mendigos sem-teto no Rio
Crise
multiplica mendigos sem-teto no Rio
de Janeiro. Até executivos viram sem-teto.
07/08/2017
Vilmar
Mendonça foi gerente de Recursos Humanos de várias empresas, mas há um ano e
meio mora nas ruas do Rio de Janeiro, junto a milhares de vítimas da crise da
Cidade Maravilhosa. Mendonça perdeu seu emprego em 2015. Conseguiu se manter
com suas economias por algum tempo, mas ficou sem dinheiro para pagar o
aluguel.
Hoje, aos 58
anos, ele dorme num banco em frente ao aeroporto Santos Dumont, deixa alguns
pertences em uma agência bancária da qual é cliente, faz sua higiene em
banheiros públicos e sobrevive da comida distribuída por ONGs.
"É uma
situação terrível para mim, mas não tenho outra alternativa", diz este ex-executivo,
magro, divorciado e sem filhos, natural de Itajaí (S C),
- enquanto
analisa ofertas de trabalho em seu computador graças ao Wi-Fi do aeroporto.
Com camisa
social e tênis moderno, Mendonça não aparenta ser um dos milhares de sem-teto
da cidade, de seis milhões de habitantes.
Mendonça fala
da dificuldade de procurar e de conseguir ajuda em um momento como esse. Como
muitos, ele não conta sua situação a quase ninguém.
"Quando
você está em uma situação assim, ninguém quer estar perto de você", comenta.
Apesar de
tudo, ele acredita que isso é algo passageiro e se esforça para não deixar a
peteca cair.
Durante o dia,
faz exercícios físicos, lê em cafés e livrarias, escreve em seu perfil no Facebook
- onde aparece de terno e gravata - e vai a entrevistas de trabalho, nas quais
concorre com centenas de candidatos mais jovens que ele.
À noite,
coloca roupas simples e um boné para passar despercebido, enquanto se cobre,
deitado no banco, perto das câmeras de segurança do aeroporto.
"Eu
procuro ficar isolado, até para não perder o foco da minha subsistência, porque
se eu me juntar com outras pessoas posso conviver com coisas que não quero, como
drogas ou sujeira", afirma.
Gilson Alves
trabalhou durante 35 anos como técnico em radiologia em hospitais públicos do
Rio
Funcionários
sem pagamento
Embora a
maioria dos cariocas estejam acostumados a desviar o olhar, os turistas que
passeiam por Copacabana e Ipanema se surpreendem com a quantidade de pessoas
sem-teto que encontram pelas esquinas - um cartão postal muito diferente do anunciado
nos guias de viagem.
No centro
histórico, perto dos Arcos da Lapa, a cada noite grupos de até 20
pessoas ocupam
ruas inteiras, e dezenas dormem sobre papelões, enrolados em mantas.
A imagem
impressiona, mas não tanto quanto as histórias por trás de cada morador de rua.
A maioria é de
negros de origem pobre, e muitos são viciados em drogas, com problemas
psicológicos ou familiares; há também vendedores ambulantes e funcionários
públicos aposentados, como Gilson Alves.
Alves, de 69
anos, trabalhou durante 35 anos como técnico em radiologia em hospitais
públicos do Rio. Mas devido aos atrasos no pagamento da sua
aposentadoria,
teve que vender seus pertences e sair do apartamento alugado.
Alves nunca
teve uma vida fácil. Aos cinco anos, perdeu uma perna quando foi atropelado por
um bonde. Há dois meses, foi para a rua com uma sacola e, depois de lhe
roubarem tudo, foi resgatado pelos serviços da prefeitura e levado a um dos 64
albergues municipais, com capacidade para 2.200 pessoas.
"Me sinto
muito triste, humilhado com esta situação, machucado por ter prestado tantos
anos de serviço na área de saúde (...) e não ter conseguido construir nada por
culpa de um governo", diz.
Ele divide
quarto em um albergue da Ilha do Governador com seis pessoas idosas, entre elas
Jorge da Cunha, um operário com problemas respiratórios, de 63 anos, que perdeu
seu trabalho há dois anos.
