Renúncia
Lucas 9:62 - E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus.
Amados em Cristo Ressuscitado,
Quem ouve a voz de Cristo, quem atende ao Seu chamado e inicia em fazer a obra de Deus neste mundo, nunca poderá voltar atrás em sua decisão.
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Jesus é quem te ama e te quer bem, é o seu escudo...
Louve ao Salvador
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Ninguém ó obrigado a aceitar o chamado de Cristo em sua vida, mas a partir do momento em que iniciar seu ministério, não tem mais a opção de voltar atrás.
Jesus foi bem claro sobre a irrevogabilidade do ministério de seus cooperadores,
Lucas 9:62 - E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus.
Jesus disse claramente que se alguém lança mão do arado, isto é, começa a arar a terra para semear a Palavra de Deus, começa a preparar a terra e a semeadura, mas hesita e olha para trás, não persevera no seu ministério para o qual foi chamado pelo próprio Cristo, então se torna inapto para o reino de Deus.
Ou,
Perde sua salvação. Quem não é apto para o reino de Deus estará alijado da ressurreição e vida eterna prometidas por Cristo.
Misericórdia.
Jesus diz, "Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei"...
Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. - (Mateus 11:28-30).
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. - (Mateus 11:28-30).
E prossegue dizendo,
"Submetam-se ao meu jugo e aprendei comigo mansidão e humildade, e encontrareis descanso para as vossas almas sofridas". "Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve"!.
Então, quando aceitamos este convite de nosso eterno mestre, estaremos nos submetendo ao Seu jugo, mas não por alguns dias ou meses. Devemos ter consciência que estaremos em submissão a Cristo por toda nossa vida, que teremos que perseverar em servir a Cristo, sem hesitar ou retroceder.
E, ir aprendendo com Ele, dia após dia, aprendendo mais e mais, mergulhando cada dia mais fundo no oceano do Espírito Santo.
Não há como pegar no arado e depois olhar para trás e dizer, "chega, estou cansado, estou desanimado, estou deixando de servir a meu Salvador, estou voltando a ser servo do mundo, e, consequentemente, de seu dominador, o diabo.
Pois, tal retrocesso retira o cristão do jugo suave de Cristo, e o leva diretamente para as garras cruéis do diabo, que certamente destruirá aquela vida e arrastará aquela alma para as trevas eternas.
Então, quando chegar às margens do oceano do Espírito, queimem seus navios. Não ha volta, jamais.
Com Cristo é vencer ou vencer!
Amém?
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Vá louvando, vá rompendo em fé!
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Abaixo, um conto de Malba Tahan, do livro Lendas do Céu e da Terra, onde o autor nos alerta para esta condição de não haver possibilidade de retroceder quando nos tornamos obreiros fiéis de Cristo.
QUEIMANDO OS NAVIOS
Quando Fernando Cortez, no ano de 1519, aportou às praias mexicanas, com algumas centenas de soldados, perguntou aos seus guerreiros quais os que desejavam regressar à pátria, receosos das lutas que os esperavam em terras incógnitas. Ninguém se apresentou. Então mandou o arrojado aventureiro lançar fogo às naus em que tinham vindo, reduzindo-as a cinzas, a fim de cortar rente toda e qualquer esperança de regresso ou de fuga. Agora era vencer - ou morrer.
É o que deve fazer todo apóstolo de Cristo: queimar logo os seus navios! Não pensar jamais no regresso! A sua vida está definitivamente e irrevogavelmente entregue à discrição de seu divino soberano. Então só há o vencer - ou morrer!
"Quem empunhar o arado e olhar para trás não presta para o reino de Deus".
"Deus - diz Lacordaire - é o mais popular de todos os seres. O pobre o chama, o moribundo o invoca, o perverso o teme, o homem virtuoso o bendiz. Não há lugar, tempo, ocasião ou sentimento onde Deus não apareça e não seja adorado. A cólera julga atingir sua expressão suprema amaldiçoando esse nome adorável e a blasfêmia é, ainda, a homenagem de uma fé que se revela esquecendo-se".
