa. Depois de tantos anos habitando no curral ali
tão próximo. Tudo ali dentro era limpo, cheiroso, mas um
tanto tétrico.
Havia uma mulher
muito idosa que atendia ao mestre
quando ele chegava de suas constantes viagens. Lavava, limpava e cozinhava,
embora estivesse já decrépita e
quase cega. Eu via-a sempre de longe, mas neste momento eu a vejo frente a
frente. Coitada, de perto
é ainda mais velhinha e acabada, só que tem um semblante de humildade e
simpatia. O amo deu ordens e ela
levou-me até certo aposento próprio para banhos, já preparado com água
morna. Ordenou-me tirar os trapos como
se eu fosse uma criança. Obedeci. Ela
então fez uma faxina completa em mim.
Fui ensaboado, escovado, raspado, novamente ensaboado, enxaguado e outra vez mais tudo se repetiu.
Então fui perfumado e vestido com macia túnica de
seda, tão suave como nunca imaginei
existir coisa assim.
Em seguida, ela serviu-me comida numa grande mesa,
abarrotada de frutas e carnes assadas...
Tantas iguarias como eu sempre sonhara nas longas noites de fome e agonia passadas
no estábulo durante toda minha vida. Deliciei-me com sabores inimaginados. Eu devorava tudo ao mesmo tempo.
A velhinha recomendou-me:
__ Calma, coma devagar, mastigue bem... Senão o menino
morre engasgado...
Contive-me. Não
queria ficar gordo e flácido como o
eunuco.
Quando parei de comer, ela me serviu um delicioso chá digestivo. A boa mulher conduziu-me a um dos quartos e
disse:
__ Agora é seu,
homenzinho... – Ela falava com muita doçura.
Disse também que eu deveria repousar, porque meu amo
me levaria com ele já nesta próxima expedição, sendo que eu
desempenharia as funções de aprendiz e guarda-costas.
Fiquei extasiado.
__ Descanse bem, -
disse ela-, partirão de madrugada para uma longa viagem até a Etiópia...
Eu nem imaginava o quê ou onde era a tal Etiópia, mas
gostei da palavra. Era boa de se
ouvir. Quando ela saiu do quarto, pude ouvi-la resmungando baixinho algo como: “nunca vi tanta cicatriz, nem em animal... Deuses muito potentes devem ter tido piedade
do coitadinho”...
Nem liguei, tratei de dormir, pois eu não sabia nada
sobre deuses potentes.
Partimos numa
pequena caravana de camelos do meu amo, ainda na escuridão e no frio da madrugada.
Viajamos por planícies sem fim, por mares de dunas de areia tostadas de sol,
por montes gelados, por matagais infestados de feras selvagens e insetos
pestilentos.
O inverno seguinte
encontrou-nos nos montes gelados
das montanhas do norte. Meu mestre fazia muitas paradas, tinha encontros com
governantes de todos os lugares por onde passávamos. Todos
tinham necessidade dos préstimos
do Mestre dos Magos da Babilônia, que era uma espécie de seita secreta, mas bastante conhecida dos
homens poderosos, os quais
recompensavam-no com muito ouro, joias e pedras preciosas.
Na época do segundo inverno, queimávamos nas
tórridas dunas de areia do terrível
deserto do Egito. Dali em diante,
sempre estávamos cercados pela selva e
um povo negro, entre os quais destacavam-se como governantes poderosos feiticeiros,
mestres da magia negra.
Durante todo este tempo, meu amo instruía-me sempre, todos
os dias e todas as noites, sobre
astronomia, astrologia e encantamentos. Entretanto,
nestas terras de escuridão da pele humana,
ali foi onde começou e se
desenvolveu verdadeiramente meu
treinamento.
Chegamos a certa
aldeia, na qual os habitantes praticavam uma feitiçaria chamada vodu e meu amo
deixou-me ali, como aprendiz do grande Maguhla, o maioral daquelas paragens. Meu amo deu-lhe muitos talismãs, que ele
pegava com avidez, em troca de meu treinamento, e partiu, prometendo voltar
quando meu aprendizado se findasse.
