Guerras e conflitos em 2020
Guerras e conflitos armados - 2020
Dos 10 conflitos mais preocupantes em 2020, três são na África.
O aumento da violência no Sahel fez a região que abrange 10 países africanos, mais ao norte do continente, entrar para a lista dos locais onde acontecem os 10 mais preocupantes conflitos em 2020, segundo o Armed Conflict Location & Event Data Project (ACLED). A violência política foi mais difundida na região ao longo do ano passado, quando foram registrados mais de 2.100 situações como explosões, protestos que terminaram em confusão, conflitos armados e violência contra civis. Número bem maior do que o de 2018 (quase 1.300). Desde 2014, esta situação se agrava. Só no ano passado, esses episódios deixaram mais de 5.360 mortos.
O aumento da violência no Sahel fez a região que abrange 10 países africanos, mais ao norte do continente, entrar para a lista dos locais onde acontecem os 10 mais preocupantes conflitos em 2020, segundo o Armed Conflict Location & Event Data Project (ACLED). A violência política foi mais difundida na região ao longo do ano passado, quando foram registrados mais de 2.100 situações como explosões, protestos que terminaram em confusão, conflitos armados e violência contra civis. Número bem maior do que o de 2018 (quase 1.300). Desde 2014, esta situação se agrava. Só no ano passado, esses episódios deixaram mais de 5.360 mortos.
Segundo o relatório do ACLED, os ataques de vários grupos islâmicos locais e globais, com objetivos diversos, e a fraca resposta das forças de segurança contribuíram para o cenário de instabilidade, que deixa essa região da África mais vulnerável que em 2018. O Boko Haram, que antes era uma preocupação só para o governo da Nigéria, agora é uma ameaça regional. O norte dos Camarões é assolado pela violência transfronteiriça. Chade vem experimentando tentativas de insurgência em vários espaços descoordenados. Tillaberi, no Níger, virou uma região praticamente fantasma depois que moradores se viram obrigados a deixar suas casas nos últimos meses para fugir dos conflitos entre as forças de segurança do país e os militantes do Estado Islâmico. Burkina Faso vem registrando conflitos em todas as suas regiões, enquanto grupos do Mali continuam com plano de invasão ao sul. As taxas de violência no Mali, Burkina Faso e Níger dobraram em 2019 em comparação com 2018.
O desdobramento de tropas no Sahel nos últimos anos tem tomado uma forma relativamente diferenciada na opinião de Gustavo de Carvalho, o único brasileiro entre os pesquisadores do Institute for Security Studies. O especialista em operações de paz não vê com surpresa o envio de mais tropas francesas à África, o que considera uma confirmação do interesse direto da França na região. "Isso leva o país a engajar de forma mais próxima ao G5 Sahel, coalização de países da região autorizada tanto pelas Nações Unidas como pela União Africana", completou. O G5 Sahel tem tido dificuldades em controlar a situação de segurança da região.
O governo francês atendeu ao pedido de líderes africanos da região do Sahel e vai mandar mais 600 soldados para a África, específicamente no sul do Saara. O objetivo é reforçar a luta contra militantes islâmicos. O anúncio foi feito no domingo pela ministra da Defesa francesa, Florence Parly. Governantes africanos começaram 2020 reunidos com o presidente francês, Emmanuel Macron, pedindo apoio para combater o avanço do terrorismo nesta parte do continente.
A França já tem 4.500 militares operando na região. A ideia é que parte desses novos soldados vá, principalmente, para a área entre o Mali, Burkina Faso e Niger. Outra parte se juntaria às forças do G5 no Sahel, que é uma região com mais de 5 mil km de extensão.
O professor de Relações Internacionais da PUC-Rio, Márcio Scalercio, diz que acredita na solidariedade francesa, mas também reforça que o país tem seus próprios interesses. "Há empresas e organizações do país na velha África Equatorial francesa. E boa parte dos suprimentos de energia nuclear vem do Mali. Além do mais, se aquele pedaço da África se desestabilizar completamente a crise dos refugiados vai se agravar na Europa", disse.
