A Esfinge Moderna
João 8:32 - E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
O Mundo real e o mundo fictício da mídia
Quando tocamos no assunto mídia, estamos agrupando jornais, revistas, net, telejornais, redes sociais e toda forma de comunicação, até mesmo o rádio.
Nos últimos tempos cresce a incidência de doenças 'modernas', - ansiedade, síndrome de pânico, depressão e suicídios. Não se admite oficialmente, mas sabe-se que as tecnologias modernas de comunicação e entretenimento estão diretamente ligadas a tal ocorrência.
As pessoas ainda não acordaram para a realidade que estão vivendo. Vivem em dois mundos, o real e o fictício criado pelas mídias sociais, pela TV e por todo o universo virtual.
A realidade é feita por uma rotina que vem desde os tempos antigos: Dormir, acordar, sentir fome, sentir sede, ter que se lavar (Higiene pessoal), conseguir água, conseguir alimentos, ter um abrigo seguro, enfrentar o calor do dia, enfrentar a escuridão da noite, se proteger contra qualquer outro ser hostil, enfrentar o desconhecido e vencer o medo.
Isto é o básico do básico para alguém sobreviver, é a realidade palpável. Sem cumprir estes requisitos básicos não há como sobreviver neste mundo.
E, existe o mundo fictício, irreal, virtual, utópico, teórico, criado pela imaginação humana, onde tudo é válido e não há limites estabelecidos, no qual muitas vezes não estamos prontos para sobreviver. É um ambiente inconstante, irreal, que muda conforme as mentes que o comandam e o moldam.
Um exemplo claro é o que estamos vivendo em 2021 e que já passamos por ele em 2020, o contraste entre o mundo real e o mundo apresentado nas Tv's.
Você vai num hospital e vê leitos vazios, atendentes assentadas tranquilas, médicos indo e vindo em seus belos carros de luxo, ambulâncias paradas no estacionamento.
Mas, você assiste na TV aquele mesmo hospital alvoroçado, com pessoas dando entrevistas falando de mortes, de internações, de falta de leitos...
É a mesma realidade, em duas versões. A real e a fictícia criada pela mídia, pelo poder da informação facciosa.
A tecnologia da comunicação se desenvolveu rápido demais e se tornou a esfinge de Tebas moderna, se não conseguimos decifrar seus mistérios, ela nos devora.
Decifra-me ou te devoro” era o misterioso ultimato da esfinge de Tebas no antigo mito grego. Segundo a história, a mesma observava atentamente cada viajante que passava pela cidade. O transeunte, assim que se deparava com ela, precisava resolver um enigma que poderia indicar o fim de sua vida ou recomeço dela.
O pior é que os donos do mundo, a elite dominante, e todos os níveis de poder governamental no mundo estão usando esta tecnologia como arma contra a população despreparada.
Tornou-se arma de manipulação e dominação, de imposição de norma, regras e costumes. Estão usando-a para executar a reengenharia social, ou seja, para estruturar a vida do cidadão comum de acordo com as conveniências de quem o governa, quando deveria acontecer exatamente o contrário.
Tendo o controle deste poder de comunicação de massa, os governantes moldam as populações ao seu gosto, fazem e desfazem o que bem querem do jeito que lhes convém, manipulando a opinião pública, criando situações e condições muitas vezes altamente prejudiciais ao cidadão e à sua família, mas convencendo-o que é para seu próprio bem, para sua segurança, para um futuro melhor para seus filhos.
No mundo real os pais e mães de família estão desesperados por não conseguirem um emprego decente, e muitas vezes nem um sub-emprego, as latas da despensa estão vazias, a geladeira vazia, a esperança se esvaindo, o desespero chegando.
No mundo das comunicações via mídia, o homem está conquistando o espaço, sondas estão pousando em marte, de novo... O político tal está sofrendo a milionésima investigação por fraude e corrupção, de novo...
Não há uma interação entre os dois mundos, o real e o fictício, mas nós estamos sendo obrigados a viver nos dois, embora sejam inconciliáveis.
Então, muitos se perdem entre o real e o imaginário, não se dão bem no mundo real, preferem viver no mundo virtual, fugindo para um mundo que não existe, embora pareça existir. Daí as neuroses, as ansiedades, as depressões...
Onde estaria a cura para este mal que assola os jovens e até mesmo os anciões?
Vale a pena raciocinar sobre isto e tentar racionalizar este relacionamento, ou senão, como a esfinge de Tebas da mitologia grega, se não o decifrarmos ele nos devorará.
Vivemos dentro de um caldeirão de reengenharia social e cultural no Brasil e no mundo. Em cada país, os protagonistas mudam de cara e organização, mas sempre estão lá personalidades, partidos políticos, mídia, centros culturais e poderes econômicos reengendrando os valores e costumes das pessoas.
Trata-se de uma revolução no sentido mais genuíno da palavra, ou seja, uma força de mudança, que age com violência, destruindo as bases atuais que são fruto de uma edificação histórica, com o fim de implantar uma nova ideologia. O mundo precisa progredir, mas o progresso surge a partir do bem construído no passado, que são as bases para o futuro.
O teólogo e Cardeal Ratzinger, mais na perspectiva da compreensão da fé, chamava isso de “hermenêutica de continuidade”: ler o novo em continuidade com a tradição. Por milênios a humanidade vem evoluindo em todos os sentidos da vida humana, mas, de repente, num acesso arrogante e adolescente, o homem pós-moderno acha que acendeu as luzes em meio às trevas, que descobriu a chave do conhecimento em meio à ignorância de toda humanidade que o precede. Isso é querer começar tudo do zero, o que é tão tolo, quanto a medicina resolver apagar tudo que descobriu até hoje desde Hipócrates – pai da medicina – e começar do zero. Você iria a um médico que pensasse assim?