Sem-tetos
aguardam para recebe pão e café oferecidos por voluntários de ONG
O lado mais
fraco
"A
situação é crítica", reconhece em declarações a secretária de Assistência
Social do Rio, Teresa Bergher.
Muitos
brasileiros chegaram ao Rio procurando emprego durante a Copa do Mundo de 2014
e a Olimpíada de 2016, mas hoje o estado está com os cofres vazios, vítima da
queda do preço do petróleo e atingido por uma corrupção endêmica.
O
ex-governador Sérgio Cabral (2007-2014) foi condenado a mais de 14 anos de prisão,
acusado de desviar milhões de reais. Uma parte da quantia recuperada permitiu,
em março, pagar os décimos terceiros atrasados de cerca de 150.000 funcionários
públicos aposentados.
"O
crescimento acelerado de pessoas em situação de rua no Rio se deve,
Principalmente,
à crise econômica e também à falta de políticas públicas para o setor",
afirma a defensora pública Carla Beatriz Nunes.
Diante deste
vazio, redes de voluntários de igrejas e ONGs oferecem atenção social, servem
cafés da manhã e algumas organizam até aulas de ioga para os sem-teto.
"Quem
paga pela crise é quem tem menos condições financeiras, menos estudos", - afirma
Robson, um operário da construção desempregado, de 43 anos, cujo rosto sujo faz
com que seus brilhantes olhos azuis sobressaiam ainda mais.
No final de
2016, a prefeitura do Rio registrava 14.279 pessoas em situação de rua, o
triplo que em 2013. Setenta deles têm nível superior, como Mendonça, que se
formou em administração de empresas em São Paulo e trabalhou para a subsidiária
de uma multinacional.
Sua situação
reflete a gravidade de uma recessão que deixou 13,5 milhões de desempregados,
assim como a realidade de uma cidade que há apenas um ano inaugurava com pompa
os Jogos Olímpicos.
Fonte: El País
CONCLUSÃO
Por mais que este blog/site tente ser apolítico, como brasileiro tenho que desabafar:
Nosso país está uma baderna, a roubalheira está descontrolada, não existe senso de moralidade nos políticos, está uma VERGONHA nacional.
Quando o governo se perde, o povo paga a fatura, o povo passa fome, o povo perde sua dignidade.
Até quando?
O pior é que estamos politicamente engessados, não há perspectiva de mudanças no cenário democrático brasileiro, pois existe a lei da "fidelidade partidária", que impede aos honestos que se elegem recusar fazer parte dos conchavos e das roubalheiras dos donos e dirigentes dos partidos políticos.
Então,
Enquanto a democracia brasileira for um faz de conta, vamos ficar a cada dia em situação pior.
Os ladrões estão no poder, são unidos, controlam o executivo, o legislativo e o judiciário. Criaram uma nova forma de governo, a democracia ditatorial. Uma forma de governo em que os partidos são os ditadores que comandam os destinos do país, enquanto roubam livremente, pois estão acima da lei, eles são a lei, eles são os juízes, eles são os que governam com nepotismo e sem limites para sua ação devastadora.
Muda Brasil!
Só nosso Jesus Cristo para fazer um milagre e mudar este quadro. Vamos orar em favor do povo brasileiro, vamos pedir que Deus coloque sua mão e conserte as coisas, de uma forma ou de outra.