"De certa forma, espera-se que debates a cerca do Sahel aumentem em importância nos próximos meses, liderados pela França mas também apoiados por Niger, membro do G5, que recentemente entrou no Conselho de Seguranca para um mandato temporário de 2 anos", completou o pesquisador sênior do ISS.
Somália
Outros dois conflitos africanos entraram para a lista dos 10 mais preocupantes do mundo em 2020. Um deles acontece na Somália, onde há um grande risco do grupo terrorista al-Shabaab se fortalecer e acabar dominando um governo enfraquecido.
A Somália declarou , no último domingo, estado de emergência por conta da tempestade de gafanhotos que assola o país e compromete sua já fragilizada segurança alimentar. Mas, em se tratando de segurança, esta é só mais uma batalha que o governo somali precisa enfrentar para proteger o seu povo. E em breve vai contar com menos forças para isso. É que o comando da missão de paz da União Africana (AMISOM) decidiu retirar mil homens da tropa no país.
Será o segundo corte desde que o aumento do número de ataques do grupo terrorista al-Shabaab passou a preocupar, segundo a imprensa local. A União Africana disse que a retirada dos mil militares será concluída até o dia 28 de fevereiro.
A Somália foi alvo de um grande ataque do al-Shabaab no fim de dezembro. Uma explosão matou mais de 90 pessoas e fez o número de feridos passar de cem na capital Mogadíscio. O atentado virou notícia internacional, mas há anos ações terroristas como esta fazem parte da rotina do povo somali.
Os Estados Unidos continuam apoiando o país na luta contra o grupo. O ACLED registrou 72 ataques aéreos realizados por forças americanas no ano passado. Um aumento de 24% em relação a 2018 (58 ataques) e de 200% quando comparado aos ataques em 2016 (24 ataques). Semanas atrás o continente também foi surpreendido pela notícia da ideia dos EUA de diminuir a presença militar americana na África. Foram mais de 2.300 conflitos armados na Somália em 2019, que deixaram 4.030 mortos.
A potencial redução de tropas já vinha sendo discutida pela União Africana. "A pressão financeira e capacidade logística têm sido os grandes determinantes de tal decisão, já que existe uma situação de estabilidade muito tênue no país", acrescentou Gustavo de Carvalho.
México
O professor da PUC-Rio se disse surpreso também com a inclusão do México nesta lista. Houve protestos e episódios de violência política em praticamente todo o país, principalmente nas províncias mais ao sul. A segurança do país vem se deteriorando e o crime ligado ao narcotráfico preocupa cada vez mais. Foram registrados mais de 31.000 homicídios nos últimos 12 meses e o governo acabou de divulgar dados indicando que mais de 60.000 pessoas desapareceram desde 2006.
Assassinatos de jornalistas e funcionários do governo, decapitações, desaparecimentos e cadáveres enforcados publicamente vêm sendo manchetes no México. Os vários ataques particularmente brutais levam a crer que os cartéis estão adotando cada vez mais técnicas insurgentes.
"Fica mais difícil gerenciar a segurança com a pulverização dos cartéis. Mas ainda mais preocupante é que essa fragmentação aconteceu por conta de uma política do Estado, quando o presidente anterior objetivou prender os líderes dos cartéis e acabou favorecendo a fragmentação. É preocupante porque tem implicações com os EUA. Ainda mais com o Trump querendo declarar os cartéis mexicanos como organizações terroristas", analisou Márcio Scalercio.
Iêmen
A escala de destruição atingiu níveis sem precedentes no país, há cinco anos em conflito. Estima-se que mais de 100.000 pessoas tenham morrido, alvos diretos da violência, incluindo mais de 12.000 civis mortos em ataques direcionados. O ACLED registrou mais de 23.000 mortes em 2019 diretamente ligados - uma queda de 25% no total de mortes relatadas em 2018, mas ainda o segundo ano mais mortal desde o início dos conflitos. Enquanto os diferentes lados iemenitas da guerra não chegarem a um acordo entre si, a violência física continuará, segundo o relatório.