Ó misericordioso Deus, enche os nossos corações, pedimos-Te, com s virtudes do Teu santo espírito, com o amor, o regozijo, a paz, a longanimidade, a mansidão, a bondade, a fé, a temperança.
Ensina-nos a amar aos que nos odeiam; a orar pelos que nos maltratam; para que sejamos Teus filhos, ó misericordioso Deus!
Malba Tahan
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CONCLUINDO
Uma coisa é citar uma ação de um homem, outra coisa é crer que ele foi um bom cristão, que ele fez alguma coisa útil e agradável a Deus.
Cortês entrou para a história como um destruidor, um conquistador assassino movido pela sede de ouro e riquezas.
A citação de sua ordem ousada não o eleva ao rol dos grandes heróis da humanidade, na verdade seu legado é terrível, tendo exterminado diversas civilizações americanas na região do México, peru e arredores. No final desta postagem colocarei uma biografia de Hernán Cortês, o conquistador espanhol cujo nome está escrito na historia com sangue e lágrimas.
Contudo, o ato de queimar os navios, impossibilitando a volta à condição ou lugar anterior nos serve sim como exemplo para quem vai tomar uma decisão irrevogável.
Destruir o transporte que nos trouxe até ao lugar distante acaba com qualquer esperança de retorno, significando que ali onde chegamos temos que persistir até o fim, vencendo ou morrendo.
Daí, ter Malba Tahan feito tal comparação, a de que o cristão deve "queimar seus navios", perseverando no novo mundo que é Cristo, e abandonando definitivamente qualquer ideia de voltar ao velho mundo de onde foi resgatado por nosso Deus.
Se chegou a Cristo e a Ele se converteu, saiba que não haverá possibilidade de volta à condição anterior, pois tal atitude significará ser visto por Cristo como inapto ao reino de Deus!
Qual seria a atitude correta de um cristão firmado na rocha inabalável que é Cristo?
Revestir-se de toda a armadura de Deus, fortalecendo-se na oração e na interseção pelas almas.
Amém?
Que o Espírito Santo fale mais e melhor no coração de todos vocês.
Missionário Virtual Geraldo de Deus 2020maio,08
BIOGRAFIA DE HERNAN CORTEZ ou Fernando Cortez
E, por isso, resolvi regressar às civilizações pré-colombianas para amaldiçoar Fernando Cortez (ou Hernán Cortés).
Os portugueses nunca foram confrontados com mundos civilizados dotados de cultura superior à sua: coube aos espanhóis descobrir e destruir as grandes civilizações pré-colombianas.
Quatro dias depois de ter entrado na capital do Império Asteca, Tenochtitlán, a 12 de Novembro de 1519, Hernán Cortés - na companhia de Motecuzoma II - foi visitar o mercado e o templo de Tlatelolco, donde avistou o aspecto geral de toda a grande cidade, subúrbios e arredores: a beleza da cidade, das suas ruas principais e dos seus edifícios, dos seus jardins e das suas estradas, dos seus canais e do seu aqueduto, cativou-o de tal modo que enviou uma carta a Carlos V, onde afirma que os índios «vivem quase como na Espanha e com tanta ordem quanto nela».
De facto, nenhuma cidade de Espanha merecia ser comparada com Tenochtitlán, e, talvez apercebendo-se disso, Cortés compara-a com outras grandes cidades do mundo: «Havia entre nós soldados que estiveram em várias partes do mundo, em Constantinopla, em toda a Itália e em Roma, e eles disseram que jamais tinham visto um mercado tão bem organizado e ordenado, tão grande, tão repleto de gente».
Tenochtitlán era uma vasta aglomeração urbana, que, espalhando-se pelas margens do lago, englobava no centro do vale mais de um milhão de almas.
Em vez de tentar esboçar uma descrição da bela cidade lacustre do México, tarefa que levarei a cabo num outro texto, prefiro dar a palavra a Díaz del Castillo: «Para as refeições do grande Montezuma, os cozinheiros preparavam até trinta tipos de guisado... Quatro mulheres muito bonitas e muito limpas estendiam-lhe uma espécie de gomil... De vez em quando, traziam-lhe taças de ouro fino com chocolate...