Com este feiticeiro
cruel e insensível eu aprendi todo tipo de ritual de magia negra, até
mesmo aqueles que exigiam sacrifício de seres humanos. Aprendi a usar os espíritos e os gênios das
trevas, os quais eu dominava e colocava sob meu comando, como servos e
escravos. Eles vinham a mim mansos e submissos, bastando para isto certas
conjurações, que comecei a aprender com
Maguhla, mas que após algum tempo, eram
sopradas pelos próprios gênios em meus ouvidos, como se adorassem me servir todo o tempo. Acreditei-me soberano das criaturas das trevas. Gostei do poder e a cada momento unia-me mais
intrinsecamente a estes seres que me serviam e me ensinavam quais encantamentos
deveria usar para tê-los como meus
escravos.
Tão grande tornou-se meu poder, que, humilhado, o mestre
Maguhla mandou-me regressar para meu amo antes que ele voltasse para me
buscar.
Maguhla, eu acreditei, temia meu grande poder.
Quando eu estava
partindo de sua aldeia para retornar à casa de meu amo e protetor, Maguhla sussurrou
em meu ouvido, com sua voz arrastada que mais
parecia o sibilar de uma serpente:
__Criança inocente, mas petulante, resguarda-te contra estes seres
infernais... Não se faça refém tão
rapidamente... Neste teu agir insensato,
este poder o devorará... Seu fim virá
breve... De jeito trágico...
Nem liguei, ele estava despeitado, pois eu o superava na dominação
dos gênios das trevas. Ignorei suas palavras. “Eu é que sei”.
Parti dali com meu ego maior que o oceano por onde eu
navegaria por alguns meses em minha
viagem de retorno para casa.
Sentia-me uma divindade.
Chegando à casa de
meu amo, após a demorada viagem,
ele recebeu-me com um sorriso paternal e forte abraço. Estranhamente, não
fez sequer uma pergunta sobre meu aprendizado
ou qualquer outra questão referente ao mestre feiticeiro da magia negra
vodu Maguhla, nem porquê eu voltara antes que ele fosse me buscar. Concluí
que ele sabia de tudo o que ocorrera ou que tinha
muitos projetos em andamento e que
gostara de ter-me de volta para auxiliá-lo.
De qualquer forma, eu estava ali, junto da única pessoa que me demonstrava
afeição, que eu quero corresponder da
melhor forma possível, fazendo de seus mais insignificantes pedidos uma ordem.
Finalmente, eu estou em
minha casa.
ENTÃO ACONTECE A TRAIÇÃO...
VII - FRUSTRAÇÃO
Meu pai, - embora eu o chame de amo, em meu coração ele é meu pai e protetor
- , demonstrando todo seu apreço por mim e total confiança em minha capacidade,
passou a enviar-me aos mais diversos lugares, inclusive aos reinos vizinhos
para executar missões, para ele muito importantes.
Se eu não estivesse ali, ele teria que ir, então eu me
sentia de grande valia. Eram incumbências tais como obter certa espécie de
planta rara e exótica nas estepes geladas nos
confins da Ásia, caçar animais raros e retirar-lhes o sangue
ou chifres ou o coração e entregar ao mestre sem deixar que coagulasse ou
apodrecesse, infiltrar-me nas expedições dos exploradores nas pirâmides do Egito, a fim de furtar
valiosos talismãs, capturar animais
selvagens carnívoros nas savanas do continente negro, capturar serpentes e retirar-lhe o veneno
para o mestre usar em seus encantamentos. Coisas deste tipo.
Depois, como eu me sobressaia por ser muito alto e
forte, além de impor medo pela minha
aparência recortada de cicatrizes por todo o corpo e faces, ele nomeou-me chefe
dos guardas que protegiam suas caravanas
vindas de Ophir, abarrotadas de ouro e jóias . Durante dois longos anos
eu o servi nesta função, enfrentando hordas de ladrões e assassinos sanguinários.