"A situação do Iêmen está se tornando pulverizada quase como foi na guerra civil da Síria", comparou o professor de Relações Internacionais, que admitiu não ter se surpreendido ao ver este país na lista do ACLED.
Índia
O governo do Partido do Povo Indiano (BJP, sigla em inglês), do atual primeiro-ministro, Narendra Modi, se vê em um cenário complexo de discórdia política envolvendo conflitos nacionais e internacionais de longa data. Internacionalmente, a tensão entre a Índia e o Paquistão sobre a região disputada da Caxemira aumentou em 2019, quando a relação política volátil entre os dois países foi testada por ataques militantes e violência transfronteiriça frequente ao longo da Linha de Controle. Aproximadamente 1520 pessoas morreram no ano passado em mais de 23.500 conflitos armados no país, principalmente protestos que desencadearam para violência.
A crescente instabilidade exige este ano uma reavaliação de políticas por parte do governo indiano para combater a proliferação de descontentamentos e conflitos em todo o país. Resta saber se o BJP no poder estará disposto ou será capaz de adotar uma abordagem mais pluralista para enfrentar os desafios acumulados de governança.
Irã
O mundo ficou apreensivo diante da escalada de tensão entre Irã e Estados Unidos no início do ano, resultado da morte do general iraniano Qasem Soleimani. Sanções americanas prejudicam a economia do país, já em dificuldades. Dos quase 2.500 conflitos armados registrados no ano passado pelo ACLED, quase todos foram protestos que geraram tumulto, causando mais de 400 mortes.
Afeganistão
Já são quase duas décadas de tensões no país desde a invasão americana, em 2001. O clima de tensão só aumenta. A violência já é registrada em todas as 34 províncias. O país começou 2020 sob o risco de crescimento da violência contra civis, alvos de ataques de forças de segurança e do Taliban. Sinais de que os EUA retirarão tropas do país (diminuindo de 13 mil para 8,6 mil) não serviram ainda para se ter esperança em um futuro próximo de paz. Os mais de 13,6 mil conflitos armados em 2019 terminaram com quase 42 mil pessoas mortas.
"Mais cedo ou mais tarde - tenho impressão que mais cedo do que tarde - a OTAN vai sair do Afeganistão. E minha previsão é que o Talibã retomará o poder lá, e vai dizer que ganhou da OTAN", completou o professor.
Líbano
Embora 85% das manifestações registradas no ano passado tenham sido pacíficas, há o risco de que os protestos se intensifiquem e cheguem ao cenário de violência organizada. Uma onda de insatisfação tomou conta do país no ano passado e fez o povo ir às ruas contra impostos sobre gasolina, tabaco e até ligações pelo whatsapp. Aumentaram em outubro, contra o governo, por causa da economia estagnada e o desemprego. Resta saber como as tensões entre grupos aliados dos EUA e do Irã se refletirão entre vários partidos políticos do Líbano - particularmente com o importante aliado do Irã, o Hezbollah.
Estados Unidos
"Os EUA sofreram mais assassinatos em massa em 2019 do que em qualquer ano registrado" segundo um estudo realizado pela Associated Press, USA Today e Northeastern University que contabilizou 41 ataques que resultaram em 211 mortes. De acordo com as estatísticas mais recentes do FBI, os crimes violentos de ódio atingiram o nível mais alto em 16 anos em 2018, enquanto no mesmo ano um banco de dados que rastreia a violência perpetrada pelas agências policiais relatou que "a brutalidade da polícia americana está piorando".
O relatório aponta poucos conflitos em território americano, em comparação com outros países, porém preocupantemente letais. O ACLED também registrou 16 casos envolvendo força excessiva da polícia, mais da metade deles contra minorias raciais e étnicas. E também mais de 21 crimes de ódio contra grupos minoritários, incluindo sete ataques contra membros da comunidade LGBTQ +, principalmente mulheres trans. Ao todo, o ECLAD contabilizou em três meses do ano passado quase 3.200 episódios que terminaram de forma violenta nos EUA (a maioria protestos), com quase 50 mortes registradas.