Haveria tantas coisas para descrever que não sei por onde começar, mas posso perfeitamente dizer que estávamos muito espantados perante a ordem e a abundância que reinavam em tudo».
A seguir Díaz del Castillo descreve os edifícios reais: «Motezuma dispunha de um edifício especial para armazenar as suas armas, de que existia uma grande quantidade, a maior parte das quais ornamentada com ouro e pedrarias. Outra construção era reservada aos pássaros... em outro edifício viviam animais selvagens, jaguares, leões, chacais, raposas na companhia de numerosos ídolos... O grande Motezuma dispunha de um grande número de dançarinos e malabaristas... Há que falar também dos talhadores de pedra, dos pedreiros e marceneiros... sem esquecer os numerosos jardineiros que mantinham jardins repletos de árvores odoríferas e de flores».
O luxo da Corte de Motezucoma reflecte, como é evidente, uma evolução do poder para a teocracia. Porém, o que mais impressionou os conquistadores foi, além da ordem e da abundância que reinavam nos domínios do grande Motecuzoma II, a sua riqueza banhada de ouro. Mas esta cobiça pelo ouro não os impediu de reconhecer o esplendor da cidade do México, descrita como «uma cidade digna do livro de Amadis», «uma praça três vezes maior do que a de Salamanca» ou «uma cidade mais bela do que Granada ou Veneza». Tal como os gregos e os romanos, os astecas tinham consciência do valor da sua cultura e da sua superioridade sobre os restantes povos índios. Com excepção de certas tribos da costa do golfo que tinham alcançado um nível de desenvolvimento cultural equivalente ao seu, os astecas da época clássica - entre 1430 e 1520 - opunham a sua civilização à barbárie, conscientes de que o seu povo tinha partilhado - algures no passado próximo - com os bárbaros um estilo de vida arcaico e primitivo que superou quando se tornou herdeiro das antigas civilizações do planalto (Tula e Teotihuacán), onde fundou a cidade do México, a capital de um vasto império em expansão.
Em 1502, Cristóvão Colombo passou ao largo de Yucatán, tendo encontrado uma canoa maia carregada de tecidos, cacau e machados de cobre, mas continuou a sua viagem sem ter explorado a costa mexicana. Porém, em 1522, uma caravela que fazia a rota do Golfo de Darien a São Domingos foi lançada por uma tempestade nas costas de Yucatán. Da sua tripulação sobreviveram ao naufrágio e ao cativeiro maia apenas dois espanhóis: Aguilar e Guerrero.
Aguilar foi libertado por Cortez oito anos mais tarde, e Guerrero, casado com uma nobre maia, recusou auxiliar Cortez na conquista do México, tendo terminado os seus dias como cacique indígena. Em 1517, partiu de Cuba uma expedição com três navios, sob comando de Francisco Hernández de Córdoba. Embora tenham entrado em contacto com os maias de Yucatán e de Campeche, os espanhóis foram severamente repelidos e obrigados a reembarcar.
Dos 110 homens que tinham partido para a descoberta, 57 morreram nessa aventura, incluindo o capitão.
Os sobreviventes descreveram Yucatán - que pensavam ser uma ilha - como um mundo novo, mais povoado, rico e civilizado que as Antilhas. Em 1518, Juan de Grijalva, no comando de quatro navios, descobriu a ilha de Cozumel, costeou o litoral de Yucatán e, a seguir, o litoral do golfo do México. E, prosseguindo na rota de Tabasco até Tuxpan, deixou o território maia e entrou, pela primeira vez, em contacto com províncias do Império Asteca: os indígenas mexicanos foram amistosos e enviaram presentes aos espanhóis - objectos de ouro, pronunciando muitas vezes a palavra México, cujo sentido era ignorado pelos conquistadores.
A 10 de Fevereiro de 1519 Fernando Cortez partiu de Cuba com 11 navios, levando consigo 508 soldados sem contar com os tripulantes, marinheiros e pilotos que eram 109, 16 cavalos e burros e 14 peças de artilharia. Cortez ouviu falar pela primeira vez de Motecuzoma II entre os maias do Tabasco: Díaz del Castillo conta que alguns soldados da primeira viagem realizada com Francisco Hernández de Cordoba ouviram os índios de Campeche gritar, ao vê-los: "Castelhanos!". Este facto que intrigou Cortez acabou por ser clarificado quando, em Yucatán, se encontrou com Jerónimo de Aguiar e Gonzalo Guerrero, dois espanhóis que viviam na região, «escravos dos caciques».