Em todas as empreitadas eu me saí bem e sempre retornei
ao meu paizão com a satisfação da missão cumprida, vitorioso, subjugando toda
dificuldade e obstáculo que houvesse.
Minha satisfação era receber de meu amado protetor aquelas amistosas tapinhas
nas costas. Eu nada mais pedia, aquela
demonstração silenciosa de aprovação me deixava extasiado. Com minha total
dedicação sentia estar fazendo-o feliz.
Para executar as ordens eu usava todo o tempo minha magia negra, conjurando e escravizando os
gênios das trevas, que me serviam cada
vez com mais submissão e eficiência.
Tudo com o objetivo de levar alegria ao meu amo, mestre, protetor e pai, o supremo mestre dos magos da Babilônia.
Assim, com o passar
do tempo, eu me aperfeiçoava mais e mais nas artes do ocultismo e,
principalmente, da magia negra.
Certa ocasião, meu amo colocou
sob meu comando três misteriosas
personagens. Eram guerreiros cobertos por vestimentas negras e com
o rosto coberto por estranha máscara.
Ordenou que eu os levasse comigo a toda parte, todo o tempo, como se fossem
minha sombra. Ordenou-me levá-los comigo, incondicionalmente, em todas
as missões e na execução das mais simples tarefas cotidianas.
Encaixei-os
em minha rotina, mas era muito
esquisito ter aquelas três figuras cercando-me, rodeando-me todo o tempo.
Obedeciam-me prontamente, lutavam de forma imbatível, usavam suas adagas
de prata, mostrando serem matadores natos.
O mais estranho, é que não se alimentavam. Não comiam nenhum alimento nem bebiam água e
comunicavam entre si com grunhidos para mim ininteligíveis. Vestiam-se todo o
tempo de cor preta, cobrindo-se dos pés à cabeça, tendo o rosto coberto por
grotesca máscara de ferro, a qual
continha apenas duas aberturas na
altura dos olhos.
Com este trio auxiliando-me, o amo passou a confiar-me
missões mais sigilosas e muito mais arriscadas, tais como invadir fortalezas de
feiticeiros rivais para furtar talismãs ou artefatos preciosos à sua magia. Com a assistência dos três brutamontes negros, eu sempre executava cada missão com
muita facilidade, aliando minha magia e esperteza à força bruta deles.
Éramos imbatíveis. Minha admiração pelo meu protetor
aumentou muito. Ele criou aqueles guerreiros para minha proteção, agora eu
entendo.
Então, num dia qualquer de outono, o mestre e pai
instruiu-me numa missão, para ele de vital importância, sendo que eu deveria
voltar trazendo certos órgãos de corpos humanos , de pessoas por ele
escolhidas, os quais ele usaria em sua
magia de fortalecimento.
Como sempre, me prontifiquei em obedecer suas ordens, que
ele resumiu assim: “_ Meu precioso Baltazar, juntamente com seus
três guerreiros negros, penetre na fortaleza do Sheik alhl-ib-sohl,
nas terras da Arábia, evitando ser notado, mas se acontecer, não deixe
testemunha viva, elimine todo inimigo que atravessar seu caminho. O sheik me deve uma grande fortuna, mas recusa-se a pagar. Então, eu não quero mais
seu ouro. Ele tem coisa muito mais
preciosa... – neste ponto, ele apertou os olhos, que me pareceram frios e cruéis, como eu ainda não vira antes, e continuou falando - , ele tem duas filhas
jovens e virgens. Você, Baltazar, vai
trazer-me ainda pulsando e quente, os dois coraçõezinhos das moças.
Eu não me surpreendi.
Para mim era apenas mais uma missão.
Tanto fazia que ele me ordenasse trazer o coração de dois cavalos
puro-sangue do sheik ou o de suas
filhas... Era apenas mais uma missão.