"Essa polarização política nos EUA já está radicalizando há algum tempo, desde o governo do Bush Filho. Preocupante também é o aumento de milícias regionais lá. Tenho impressão que essa campanha eleitoral americana pode ter momentos de violência bastante significativos", analisou Márcio Scalercio, que ainda ressaltou que não se enfrenta problemas como o crime organizado, que tem negócios com outros países, sem cooperação internacional. "Não adianta tentar derrotar os cartéis mexicanos militarmente se eles continuam recebendo matéria-prima da droga. Isso os dá condições financeiras de regar o braço indispensável para o crime organizado funcional, que é o suborno de agentes públicos", completou.
Além do mais, a decisão do presidente Donald Trump de assassinar, em janeiro, o comandante militar iraniano Qasem Soleimani aumentou imediatamente o risco de ataques a militares e cidadãos americanos.
O ACLED listou, basicamente, locais onde a violência tem sido consequência de protestos e extremismo. Ainda de acordo com o professor de Relações Internacionais, Marcio Scalércio, existe em várias partes do mundo um movimento de descontentamento em relação a como o processo político e social está se estruturando desde o final dos anos 90. E ele não acha que esses movimentos vão parar logo. "Vamos ter ainda mais manifestações de massa no mundo e não acho isso necessariamente ruim", disse, exaltando a liberdade de expressão mas, ao mesmo tempo, se demonstrando receoso de que essas manifestações possam desencadear para um cenário de violência, inclusive por parte do aparato repreensivo do Estado, dependendo do país.
Márcio Scalércio também acredita em um aumento das ações terroristas nos países onde este é o problema mais crítico. "É preocupante a possível internacionalização do Boko Haram, por exemplo. E nos lugares do mundo onde as instituições não estão funcionando bem a populaçao quer fazer com que voltem a funcionar", concluiu.
Fonte Uol/Folha.
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CONFRONTO ÍNDIA X CHINA
Entenda o confronto entre potências nucleares que deixou o mundo em alerta
Pela 1ª vez em décadas, Índia e China entraram em um confronto que registrou mortes, aumentando a temperatura em uma região altamente militarizada
O mundo recebeu mais uma notícia preocupante nesta semana, além da situação da pandemia do novo coronavírus: na madrugada da última terça-feira, 16, Índia e China entraram em um confronto direto na conflituosa região do Himalaia. O incidente deixou 20 militares indianos mortos, mas também teria feito vítimas do lado chinês, segundo os indianos, e foi o primeiro a registrar mortes em 45 anos.Os acontecimentos elevaram a temperatura entre os dois países, potências nucleares e donas das maiores populações do planeta. Índia e China disputam há décadas essa região e entraram em guerra em razão disso em 1962. O local do embate é conhecido como Linha de Controle Real e fica no vale de Galwan (Ladakh). Faz parte da Caxemira, uma área altamente militarizada e disputada, e é uma fronteira comum de cerca de 3.500 quilômetros.
“As fronteiras dessa região foram muito mal demarcadas. A briga entre os países sempre existiu, mas as mortes agravaram a situação”, explicou Fausto Godoy, coordenador do Núcleo de Estudos e Negócios Asiáticos da ESPM. “O cessar-fogo de 1962 estabelecia que Índia e China nunca mais trocassem tiros e o que vimos nessa semana foi uma briga de socos, militares caindo montanha abaixo”, explicou Godoy, que é diplomata e serviu como embaixador do Brasil no Paquistão e Afeganistão.
O que entre Índia e China nesta semana?
É bem verdade que a tensão entre tropas chinesas e indianas já vinha aumentando há alguns meses e incidentes são comuns, embora há anos não tenham resultado em fatalidades. Em 2017, os países passaram 72 dias em confronto na área de Doklam, na fronteira entre China, Índia e Butão. Há cerca de dois meses, no entanto, passaram a militarizar ainda mais a região.