A 15 de Maio de 1519 os caciques do Tabasco brindaram os espanhóis com presentes, dos quais o mais valioso foram vinte mulheres escravas: Cortez atribuiu uma mulher a cada capitão, tendo dado a mais bela, viva e desembaraçada a Puertocarero, cavaleiro e primo do conde de Medellin.
Quando este partiu para Castela, Cortez ficou com Doña Marina. As origens da jovem índia não são bem conhecidas: o que se sabe é que ela era nobre e de origem nahuatl, refém dos maias. Doña Marina, que em nahuatl se chamava Malinnalli (Malinche), tornou-se companheira de Cortez, como se fosse o seu duplo, mãe do seu filho Don Martín Cortez, o primeiro mestiço a desempenhar um papel importante na história do México, e fiel colaboradora do conquistador. Do seu nome derivou o termo "malinchismo", cuja melhor tradução seria "colaboração".
Mais tarde Motecuzoma II irá chamar a Cortez "Malinche" - "o que possui Malinnali". Para todos os efeitos, antes de empreender a marcha para a capital asteca, Cortez já dispunha de um duplo trunfo: Aguilar, que falava maia e espanhol, e Marina que, além de ter aprendido a falar espanhol, falava maia e nahuatl.
Com efeito, quando chegou ao lugar da futura Veracruz em Abril de 1519, Cortez foi visitado pelo calpixqui asteca da província de Cuetlaxtlan, que, em nome de Motecuzoma II, lhe ofereceu víveres, magníficas e luxuosas peças de vestuário de algodão e plumas e jóias de ouro.
Conversando com os senhores astecas através dos intérpretes Aguilar e Marina, Cortez tomou consciência da imensa riqueza do Império.
Além disso, após ter sido recebido com entusiasmo pelos totonaques na sua capital Cempoala, Cortez descobriu que alguns povos submetidos ao Império odiavam mortalmente os astecas.
Em Agosto de 1519, Cortez iniciou a sua marcha em direcção ao planalto Central, onde se situava a capital asteca, levando consigo 13 mil soldados e carregadores.
Na fronteira de Tlaxcala, os espanhóis (2 de Setembro de 1519) depararam-se com a resistência feroz dos tlaxcaltecas e dos seus aliados, os otomi, mas depois de muitos dias de combate a aristocracia tlaxcalteca decidiu aliar-se aos poderosos estrangeiros contra o seu inimigo secular asteca.
A partir desse momento a conquista do México tornou-se um empreendimento hispano-tlaxcalteca.
A seguir a coluna espanhola reforçada pelos contingentes de Tlaxcala dirigiu-se para Cholula, onde massacrou 6 mil índios, e, depois de penetrar entre os vulcões, entrou no vale central. Cortez e a sua coluna passaram a noite em Iztapalapan numa residência senhorial e, no dia seguinte, atravessaram a passagem elevada que ligava a costa meridional à bela cidade lacustre, Tenochtitlán. Acompanhado pela sua corte, em especial pelo rei de Texcoco, Motecuzoma II recebeu Cortez à entrada da cidade, dirigindo-lhe estas palavras: «Senhor, estais esgotado, cansaste-vos bastante, eis-te agora no país (que é teu).
Entrais finalmente na vossa cidade do México. Viésteis aqui para ocupardes o trono, sob o pálio real. Oh! durante um curto espaço conservaram-no, os que se foram embora, os vossos lugares-tenentes...»
Díaz del Castillo descreve o receio que se apoderou dos astecas quando Cortez quis abraçar Motecuzoma II, depois de lhe ter oferecido um colar de missanga: «Os grandes senhores que acompanhavam Motezuma seguraram-lhe o braço para que não o abraçasse, porque consideravam isso como rebaixante». O próprio Cortez confirma isso na segunda carta enviada a Carlos V: «Tirei um colar de pérolas e diamantes de vidro que levava e coloquei-o no pescoço dele... fui abraçá-lo, e os dois senhores que iam com ele agarraram-me com as mãos para que não o tocasse».