Ele concluiu com voz firme:
__ Eu quero, com toda urgência, estes dois corações
destas duas virgens em minhas mãos!
Faça seus preparativos para a breve viagem com rapidez, e enquanto isto,
quero ter uma conversinha particular com seus três ajudantes...
Comecei rapidamente a separar tudo o que precisaria para
a empreitada. Enquanto isto, meu mestre fechou-se em seus aposentos com os três
“gorilas”, dando-lhes alguma instrução que, com certeza, não era de meu
interesse. No entanto, estranhei a forma como eles passaram a olhar-me
após saírem da inesperada reuniãozinha secreta.
Olhavam meio de lado, disfarçando, como se me estudassem, como se estudassem uma presa, na verdade.Eram
como predadores avaliando sua caça. Eu desconfiei imediatamente desta forma
estranha de agir, o que estava acontecendo? Principalmente, temi por meu amo
que nada sabia e de nada desconfiava tendo-os por leais. Imaginei que, por algum motivo, eram
favoráveis ao sheik alhl-ib-sohl
e poderiam trair a mim e ao meu paizão. Tentei agir com naturalidade,
para não alertá-los sobre minhas suspeitas. Só não falei nada ao amo para não
causar-lhe sobressalto. De toda forma, eu o protegeria, jamais permitiria que
aqueles seres o ameaçassem. Ele foi a única pessoa que me tratou com respeito,
que me deu oportunidade para conhecer e aprimorar meus talentos na magia e no ocultismo. Era meu amo, protetor, mestre e pai. Foi o único que me valorizou. Abriu-me a porta do mundo e tornou-me apto
a conquistá-lo.
Partimos para as terras do sheik árabe, viajando sobre
camelos por sete dias e meio. Chegando às proximidades de nosso destino,
avistamos os altos muros do palácio, era
uma verdadeira fortaleza, bem vigiada por muitos sentinelas com
lanças, outros com arcos e também, por muitos cães ferozes, que estavam
acorrentados e ladravam sem cessar. Para não levantar suspeitas nas sentinelas,
continuamos em frente, como se
fôssemos seguir viagem. Alcançando um sítio fora de sua visão, montamos acampamento nas areias do deserto
que circundava o palácio. Os camelos deitaram-se no solo e os três assassinos
se recostaram neles para repousar. Usando magia, fiz uma pequena fogueira, que
crepitava sobre a areia, sem soltar fumaça. Forrei o solo com um tapete,
próximo à fogueira e iniciei um ritual de magia negra para invocação dos gênios
das trevas inferiores. Em transe, com os olhos fechados, meu
espírito se libertou e com minha visão espiritual, eu observava os três
suspeitos, vigiando cada gesto, cada movimento que faziam. A noite avançava, o tempo passando e eu ali,
em transe, com os olhos cerrados. Eles foram ficando inquietos, gesticulavam,
moviam-se em círculos, agitados, resmungavam, rosnavam...
Invoquei certo
gênio das profundezas e ordenei-lhe que descobrisse o que diziam uns
aos outros e o que
tramavam em suas
mentes. O gênio surgiu com a aparência (espiritual) de enorme serpente,
porém, ostentando seis pés de ave de rapina e penas ralas em alguma
partes de seu corpo fétido. Aproximou-se
dos três e envolveu-os com seu hálito de morte,
paralisando-os, mas sem causar-lhes dano.
O ser tinha a capacidade de ler
pensamentos como se fosse um pergaminho aberto na luz. Os pensamentos dos três
eram nebulosos, banhados de sangue e traição. Em transe, eu via tudo o que o
gênio via. Ele ia decifrando os mistérios
do coração e da mente daqueles assassinos e eu tomava conhecimento de
imediato.
