HAITI - ALGUMAS HORAS APÓS A PASSAGEM DO FURACÃO MATTHEW
CIDADE LITORÂNEA DE JÈREMIE ANTES DO FURACÃO |
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Cidade do Haiti finalmente via prosperidade, até a
chegada do furacão Matthew
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Azam Ahmed
Jérémie (Haiti)
11/10/201611h40
Jérémie havia recebido sua primeira ligação decente com o resto do país
e vivia uma era de desenvolvimento, mas o furacão brecou a prosperidade da
cidade costeira
As coisas pareciam estar melhorando em Jérémie, uma cidade costeira
isolada, na ponta da península no sul do Haiti. Ela havia recebido há pouco
tempo sua primeira ligação decente com o resto do país, uma nova estrada que
atravessa as montanhas acidentadas e trouxe o desenvolvimento.
Visão da situação agora no Haiti |
O serviço de telefonia celular finalmente havia começado, permitindo que
os agricultores e as empresas florescessem. A cidade corria para o século 21,
sonhando com a agricultura avançada e o turismo em uma das poucas reservas
naturais do Haiti.
Mas o furacão Matthew inverteu o relógio.
As ricas florestas e a vegetação agora são lascas de madeira e um
pântano salobro. As estradas estão bloqueadas por detritos, árvores arrancadas,
casas reduzidas a montes de pedra e placas de lata enferrujada, arrancadas dos
telhados. Os ambiciosos planos econômicos de Jérémie foram virados do avesso.
"Em vez de seguir em frente, temos de recomeçar", disse Marie
Roselore Auborg, ministra do Comércio e Indústria do Departamento de Grand
Anse, cuja capital é Jérémie. "Esta tempestade arrasou todo o potencial
que tínhamos de crescer e revigorar nossa economia."
É difícil avaliar o preço cobrado pelo furacão Matthew no Haiti. Os
números de mortos e feridos, as pessoas ainda desabrigadas, os casos de cólera
contraídos na semana desde que os ventos de 230 km/hora sopraram o país de
volta a uma situação de desastre, tragicamente familiar.
População recolhe destroços após passagem do furacão Matthew em Jérémie
Também é incalculável o impacto econômico da devastação no país mais
pobre do hemisfério ocidental.
Para Jérémie, isolada e subdesenvolvida durante décadas, a história
recente foi relativamente benigna, trazendo novos hotéis e uma robusta colheita
de café. Mas, como ocorreu com frequência no passado, sempre que o Haiti começa
a se recuperar algo parece derrubá-lo novamente, incluindo, e talvez especialmente,
as forças da natureza.
"Em 2010, antes do terremoto, tivemos um índice de crescimento de
5,7%", disse Jude Célestin, um candidato à Presidência que percorreu a
área devastada no domingo (09) à tarde. "É o mesmo em Jérémie. Estava
crescendo. Pessoas de Port-au-Prince estavam investindo aqui."
Enquanto uma multidão gritava ao fundo, tentando se aproximar do
candidato aos empurrões, Célestin olhava ao redor as casas arrancadas dos
alicerces e os montes de entulho que chegavam à altura de seus ombros.
"E agora isto", disse ele, balançando a cabeça. "Assim
são as coisas."
A visão em Jérémie era conhecida --uma devastação mais profunda que a
soma de suas partes. Água malcheirosa se acumulava junto do único acesso à
cidade, e praticamente tudo tinha sido arrasado nos morros no percurso do
vendaval --árvores, casas, torres de celular. Helicópteros e comboios de
veículos esportivos-utilitários chegaram à cidade no domingo, enchendo-a de
trânsito depois da reabertura da rodovia, que ficou bloqueada durante a maior
parte da semana.
Recolher os mortos em Jérémie tornou-se um cruel passatempo. A conta do
governo para toda Grand Anse era de 191 no domingo, mas segundo os moradores o
número é mais próximo de 450, e o duro trabalho de contagem apenas começou.
Novos surtos de cólera foram relatados em trechos do sul que ainda eram
inacessíveis por estrada, e dezenas de vítimas estariam se dirigindo aos
hospitais a pé em busca de tratamento.
Em Jérémie, o cólera pode ser um dos piores efeitos do furacão. De todos
os departamentos do Haiti, Grand Anse tem menos acesso a água potável e
saneamento moderno, segundo o Banco Mundial. O odor de fezes e água podre enche
as ruas mais próximas da beira-mar, uma receita para uma crise prolongada.
Vítimas de cólera recebem tratamento em hospital em
Jérémie
Por enquanto, porém, os moradores estavam mais concentrados no problema
imediato do abrigo.