No dia 8 de Novembro de 1519, os conquistadores espanhóis instalaram-se no antigo palácio de Axayacatl e, com eles, uma estranha situação de angústia que duraria oito meses.
- Em primeiro lugar, temos as causas militares: Apesar do seu reduzido número, os espanhóis dispunham de uma superioridade esmagadora sobre os astecas em termos de armamento. O ouro - a idolatria do bezerro de ouro - era a única política de Cortez quando partiu para a conquista da cidade do México, e, para se apoderarem desse metal precioso e enviá-lo para a corte de Carlos V, os espanhóis dispunham de armas e couraças de ferro, arcabuzes e canhões, caravelas e cavalos. Privados desse armamento sofisticado, os guerreiros astecas - formados na guerra florida - lutavam armados com espadas de obsidiana, arcos e flechas com pontas de sílex, escudos redondos e capacetes de materiais leves, geralmente de madeira ou de junco, e túnicas estofadas de algodão, deslocando-se a pé ou de canoa. Não admira que os astecas tenham ficado intimidados quando avistaram pela primeira vez estes estranhos forasteiros que julgaram ser enviados pelos deuses para retomar o trono que pertencia a Quetzalcoatl. Os astecas já tinham conhecimento do descobrimento e da rápida destruição das Antilhas em 1492, quer através do testemunho dos mercadores, dos cobradores de impostos, dos espiões ou das guarnições avançadas, quer através da experiência de avistar ao largo das costas «montes que flutuavam» e que naufragavam. Mas, quando finalmente conheceram os espanhóis, ficaram aterrorizados com a sua aparência, os barcos que traziam, os cães «enormes com olhos que espalhavam fogo» e com os canhões. Os supostos «seres divinos» andavam «escarranchados sobre os seus veados; assim escarranchados marchavam ao nível dos telhados e por todos os lados os corpos deles estavam envolvidos, só se lhes via aparecer a cara. Esta era branca, como se fosse cal... tinham cabelos louros, se bem que alguns o tivessem negros. A sua marcha inspirava terror a todos: eram aterradores, eram horríveis». A leveza dos guerreiros astecas contrastava fortemente com o pesado fardo carregado pelos espanhóis.
- Em segundo lugar, e esta é a principal razão do triunfo dos conquistadores, os astecas e os espanhóis não faziam o mesmo tipo de guerra: os espanhóis matavam os seus inimigos indígenas, tal como já tinham feito com os mouros, enquanto os astecas procuravam capturar os soldados espanhóis para depois os sacrificar. Como vimos, materialmente, os astecas lutavam com meios diferentes, muito mais leves do que os usados pelos espanhóis, e, no domínio social e moral, não encaravam a guerra da mesma maneira: «Ao ataque imprevisto, vindo de outro mundo, os (astecas) só puderam opor uma resposta absolutamente inadequada, tal como fariam os homens de hoje diante de uma invasão de marcianos» (J. Soustelle). Para os astecas, a guerra sagrada ou política encerrava-se numa rede de convenções, iniciando-se com conversações e terminando com negociações. O vencedor, favorito e instrumento dos deuses, tem todos os direitos, podendo aniquilar a cidade conquistada, deportar os seus habitantes ou massacrá-los e destruir o seu templo. No entanto, ele renuncia a esse direito total a troco de uma compensação: o tributo, pagamento pelo qual o vencido compra a sua existência, reconhecendo a supremacia de Uitzilopochtli e a de Tenochtitlán. Em troca desse reconhecimento, o vencedor asteca conserva as suas instituições, os seus ritos, os seus costumes e a sua linguagem, não sendo o império nada mais do que uma Liga de Cidades Autónomas. Os únicos soberanos indígenas que tentaram suprimir os Estados, destruindo a dinastia de Texcoco e o seu reino, foram o tirano de Azcapotzalco, Tezozomoc, e o seu filho, Maxtlaton, cuja lembrança era reprovada pelos índios do século XVI. Em 1428, os soberanos de Tenochtitlán e de Texcoco conseguiram abolir essa tirania, chamando