Nesta semana, a situação explodiu. De acordo com informações do jornal Financial Times, o confronto aconteceu em uma passagem estreita, íngreme e de alta altitude. A violência envolveu o uso de armas improvisadas. Segundo autoridades indianas, 20 dos seus militares foram mortos e alegam, também, que há vítimas do lado chinês, o que Pequim não confirma.
Do lado chinês, os soldados indianos são acusados de terem cruzado a fronteira por duas vezes. Já entre os indianos, esses alegam que apenas se defenderam das agressões inimigas. Oficialmente, no entanto, tanto o governo de Xi Jinping (China) quanto o de Narendra Modi (Índia) falam na busca de uma resolução pacífica para a questão.
Godoy chama a atenção para mais um componente que pode ajudar a explicar o aumento da tensão na região, o geopolítico. “Ambos países tem uma agenda comum no Brics e no G20. No entanto, hoje concorrem por influência na Ásia, querem se posicionar como líderes no mundo pós-Estados Unidos que está chegando”, explicou o diplomata. De um lado, portanto, está a China, potência econômica. Do outro, a Índia, uma potência tecnológica.
Quais as chances de um conflito maior entre as potências?
Para Godoy, as chances de um conflito maior e uma deterioração ainda mais severa dos laços entre os países não é provável. “Acredito que teremos um bate-boca inflamado, mas haverá um momento de sensatez”, explicou o diplomata. Nesse sentido, é possível que uma mediação conduzida por outra potência próxima da região, como a Rússia, poderia ajudar acalmar os ânimos. “Ninguém tem interesse que ocorra um conflito dessa gravidade”, notou.
Por Gabriela Ruic
Publicado em: 17/06/2020 às 17h00
Alterado em: 17/06/2020 às 22h06
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CONFRONTO ÍNDIA X CHINA
Entenda o confronto entre potências nucleares que deixou o mundo em alerta
Pela 1ª vez em décadas, Índia e China entraram em um confronto que registrou mortes, aumentando a temperatura em uma região altamente militarizada
O mundo recebeu mais uma notícia preocupante nesta semana, além da situação da pandemia do novo coronavírus: na madrugada da última terça-feira, 16, Índia e China entraram em um confronto direto na conflituosa região do Himalaia. O incidente deixou 20 militares indianos mortos, mas também teria feito vítimas do lado chinês, segundo os indianos, e foi o primeiro a registrar mortes em 45 anos.Os acontecimentos elevaram a temperatura entre os dois países, potências nucleares e donas das maiores populações do planeta. Índia e China disputam há décadas essa região e entraram em guerra em razão disso em 1962. O local do embate é conhecido como Linha de Controle Real e fica no vale de Galwan (Ladakh). Faz parte da Caxemira, uma área altamente militarizada e disputada, e é uma fronteira comum de cerca de 3.500 quilômetros.
“As fronteiras dessa região foram muito mal demarcadas. A briga entre os países sempre existiu, mas as mortes agravaram a situação”, explicou Fausto Godoy, coordenador do Núcleo de Estudos e Negócios Asiáticos da ESPM. “O cessar-fogo de 1962 estabelecia que Índia e China nunca mais trocassem tiros e o que vimos nessa semana foi uma briga de socos, militares caindo montanha abaixo”, explicou Godoy, que é diplomata e serviu como embaixador do Brasil no Paquistão e Afeganistão.
O que entre Índia e China nesta semana?
É bem verdade que a tensão entre tropas chinesas e indianas já vinha aumentando há alguns meses e incidentes são comuns, embora há anos não tenham resultado em fatalidades. Em 2017, os países passaram 72 dias em confronto na área de Doklam, na fronteira entre China, Índia e Butão. Há cerca de dois meses, no entanto, passaram a militarizar ainda mais a região.