Pude vê-los recebendo ordens do meu amo sobre nossa
missão em andamento. Eles deveriam seguir minhas ordens até que os dois corações
das duas filhas virgens do sheik estivessem acondicionados nas bolsas de
transporte fornecidas pelo amo. Então,
deveriam atacar-me, arrancar meu
coração e, após queimar os três corpos aviltados, retornar ao mestre com toda
urgência possível. O amo precisava de três corações de três virgens, não dois
somente. Fiquei boquiaberto,
extremamente abalado, jamais imaginaria tal atitude do meu protetor.
Fiquei sem ação, abobalhado.
Eu estava tão acostumado a ser o braço forte do meu amo,
que minha mente não conseguia digerir aquela traição, nem esboçar revolta ou insurreição. Sempre fui totalmente obediente ao meu amo, acatando com retidão e urgência
todas as suas ordens. O que vou fazer?
Jamais vislumbrei causar-lhe mal. Mas,
agora é ele ou eu. O que vou fazer, matar os três assassinos e fugir? Mas como
e para onde fugir de um homem com tanto poder e conhecimento como meu amo?
Ele conhecia cada governante de cada nação. Fugir é impraticável. Ele me
perseguiria, me aniquilaria, até obter o que queria. Para meu espanto, descobri
que um daqueles assassinos era uma forma amorfa do eunuco persa, que tanto me castigara. Então, afinal,
minhas cicatrizes foram causadas por vontade do meu amo. Que tristeza!
O gênio queria
matá-los rapidamente, fazendo-os
respirar seu hálito fatal, eu o impedi e ordenei que não lhes fizesse mal.
Ele retrucou desconsolado: ”Eles são assassinos, só descansarão
após matá-lo”. “Estou ciente”- respondi
mentalmente- “mas não lhes faça mal, apenas mantenha-os paralisados, até que eu
ordene libertá-los”.
Analisei rapidamente a situação, projetei ações e avaliei consequências, até encontrar a
melhor solução. Resolvi colocá-la
em prática imediatamente. Afinal,
havia uma saída honrosa, e com vitória.
Invoquei outro ser infernal, uma fêmea diabólica, a qual
se manifestou na forma de gigantesca
lagarta, maior que um camelo. Seu nome não se
pode pronunciar, é uma sequência de impropérios. Eu a chamava
“perdição”.
Ordenei-lhe que criasse um escudo protetor afim de isolar-nos dos poderes de meu amo.
Ela prontamente atendeu. O que eu iria fazer não podia ser do conhecimento de
meu ex benfeitor. Formou-se uma espécie
de redoma invisível, que nos mantinha fora do alcance de qualquer ser vivente.
Enquanto eu agia para derrotar meu algoz e sobreviver à
sua sentença de morte, o gênio serpente se divertia, fazendo os três guerreiros
hipnotizados moverem-se como soldadinhos
de brinquedo. Fazia-os andar, assentar,
fingir de morto, virar cambalhotas,
correr e
marchar. Quando ficou entediado com isto, fê-los dançar como odaliscas.
Ignorei-o e concentrei-me em meu plano. Eu tenho que
enviar ao meu amo três corações virgens, bem como fazê-lo crer que eu estava
morto. Então, arranquei um fio de cabelo de minha cabeça e, com magia,
fiz desenvolver-se instantaneamente um clone, um outro eu, semelhante em tudo, porém de mente vazia, abobalhado.
Perguntei à lagarta gigante quantos filhotes ela havia
gerado quando viveu na terra num corpo animal. Ela respondeu que nunca se
acasalara. Pedindo sua autorização, arranquei-lhe da pele duas penas e destas,
usando de fortes conjurações, criei dois corpos de duas moças, que embora
jovens, tinham uma aparência horrível, mas isto não tinha importância, o
importante é que tinham a pureza
virginal em seus corações fortes. Também elas eram destituídas de espírito
vívido, quedavam-se paradas, boquiabertas.