para junto de si, a fim de partilhar com eles a hegemonia, uma cidade pertencente à tribo vencida, a cidade de Tlacopán. Deste modo, formou-se a Tripla Aliança, um pacto de aliança entre tribos irmãs, com a mesma origem e a mesma cultura, que, no reinado de Motecuzoma I e por iniciativa de Tlacaelle, selaram a Guerra Florida, cuja finalidade era apenas a de fazer prisioneiros nas lutas com as cidades de Tlaxcala e de Huexotzinco. Ora, a guerra florida foi duplamente responsável pela derrota dos astecas na luta contra os espanhóis: pela oposição entre a atitude dos dois exércitos e pela lassidão que contagiou os exércitos de Tlaxcala e de Huexotzinco, cansados de serem vencidos pelo poder asteca e dizimados pelos seus sacrifícios humanos. A guerra total empreendida pelos espanhóis não foi compreendida com suficiente presteza pelos guerreiros astecas: matar os prisioneiros no campo de batalha era uma prática estranha ao seu universo. Os invasores espanhóis não só violavam as regras tradicionais da guerra, tal como eram observadas pelos astecas, como também tentavam matar o maior número possível de guerreiros no campo de batalha. Em vez de negociar antes do conflito, os espanhóis faziam discursos pacíficos para depois massacrar subitamente os nobres astecas reunidos na praça da dança, situada no pátio do templo de Uitzilopochtli. Em vez de tentar fazer prisioneiros, os espanhóis matavam os inimigos no campo de batalha, enquanto os guerreiros astecas perdiam tempo a capturar soldados espanhóis e colaboradores indígenas para oferecê-los em sacrifício. Os espanhóis faziam uma guerra total, servindo dogmaticamente um só Estado - a monarquia de Carlos V - e uma só religião - o cristianismo, enquanto os astecas continuavam a fazer uma guerra florida, baseados numa tradição pluralista da ordem política e da ordem religiosa. Além disso, quando terminava um conflito, os espanhóis não discutiam com os astecas o montante do tributo a ser pago aos vencedores: a lógica espanhola era a lógica da conquista e não a lógica do tributo. O resultado fatal desta lógica da conquista foi o colapso total da civilização asteca: a destruição dos seus deuses e das suas crenças, a aniquilação das suas instituições políticas, a tortura infligida aos seus soberanos para lhes roubar os tesouros e o ferro em brasa da escravidão.
- A terceira razão prende-se com a epidemia de varíola que ocorreu na cidade sitiada pelas forças militares chefiadas por Cortez. A conquista espanhola dos vastos impérios asteca e inca foi facilitada pelo facto deles trazerem consigo, sem o saber, os germes de doenças que transformaram a sua conquista numa espécie de genocídio. O primeiro drama foi a invasão da varíola que se declarou em Hispânia em 1515, onde os indígenas sofreram pesadas baixas. O exército de reforço que Cortez desembarcou no México em 1520 levou-a com ele, transportada por um escravo negro do capitão Porfírio de Narvaez. Quando os astecas se livraram da ilusão divina para combater os espanhóis, a epidemia de varíola invadiu a cidade sitiada pelo exército de Cortez, semeando a morte entre os defensores e matando Cuitlahuac, o sucessor de Motecuzoma II: o desespero dos astecas diminuiu a sua combatividade. O facto da doença poupar os brancos foi usado para provar que os astecas tinham sido abandonados pelos seus deuses e que o Deus dos cristãos - sendo mais poderoso do que os deuses astecas - protegia os invasores. A partir do México a varíola invadiu a Guatemala e, em 1525, alcançou o Império Inca, muito tempo antes da chegada de Pizarro. A população do México em 1568 não era muito superior a três milhões de almas, mas, depois dessa epidemia, em 1620, ficou reduzida dramaticamente a um milhão e seiscentas mil pessoas. Bartolomeu de las Casas legou-nos a longa descrição das atrocidades cometidas pelos espanhóis sobre os índios, dando especial atenção à sua redução à escravatura.