Nesta semana, a situação explodiu. De acordo com informações do jornal Financial Times, o confronto aconteceu em uma passagem estreita, íngreme e de alta altitude. A violência envolveu o uso de armas improvisadas. Segundo autoridades indianas, 20 dos seus militares foram mortos e alegam, também, que há vítimas do lado chinês, o que Pequim não confirma.
Do lado chinês, os soldados indianos são acusados de terem cruzado a fronteira por duas vezes. Já entre os indianos, esses alegam que apenas se defenderam das agressões inimigas. Oficialmente, no entanto, tanto o governo de Xi Jinping (China) quanto o de Narendra Modi (Índia) falam na busca de uma resolução pacífica para a questão.
Godoy chama a atenção para mais um componente que pode ajudar a explicar o aumento da tensão na região, o geopolítico. “Ambos países tem uma agenda comum no Brics e no G20. No entanto, hoje concorrem por influência na Ásia, querem se posicionar como líderes no mundo pós-Estados Unidos que está chegando”, explicou o diplomata. De um lado, portanto, está a China, potência econômica. Do outro, a Índia, uma potência tecnológica.
Quais as chances de um conflito maior entre as potências?
Para Godoy, as chances de um conflito maior e uma deterioração ainda mais severa dos laços entre os países não é provável. “Acredito que teremos um bate-boca inflamado, mas haverá um momento de sensatez”, explicou o diplomata. Nesse sentido, é possível que uma mediação conduzida por outra potência próxima da região, como a Rússia, poderia ajudar acalmar os ânimos. “Ninguém tem interesse que ocorra um conflito dessa gravidade”, notou.
Por Gabriela Ruic
Publicado em: 17/06/2020 às 17h00
Alterado em: 17/06/2020 às 22h06
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CRISE ENTRE TURQUIA E RÚSSIA
Crise entre Turquia e Rússia na Síria é tema de encontro em Moscou
Relação entre os aliados azedou e será tema de reunião nesta quinta-feira, quando discutirão os ataques russos que mataram militares da Turquia na Síria
Ainda que ambos os lados estejam dispostos a sentar para negociar, como é o caso da cúpula desta quinta-feira, o clima na sala será de tensão e incerteza. De um lado, Erdogan quer tornar Idlib uma área para a qual os milhões de refugiados sírios vivendo na Turquia possam voltar, desenhando um outro tipo de zona de controle na região. Isso contrasta, e muito, com os planos de Putin, que quer devolver a Assad o controle sobre todo o país.
O temor, agora, é o de que um desentendimento dê margem para um embate direto entre os países. E isso é algo que traria consequências imprevisíveis. Especialmente porque a Turquia é um país-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A aliança militar reúne Estados Unidos e países da União Europeia e pressupõe a proteção dos seus membros.
Fonte Exame março 2020
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CHINA CONSEGUIU SER O PAÍS MAIS ODIADO
PELO MUNDO, EM 2020
Estados Unidos e China agora vão além de ameaças comerciais belicosas e trocam "golpes" regulatórios que poderiam afetar uma ampla gama de setores, como tecnologia, energia e viagens aéreas. Ambos os países colocaram empresas em suas listas negras, proibiram voos e expulsaram jornalistas. O conflito começa a deixar empresas nervosas, pois o cenário comercial pode mudar.
Existem muitos setores que empresas americanas fizeram apostas de longo prazo no futuro da China, porque o mercado é muito grande e promissor, disse Myron Brilliant, - resp. Assuntos Internacionais Câmara Comercial dos EUA. "Agora estão reconhecendo do risco", enfatiza.
A China vai tentar evitar medidas que possam sair pela culatra, disse Shi Yinhong. - Assessor gabinete China e prof. relações internacionais da Univ.Rnmin-Pequim.
Quaisquer sanções contra empresas americanas seriam um último recurso, porque a China precisa desesperadamente de investimentos estrangeiros de países ricos por razões econômicas e políticas - diz ele.