Fazendo novas conjurações, obtive ajuda dos dois gênios
para finalizar meus intentos: colocaram meu sósia e os dois gerados das penas
da lagarta dentro da fortaleza do sheik, num calabouço, na parte inferior, ao
nível do solo externo e, fazendo um grande buraco no muro, um rombo por onde
poderiam passar os guerreiros negros. O gênio lagarta mantinha-me isolado,
invisível e intangível ao poder de meu
amo, também oculto dos três assassinos e de todos os habitantes do castelo,
inclusive o sheik.
Na mente dos três assassinos, foi plantada a ilusão de
que estavam já há algum tempo junto ao muro, esperando-me sair de dentro do calabouço pelo
buraco que desembocava dentro da
fortaleza do Sheik. Eles acreditavam
estar esperando eu voltar para fora,
trazendo os dois corações das duas jovens virgens moradoras do palácio. Foi
ainda plantado em suas mentes que eles deveriam matar as virgens, e não
eu. Foram colocados ali, junto ao buraco e libertos do domínio do gênio. Despertaram
agitados, prontos para a ação.
“Vamos, vamos entrar e executar as ordens do amo.”, E o
outro: “Vamos, o que estamos fazendo aqui parados...” E ainda o terceiro “Sai da frente, eu quero
arrancar o coração daquele bastardo metido a mágico..”
Com fúria invadiram o calabouço. Alguns sentinelas e
carcereiros que ao acaso cruzaram com
eles foram trucidados com muito gosto.
Encontraram meu sósia na cena montada pelo gênio
serpente, conforme minhas ordens: meu sósia, parado, com um punhal na mão,
ameaçando matar as duas moças, que
encontravam-se jogadas ao solo, amarradas com uma fina corda de seda.
Sem hesitar e com grande prazer, mataram os três jovens, arrancando seus
corações e incendiando seus corpos
ensanguentados. Guardaram os preciosos
órgãos nas bolsas de couro fornecidas pelo amo...
__________________________________________--_____________________________________-
Acima demonstração de alguns capítulos narrando o início da vida de uma das personagens, o mago Baltazar, o pagão que foi escravo, depois aprendiz de mago, em seguida se tornou o sucessor de seu amo angariando para si o título de Mestre dos magos da Babilônia, tendo ganhado com o título um sem número de perigosíssimos inimigos, ou seja, todos os demais magos, que não aceitavam um rapaz tão jovem se tornar seu líder.
Um torneio de magia entre todos os magos da referida sociedade
secreta iria decidir quem era o mais poderoso e os outros magos recomendavam a
Baltazar abdicar do título de Mestre e fugir do torneio, para não ser morto.
Não devemos entrar em mais detalhes, resumindo, Baltazar foi
um mago muito cruel, um feiticeiro que matava mediante pagamento prévio sem
piedade, sem qualquer culpa na consciência.
Ficou muito conhecido e foi muitíssimo temido, exatamente pelo seu poder descontrolado e sua crueldade natural. Até os mais poderosos reis temiam sua presença.
Ficou muito conhecido e foi muitíssimo temido, exatamente pelo seu poder descontrolado e sua crueldade natural. Até os mais poderosos reis temiam sua presença.
Entretanto, durante a execução de sua aventura mais
audaciosa, quando se sentia quase um deus, tamanho era seu controle sobre os
seres das trevas, os quais ele chamava ora de gênios das trevas como de
demônios, houve uma grande traição inesperada. Os seres da escuridão não só o obedeciam como ainda lhe ensinavam
mantras secretos que o tornavam mais poderosos. Tinha, porém, um ser das trevas
que por ser muito poderoso sempre era acionado por Baltazar, o qual o tinha
como um escravo sem capacidade de se livrar de seu jugo.
No momento mais crucial, houve uma reviravolta e Baltazar
foi enviado para a morte certa pelos seres da escuridão.
Foi aí que ele encontrou o dono da voz que lhe dizia “Baltazar,
o grande rei precisa de ouro”.