Gary Guerrier, 36, um professor escolar, viu o furacão rasgar o telhado
metálico de sua casa, deixando a ele, sua mulher e sua filha de poucas semanas
expostos aos elementos. Depois de ser empurrado de volta duas vezes pelos
ventos furiosos, ele finalmente enrolou a criança em uma trouxa de lençóis e a
levou até a casa de um vizinho.
"Ainda estou em estado de choque", disse Guerrier.
"Tivemos sorte de não perder ninguém. Mas quanto às coisas materiais,
perdi tudo."
As casas em Beaumont, cidade nos arredores de Jérémie, sofreram ainda
mais. Construídas com pedras brancas e barro vermelho, elas não suportaram o
vento e a chuva forte, e poucas restaram de pé depois que a tempestade passou,
entre os cafeeiros e laranjeiras derrubados.
Os moradores das áreas mais altas nos morros ainda procuram parentes,
enquanto os que moravam mais abaixo já enterraram seus queridos.
"Encontramos meu pai em sua casa, com vários ossos quebrados",
disse Desir Luckner, 49, apontando para o que sobrou da casa --uma fundação de
concreto com um único esteio de madeira ainda de pé. "Nós o carregamos
morro abaixo para procurar ajuda, mas ele morreu no caminho."
CÓLERA SE ESPALHA POR UM HAITI DEVASTADO POR
FURACÃO
Apesar de todas as vidas ceifadas, a cidade de Jérémie fervia no
domingo. Vendedores se espremiam entre os destroços junto às ruas, oferecendo
pãezinhos e cebolas caras, obtidas magicamente em algum lugar. Algumas empresas
funcionavam, a maioria por necessidade, para começar a recuperar o que
perderam.
Claudia St. Louis abriu sua pequena padaria e vendia comparettes, um pão doce local, para os que podiam
pagar.
"Perdi minha casa, mas tenho de continuar em frente, é meu
ganha-pão", disse ela, espantando as abelhas que tiveram a colmeia
esmagada pela tempestade. "Haverá menos pessoas para comprá-los agora, mas
não há nada que possamos fazer sobre isso."
St. Louis disse que sua firma estava pujante antes do furacão, com um
crescimento das vendas de 50% no ano passado, e ela pretendia expandir os
negócios para outros artigos de padaria e talvez até abrir uma loja de
cosméticos.
"Agora não posso mais", disse.
O chefe da Câmara de Comércio de Grand Anse, Monode Joseph, disse que a
situação ficará terrível por algum tempo. Juntamente com as lojas, hotéis e
pequenos restaurantes que dão encanto à cidade, os agricultores da região estão
lutando, segundo ele.
Joseph viajou a Port-au-Prince, a capital haitiana, depois da tempestade
para pedir aos investidores que continuem apoiando os plantadores de café e de
feijão da região, enquanto tentam recuperar suas terras e recomeçar.
"As pessoas estavam começando a se organizar melhor, o que
aumentava nossos negócios", e ele convenceu os investidores no ano passado
a colocar mais capital, disse Joseph. "Vai ser difícil conseguirmos o
crédito de que precisamos agora", afirmou ele.
Sem esse dinheiro, as repercussões para a agricultura serão
catastróficas. "Nem sequer sabemos o que se perdeu", disse
CONCLUINDO8.out.2016 - Mulher segura seu bebê em abrigo montado em uma escola de Jeremie, no Haiti, após a passagem do furacão Matthew |
QUEM PUDER AJUDAR,
A Organização das Nações Unidas informou nesta segunda-feira (10) que 1,4 milhão de pessoas precisam de ajuda humanitária no Haiti, onde o número de mortos por causa do furacão Matthew já passou de mil. O país também sofre com um surto de cólera.
É possível ajudar as pessoas afetadas por meio de organizações como o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), focado na ajuda às crianças. O Unicefrecebe doações em seu site, que podem ser mensais ou únicas. Elas são utilizadas para a compra de kits de primeiros socorros e de higiene, para duas famílias.
Outra organização que está recebendo ajuda para atender os haitianos é aActionAid. As duas instituições possuem textos em português especialmente para doadores brasileiros.
Em inglês, há a possibilidade de doar por outros sites, como as ONGs americanasPlanting Peace e Americare.
Se você puder contribuir, faça-o, a caridade é uma atitude que agrada a Deus e Ele certamente a recompensará com muitas bênçãos.
Amém
Misionário virtual Geraldo de Deus 2016 outubro, 11
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