No entanto, a pressão deve aumentar antes das eleições nos EUA em novembro 2020. O presid Trump e o candidato democrata Joe Biden vão disputar quem adotará a linha mais dura contra a China.
Trump culpa a China por encobrir a pandemia de coronavirus, que ele ridicularizou como kung flu. Acusou o governo de Pequim de "espionagem ilícita para roubar nossos segredos industriais e ameaçou que os EUA poderiam buscar uma desvinculação completa com a
China.
Biden, da mesma forma, classificou a detenção em massa de muçulmanos uigures como injustificável e acusou a China de práticas comerciais predatórias.
E, no Capitólio, republicanos e democratas encontraram um raro ponto em comum em sua oposição à China.
Congressistas estão ansiosos pra tomar medidas contra o governo de Pequim por sua condução no combate à Covid 19, transferências forçadas de tecnologia, violações dos direitos humanos e controle sobre Hong Kong.
A China será um saco de pancadas na campanha, disse Byron Callan, da Capital Alpha Partners. "Mas a China é um saco de pancadas que pode revidar".
A China negou repetidamente as acusações dos EUA em relação à sua abordagem sobre a pandemia, uigures, Hong Kong e comércio. E criticou o governo Trump por minar a cooperação global e tentar iniciar uma nova guerra fria. O ministro de Relações Exteriores da Chia, Wang Yi, disse no mês passado que a China não tinha interesse em substituir os EUA COMO POTÊNCIA HEGEMÔNICA, acrescentando que os EUA deveriam abandonar sua ilusão de mudar o país.
Um dos pontos de maior conflito tem sido a campanha do governo Trump para conter o avanço da Huawei, procurando limitar os negócios da empresa nos EUA E PRESSIONANDO ALIADOS A EVITAREM OS EQUIPAMENTOS DO GRUPO CHINÊS em suas redes.
(Acusam de espionagem)
A Huawei foi incluida em uma lista do Pentágono divulgada na semana passada de empresas que pertenceriam ou seriam controladas pelas Forças Armadas da China, o que poderia resultar em maior escrutíno. O Ministério de Rel.Ext. de Pequim acusou o
governo Trump de Violar o próprio princípio da economia de mercado defendido pelos EUA.
"A China pede que os EUA parem de suprimir as empresas chinesas sem motivo e proporcionem um ambiente justo e não discriminatório para empresas chinesas"...
As empresas ainda são atraídas para a China e seu enorme mercado doméstico - e as tensões com os EUA não tiram o apelo da superpotência asiática. Apenas 20% das empresas pesquisadas pela Câmara de Comércio Americana na China no final do ano passado disseram ter se mudado ou que pensavam em mudar algumas operações para fora do país, parte de uma tendência de queda de três anos.
Mas a pandemia de coronavírus levou posteriormente mais empresas a considerarem os riscos de confiar demais em qualquer país para suas cadeias de suprimentos, em meio a preocupações sobre transferências forçadas de tecnologia, custos e tensões crescentes que poderiam diminuir os investimentos na China.
A China não é mais o fabricante de menor custo, e as empresas estão mais relutantes em investir no país, disse James Lewis, diretor do Programa de Política Tecnológica do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington. "Todos gostariam de estar no mercado chinês - todo mundo quer que seja como 2010 -, mas as coisas estão mudando."
Fonte 2020 Bloomberg L.P
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As relações dos países ocidentais com a China estão se deteriorando cada dia mais. E chegam, ainda, notícias de novos vírus descobertos na China, para piorar as expectativas do mundo com relação ao país de maior população do mundo.
E, para piorar, especialistas em análise de política internacional prevêm a possibilidade de em 2023 ou 2024 haver uma terceira grande guerra, tendo como polos conflitantes os EUA E A CHINA, claro, cada qual com os países que se alinham a eles.
Este é o triste cenário internacional de julho de 2020.
Vídeo sobre movimento de tropas russas, recente. Veja no link abaixo,
https://youtu.be/0vLbmJdRE6A?t=106
https://youtu.be/0vLbmJdRE6A?t=106
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