- O facto religioso desempenhou um papel fundamental a favor dos espanhóis. Motecuzoma II julgou ter diante de si Quetzalcoatl de regresso ao México. Segundo a profecia, Quetzalcoatl prometera, ao deixar Tula, que voltaria num ano Ce-Acatl, "uma-cana", para reclamar o reino que lhe pertencia. Zelador de uma espiritualidade maior, de um verdadeiro humanismo, Quetzalcoatl tinha sido expulso por Tezcatlipoca, padroeiro dos guerreiros e dos sacrifícios, que empurrava a tribo para conquistas em terras cada vez mais afastadas e para rituais cada vez mais cruéis. A profecia de Quetzalcoatl ajuda a compreender a ambiguidade da conduta de Motecuzoma II: a sua hesitação em acreditar que os espanhóis fossem deuses e que Cortez fosse Quetzalcoatl, caso em que teria de renunciar ao seu reino e restituí-lo aos «conquistadores». Ora, dez anos antes da chegada dos espanhóis, o reinado de Motezucoma II tinha assistido a um número considerável de presságios que anunciavam o fim deste mundo, o primeiro dos quais foi o aparecimento de um enorme cometa de fogo durante muitas noites no céu: «Todas as pessoas gritavam e estavam assustadas; todos suspeitavam de que se tratava do sinal duma grande infelicidade». Gerou-se logo a seguir um incêndio no templo de Xiuhtecuhtli, sem trovão nem tempestade, e um cometa que se parecia com três estrelas atravessou o céu de ocidente para oriente. Sobre a laguna do México caiu uma tempestade gigantesca, e a água ergueu-se invadindo casas, sem que houvesse qualquer vento. Uma voz de mulher fez-se ouvir na terrível noite: «Oh meus filhos, estamos perdidos! Oh meus filhos, onde vos irei levar?» Porém, o sétimo sinal foi mais estranho do que os anteriores: uns caçadores capturaram na lagoa uma ave que tinha no meio da cabeça um espelho redondo em que se viam o céu e as estrelas. Quando a mostraram a Motecuzoma II, ele viu «uma multidão que estava completamente armada, com pessoas montadas em veados (cavalos)». Motecuzoma II pediu aos adivinhos que decifrassem o significado destes presságios, mas nesse preciso momento a ave desapareceu e alguns áugures foram sacrificados. Por fim, Motecuzoma II viu surgir diante de si criaturas monstruosas, como homens com duas cabeças ou dois homens ligados num só corpo (oitavo prodígio). Todos estes estranhos acontecimentos tinham uma conotação trágica e angustiante, na base da qual se encontrava a ideia de um contrato assinado entre os deuses e os homens: o descontentamento dos deuses podia mergulhar o mundo instável dos astecas nas trevas e, para adiar esse desfecho fatal, o número de homens sacrificados aumentou significativamente durante este período, de modo a alimentar os deuses com o seu sangue. Embora condenassem os sacrifícios humanos e a prática do canibalismo, os espanhóis souberam usar em proveito próprio a sua reputação divina. Díaz del Castillo conta que os espanhóis enterraram os seus cavalos «para que (os astecas) não vissem que éramos mortais». Ora, a morte do primeiro espanhol e a morte do primeiro cavalo - cuja cabeça foi colocada no tzompantli - marcaram o aparecimento das primeiras dúvidas entre os seguidores de Quetzalcoatl quanto à natureza divina dos conquistadores. Mas foi preciso esperar pelo grande massacre do templo, pelos combates de Junho e pela morte do imperador para que a vontade de resistência dos astecas se encarnasse na figura de Cuauhtemotzin. Porém, quando os astecas se libertaram da ilusão divina, já era demasiado tarde, até porque os espanhóis contavam com a ajuda - homens e recursos - de diversas tribos indígenas, cujos membros temiam - segundo Díaz del Castillo - ser comidos. Além desta psicose do terror ou deste pânico de ser comido, há, no entanto, um episódio digno de ser recordado: a alegria exibida pelos espanhóis perante o ouro mostrou aos astecas que eles eram mortais: «Grande foi a sua alegria, ficaram encantados (quando Motecuzoma II lhes enviou presentes). Como se fossem macacos, erguiam o ouro às mãos cheias, depois sentavam-se frementes de prazer... provavelmente respiravam-no com uma sede furiosa. Os corpos deles dilatavam-se nesta busca, tinham uma fome frenética. Como certos esfaimados, agarravam-se ao ouro com furor».