Caro leitor, para que tudo isso aconteça, essa reengenharia revolucionária precisa de você. É necessária uma massa de manobra, porque só assim o consciente coletivo muda. E para isso é necessário comunicação. Toda revolução usa mecanismo de comunicação para produzir as mudanças. Tanto é assim que, para as ciências políticas, os Regimes Totalitários só surgem no séc. XX, quando ferramentas de comunicação permitiram a manipulação de um grande número de pessoas. Essa comunicação transformadora precisa do melhor outdoor publicitário que existe: as pessoas, que, juntas anonimamente, constituem as massas.
O que está por trás da cultura da tatuagem e do piercing?
Isso acontece mais ou menos assim: de repente, pessoas famosas e modelos de juventude começam a usar uma determinada moda que rompe padrões estéticos e comunica uma nova referência de valores e costumes. Logo isso passa a ser o novo padrão que vai se impor, especialmente à juventude. Mas não demora e esse padrão vai ser novamente superado, e um ciclo de revolução cultural se desenvolve, alheio à reflexão e ao diálogo na sociedade. Sem refletir, a maioria vive costumes que não pensou, mas que alguém articulou financiando aquela celebridade no início do ciclo. Isso vai tão longe que, em ciclos adiantados, quem reflete seus costumes ou resiste torna-se um retrógrado, ou começa a ceder em algumas coisas para ter direito de cidadania. O fato é que todos perdem o fio da meada do progresso, porque o passado virou trevas, o presente é a moda ignorante, e o futuro é entregue a um destino desconhecido. Em tempos assim vale a frase do pensador Edmund Burke, ditas ainda no séc XVII: “É impossível estimar a perda que resulta da supressão dos antigos costumes e regras de vida. A partir desse momento não há bússola que nos guie, nem temos meios de saber a qual porto nos dirigimos.”
É dessa forma que coisas ingênuas, e aparentemente inocentes, vão sendo infiltradas nos costumes, e nós, sem querer, nos tornamos como que outdoor de uma reengenharia e, nesse momento, pousamos de “idiotas úteis de massa de manobra”. É aí que coisas divertidas como uma simples tatuagem, por exemplo, se tornam um sussurro quase imperceptível, mas que em meio a milhares de corpos indelevelmente pintados, é um barulho atordoante hipnotizador das massas.
A tatuagem, poucos anos atrás, era sinal de irreverência e revolta, e somente comunidades subversivas ou mesmo criminosas a usavam. O que significa ela hoje ser tão comum? Que todos se revoltaram e se tornaram subversivos? Que a tatuagem deixou de ser sinal de irreverência, e agora é mera moda? Parece-me que a resposta é um pouco de tudo. A massa se revoltou contra os valores passados e ultrapassados, e isso é inquestionável. Pior, ela se revoltou sem perceber e, portanto, sem pensar e refletir. Isso é progresso? Acho que não! É verdade também que a tatuagem vai perdendo o significado de “subversividade”, tanto porque vai virando moda, tanto porque tudo vai sendo subversivo, e ela já não comunica revolução. Entretanto, vão surgindo outros desenhos nos outdoors humanos que quebram novos paradigmas, produzem novos sussurros sutis e coletivos de superação do passado… (por exemplo, os monstros dos desenhos infantis ficaram bonzinhos, a roupa rasgada ficou fashion etc.).
Com isso, a consciência coletiva vai sendo modelada, passo a passo e, repito, sem a menor reflexão ou discussão de ideias. O problema não é mudar, mas mudar sem pensar, pior, mudar manipulado por interesses ocultos de terceiros. O feio se torna legal, o irreverente se torna modelo, a se tradição se torna por princípio retrocesso e assim vai, vai , vai… O sexo se torna gênero, aborto é lei, família é qualquer ajuntamento afetivo e assim vai, vai, vai… E o futuro? No futuro coisas hoje absurdas se tornarão “moda”, como por exemplo, a pedofilia se tornar um possível direito (partidos e ONGs na Europa já defendem essa ideia). Pior é que tudo isso não vai se propondo, mas se impondo, forjando um patrulhamento ideológico que constrange e já começa a criminalizar quem pensa diferente. Esse tipo de revolução, não simplesmente forja um mundo muito diferente do passado, mas gera regimes totalitários. Hoje perguntamos como países inteiros aderiram às absurdas ideologias Nazista, Fascista e Comunista. Talvez a resposta não simplesmente atenda a uma curiosidade histórica, mas nos salve do “super totalitarismo mundial” que aos poucos vai se organizando diante de nossos olhos.
Hoje se fala de mudança como um princípio necessário e fundamental. Se alguém propõe mudança, então é bom, é pioneiro. “Queremos mudança”, se diz. Mas é preciso pensar! Mudar de onde, para onde, e de que maneira? Isso vale para tudo, especialmente para nossos valores. Se alguém lhe propuser coisas novas, novos costumes, nova moda, novas ideias, pense muito bem antes de assumir essa mudança. Claro, pode ser uma oportunidade de progredir, e isso será bom. Mas cuidado, porque você, seu corpo, sua pele podem simplesmente se tornar mais um outdoor que, sem perceber, serve de propaganda de um novo regime cultural, do primeiro totalitarismo do séc. XXI.
André L. Botelho de Andrade
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