Amém
Geraldo de Deus
Anexo
DEPOIMENTO DE UM DEPUTADO FEDERAL FORA DO ESQUEMA
Anexo
DEPOIMENTO DE UM DEPUTADO FEDERAL FORA DO ESQUEMA
sexta-feira, 4 de agosto de 2017
Desiludido, Tiririca critica Congresso: 'Não vai mudar. O
sistema é esse. É toma lá, dá cá'
No sétimo ano consecutivo de mandato, o deputado Francisco
Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (PR-SP), está desiludido com a política e
propenso a encerrar a carreira parlamentar em 2018. Em entrevista ao Broadcast
Político nesta quinta-feira, 3, um dia após votar pela autorização para que o
Supremo Tribunal Federal desse encaminhamento à denúncia contra o presidente
Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva, ele critica o Congresso Nacional e
diz não ter o "jogo de cintura" exigido para ser político. "Não
vai mudar. O sistema é esse. É toma lá, dá cá", afirmou. Um dos deputados
mais assíduos da Câmara, mas que só usou o microfone três vezes no plenário,
Tiririca vê a maioria dos parlamentares trabalhando para atender interesses
próprios, em detrimento do povo. Ele avalia que há parlamentares bem
intencionados, mas que não conseguem trabalhar porque o "sistema" não
deixa. "A partir do exato momento que você entra, ou entra no esquema ou
não faz. É uma mão lava a outra. Tu me faz um favor, que eu te faço um favor.
Eu não trabalho dessa forma", desabafou.
Um dos deputados mais assíduos da Câmara, mas que só usou o microfone três vezes no plenário, Tiririca vê a maioria dos parlamentares trabalhando para atender interesses próprios, em detrimento do povo. Ele avalia que há parlamentares bem intencionados, mas que não conseguem trabalhar porque o "sistema" não deixa. "A partir do exato momento que você entra, ou entra no esquema ou não faz. É uma mão lava a outra. Tu me faz um favor, que eu te faço um favor. Eu não trabalho dessa forma", desabafou.
Tiririca conta que, certo dia, uma rapaz o procurou para oferecer um "negócio" de aluguel de carro. "O cara disse, 'bicho, vamos fazer assim, tal, o valor tal'. Eu disse: acho que você está conversando com o cara errado. Não uso carro da Câmara, o carro é meu. Ele disse: 'não, é porque a maioria faz isso'", relatou o parlamentar, sem dar nomes e mais detalhes sobre o fato.Após se eleger duas vezes deputado com mais de um milhão de votos em cada uma das eleições, Tiririca acha que não tem como continuar na política. "Do fundo do meu coração, estou em dúvida, e mais para não disputar", confessou. Questionado se a aversão a políticos tradicionais não poderia favorecê-lo, ele respondeu: "Pode ser que sim ou que não. Mas, para fazer o que? Passar oito anos e aprovar um projeto", desabafou o deputado, que só conseguiu aprovar uma de suas propostas em sete anos de mandato: a que inclui artes e atividades circenses na Lei Rouanet.
Tiririca confessa que disputou o primeiro mandato, em 2010, apenas para tentar ganhar visibilidade como artista. Mudou de ideia quando foi eleito com 1,3 milhão de votos, o que o tornou o deputado mais votado do País. "Aí disse: opa, espera aí. Teve voto de protesto, teve. Mas teve voto de pessoas que acreditam em mim. Não posso brincar com isso", afirmou. À época, o deputado foi eleito ao usar o slogan "Pior do que está não fica" durante sua campanha.
Em 2014, decidiu disputar reeleição "para provar que não estava de brincadeira e que fiz a diferença na política". E foi reeleito com 1,016 milhão de votos.
No segundo mandato, Tiririca votou tanto a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) quanto pela abertura de investigação contra Temer, mesmo com a pressão da direção partidária sobre ele. "Tem um ditado que minha mãe fala sempre: errou, tem que pagar", disse. Para ele, os indícios apresentados contra o presidente "era coisa muito forte". "Acho que ele tinha que entregar os pontos e pedir para sair. Foi muito feio, muito agressivo para o País essas denúncias", afirmou.
Quando perguntado se o Brasil tem jeito, lembra uma música "das antigas" de Bezerra da Silva, cujo refrão diz "para tirar meu Brasil dessa baderna, só quando morcego doar sangue e saci cruzar as pernas". Com toda a desilusão e os planos de deixar a política, Tiririca voltou a fazer shows como palhaço há cinco meses. O espetáculo conta a história de vida dele e é exibido de sexta a domingo, cada fim de semana em um Estado. De segunda a quinta-feira fica em Brasília, onde mora com a esposa e uma das filhas. "Fiquei muito decepcionado com muita coisa que vi lá", acrescentou.
Fonte: Estadão
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