- Finalmente, temos as causas políticas. É um facto incontornável que a inteligência maquiavélica de Cortez desempenhou um papel crucial na conquista do México. Cortez era não só um grande estratega militar, como também um grande político e um grande diplomata. Díaz del Castillo retratou-o nestes termos quando Cortez prosseguia na marcha triunfal para a capital do México: «Estava abençoado pelo Céu e conseguia levar a bom termo tudo o que empreendia, especialmente a pacificação». Com efeito, a diplomacia de Cortez, o seu sentido das relações de forças e a sua habilidade política faziam tender em seu proveito os rancores e as ambições dos indígenas contra a capital asteca. Cortez compreendeu desde o início que o império asteca não lhe opunha uma frente unida: os povos dominados por Motezucoma II estavam cansados de entregar a sua riqueza ao soberano e os filhos aos deuses astecas. O pânico de ser comido de que fala Díaz del Castillo é descrito pelo Conquistador Anónimo, soldado e não frade, nestes termos: «Todos os habitantes desta província do Nordeste e igualmente os das províncias em redor comem carne humana, e interessam-se mais por ela do que por outro alimento qualquer, a tal ponto, que muitas vezes vão para a guerra e põem a vida em perigo só para matar alguém que possam comer». Ciente deste ódio que os indígenas nutriam pelo império asteca, Cortez soube, em nome da pacificação, fazer duas diplomacias paralelas, uma com os astecas e o seu imperador Motezucoma II e outra com os seus aliados indígenas, ao mesmo tempo que executava o seu plano estratégico de conquista. Na segunda Carta dirigida a Carlos V, Cortez deixa transparecer a natureza da sua diplomacia: «Disseram-me (os habitantes de Cempoala) que queriam ser vassalos de Vossa Majestade, e seus amigos, e que me pediam para os defender do grande senhor que os governava à força e com tirania, e que ficava com os filhos deles para os matar e os sacrificar aos seus ídolos». Apesar da ambiguidade da sua conduta em relação aos espanhóis, Motezucoma II tentou mais de uma vez dissuadi-los de entrar na cidade do México, enviando múltiplas embaixadas, algumas das quais imbuídas de "más" intenções. O Codex Ramírez conta que Cuitlahuac aconselhou o imperador a não acolher os espanhóis, dizendo-lhe: «Oxalá os nossos deuses não permitam que deixeis entrar os que vos expulsarão e vos tomarão o vosso reino, e quando quiserdes remediar o mal, será tarde». Estas palavras proféticas de Cuitlahuac não foram escutadas por Motezucoma II, que, apesar da sua inquietação, decidiu receber, albergar e festejar os espanhóis. Díaz del Castillo resume assim a intenção "oculta" do imperador: «Motecuzoma pedira o conselho do seu Huichilobos, dos seus papas e capitães e todos o aconselharam a deixarem-nos entrar na cidade para que os matássemos todos à vontade». Os códices não permitem apurar a verdade deste enunciado de Díaz del Castillo: o que sabemos ao certo é que foram os sucessores de Motezucoma II que protagonizaram a resistência contra a conquista espanhola. Os povos de Tlaxcala e de outras cidades que se aliaram aos espanhóis na conquista da cidade do México, pensavam que se tratava de mais um episódio na luta entre Estados combatentes, uma luta em tudo semelhante à luta que tinha derrubado a tirania de Azcapotzalco. O que eles não compreenderam na altura é que a queda do império asteca arrastaria as suas próprias cidades, trazendo a destruição da sua religião e a ruína da sua cultura. A guerra total levada a cabo pelos espanhóis, com a ajuda dos seus colaboradores indígenas, visava unicamente destruir a religião indígena em proveito da sua própria religião, e eliminar o Estado asteca em proveito do seu soberano Carlos V: o que movia os espanhóis não era o desejo de cobrar impostos aos vencidos, mas sim a vontade de apoderar-se de todas as suas riquezas e de reduzi-los à escravatura.
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