Uma sinopse não pode ser um resumo do livro, então, para
finalizar, acrescento que Baltazar se tornou rei, e rei poderoso, só que vivia
para executar a missão que Deus lhe deu:
Levar ouro para o rei mais poderoso que iria nascer neste
plano de vida material, uma criança que iria nascer num lugar distante, sendo
ela o próprio filho de Deus.
O SENHOR lhe dera a missão mas não disse quando iria ordenar que partisse, nem para onde. Baltazar só sabia que mais dia menos dia Deus iria mandar que ele rumasse com uma caravana em direção ao desconhecido, levando uma oferenda de moedas de ouro para o pequeno Deus nascido homem.
O SENHOR lhe dera a missão mas não disse quando iria ordenar que partisse, nem para onde. Baltazar só sabia que mais dia menos dia Deus iria mandar que ele rumasse com uma caravana em direção ao desconhecido, levando uma oferenda de moedas de ouro para o pequeno Deus nascido homem.
Contudo, Deus criou uma situação onde Baltazar ficou
conhecendo os dois reis seus vizinhos, os quais eram feiticeiros e adoradores
de ídolos mortos. Por ironia ou por plano de Deus, os dois reis magos acabam se
comprometendo com Baltazar e acompanhando-o em sua missão de visitar e
reverencia, adorar ao Deus menino, o pequeno grande rei.
Foram meio a contragosto, mas tiveram que ir, pois haviam
feito um trato com Baltazar.
Assim três reis magos e uma pequena caravana formada por guerreiros bem armados, cada um montando um belo camelo negro, partiu das terras do longínquo oriente seguindo uma brilhante e pálida estrela guia.
Assim três reis magos e uma pequena caravana formada por guerreiros bem armados, cada um montando um belo camelo negro, partiu das terras do longínquo oriente seguindo uma brilhante e pálida estrela guia.
Viajaram por muito tempo, sempre seguindo a estrela guia.
Quando chegam perto de Jerusalém, quando avistam as muralhas da cidade, o pânico domina os dois reis companheiros de Baltazar. Tanto Gaspar, o feiticeiro quanto Belchior (e todos seus guerreiros dominados pela magia e por feitiçarias), o idólatra suplicaram que ele não os obrigasse a entrar no interior daqueles muros onde um Deus terrível morava.
Quando chegam perto de Jerusalém, quando avistam as muralhas da cidade, o pânico domina os dois reis companheiros de Baltazar. Tanto Gaspar, o feiticeiro quanto Belchior (e todos seus guerreiros dominados pela magia e por feitiçarias), o idólatra suplicaram que ele não os obrigasse a entrar no interior daqueles muros onde um Deus terrível morava.
Assim, por algum tempo, acamparam fora de Jerusalém, foi
quando o inimigo agiu com mais furor contra eles, matando muitos de seus
guerreiros e, na forma de leão e leoas, cercaram e atacaram o gigantesco rei
idólatra Belchior, rasgando-o com garras e dentes afiados na escuridão do
deserto.
Vamos parar por aqui, quem quiser saber os detalhes (em
capítulos anteriores aconteceram invasões, guerras, revoltas, houve a aparição
e participação de vários anjos com suas espadas mortais...) vai ter que baixar
o livro REIS QUE REVERENCIAM, da autoria de Geraldo de Deus Romes e com
participação de Ana Carolina Romes, no site da AMAZON KINDLE.
https://www.amazon.com.br/REIS-REVERENCIAM-Geraldo-Deus-Romes-ebook/dp/B01H99KGHG
https://www.amazon.com.br/REIS-REVERENCIAM-Geraldo-Deus-Romes-ebook/dp/B01H99KGHG
O Ápice da história é o encontro dos reis do oriente e seus
guerreiros com José e Maria.
Surpreendente é o encontro deles com o rei criança, quase recém-nascido.
Surpreendente é o encontro deles com o rei criança, quase recém-nascido.
Só quem leu pode dizer como é tocante, como é sublime o que
acontece.
Boa leitura.
Missionário Virtual Geraldo de Deus 2016 agosto, 11
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